Operação Formosa 2024: imprescindível para a defesa da Nação
ROBERTO ROSSATTO — Vice-almirante (fuzileiro naval), comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra
Em setembro, as Forças Armadas realizam a tradicional Operação Formosa, o maior treinamento militar do Planalto Central. A poucos quilômetros do Distrito Federal, o Campo de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás, receberá mais de 3 mil militares, sendo 2.500 da Marinha do Brasil (MB), 600 do Exército Brasileiro (EB) e 70 da Força Aérea Brasileira (FAB). Esses militares atuarão de forma conjunta, simulando as diversas fases de uma operação anfíbia, considerada a mais complexa das operações militares.
Nos últimos 20 anos, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas têm atuado nas mais variadas atividades previstas em leis, como as operações de apoio à Defesa Civil, no Rio Grande do Sul, na Baixada Fluminense, no Litoral Norte de São Paulo e em Petrópolis; a Operação Covid-19, que chegou a mobilizar diariamente mais de 34.000 militares; as operações de paz, no Haiti e no Líbano, e a Operação Acolhida, na fronteira com a Venezuela; além de grande quantidade de operações de garantia da lei e da ordem (GLO).
Além disso, foram realizadas inúmeras outras ações sociais e humanitárias, de apoio ao desenvolvimento, atendimento de saúde às populações mais remotas, transporte de órgãos e combate a crimes transnacionais. Atividades realizadas constantemente nos mais longínquos rincões do Brasil, onde o braço do Estado só consegue alcançar, por meio das suas Forças Armadas.
No entanto, apesar da relevância de todas essas atividades, a principal atribuição constitucional das Forças Armadas é a defesa da Pátria. O preparo conjunto da MB, EB e FAB para o desempenho de tal missão é crucial e deve ser fomentado continuamente. Neste contexto, a realização da Operação Formosa 2024 representa, juntamente com outros treinamentos anuais conjuntos, um compromisso das Forças Armadas brasileiras com a nação. Uma pronta resposta de que essas instituições militares devem estar sempre treinadas e bem equipadas para exercerem suas atividades-fim de defesa da nossa soberania.
A Operação Formosa, realizada desde 1988, pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil, completa 36 anos de existência. Nos últimos anos, sua importância vem aumentando significativamente, tanto no cenário nacional, como no internacional. Desde 2021, o exercício passou a contar com uma expressiva fase conjunta, com crescente participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
Além disso, a qualidade do treinamento realizado vem alcançando forte repercussão internacional. Para este ano, já estão confirmadas as presenças de representantes de 12 países, incluindo África do Sul, Argentina, China, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México, Nigéria, Paquistão e República do Congo. Para o CFN, a Operação Formosa sempre teve importância vital.
De acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END), o CFN, como parcela intrínseca da Marinha, constitui força estratégica, de caráter anfíbio e expedicionário, deve permanecer em permanente condição de pronto emprego, de modo a ser desdobrado onde ditarem os interesses nacionais. Em 2022, sua Força de Reação Rápida foi certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como nível 3 de prontidão para as Operações de Paz, o mais elevado nível operacional para aquela organização, tornando-se assim a primeira do País a atingir tal certificação, sendo atualmente a única disponível no mundo.
Uma das mais importantes características da Operação Formosa é justamente o realismo do treinamento. Todos os armamentos são utilizados, de forma intensa, simultânea e integrada, com munição real, marcando o profissionalismo das tropas.
Podem ser observados, de perto, o emprego de carros de combate (disparando com seus canhões), veículos blindados e Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) (efetuando disparos de metralhadoras e lança granadas), aviões e helicópteros (lançando bombas e atirando com metralhadoras), Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), obuseiros de artilharia, Lançadores Múltiplos de Foguetes Astros, infiltração de paraquedistas, montagem de Unidade Avançada de Trauma (UAT) com telemedicina, posto de descontaminação Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), laboratório móvel de detecção de agentes químicos, dentre outros meios de combate, deslocados do Rio de Janeiro, percorrendo mais de 1.400 km.
Assim, a Operação Formosa 2024 permitirá treinar os militares das três Forças Armadas brasileiras no emprego combinado de armas, manobras táticas, fogos de artilharia e operações aéreas e especiais, contribuindo fortemente para a interoperabilidade entre as forças e assegurando sempre o melhor preparo para a defesa do nosso país.
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Brasil faz reunião do G20 sobre agro “sustentável” em cidade coberta por fumaça
Uma reunião promovida pelo G20 em Mato Grosso que tinha como um dos seus objetivos servir como vitrine do agronegócio sustentável do Brasil está tendo como pano de fundo uma tragédia climática de dimensões históricas.
O Brasil realiza, desde ontem (10/9), um encontro de ministros da agricultura de países do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. O encontro foi levado para o um resort às margens do Lago de Manso, no município de Chapada dos Guimarães, um conhecido destino turístico de Mato Grosso.
O Estado é dono da maior produção de grãos e do maior rebanho bovino do país. O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, deixou claro o que esperava da reunião.
“Vamos mostrar nosso potencial em produzir alimentos de forma sustentável”, disse na segunda-feira (9/9).
Mas a área onde a reunião acontece é uma das muitas do país que está encoberta por fumaça devido às queimadas recordes que atingem o país neste ano.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mato Grosso é o campeão no ranking de focos de incêndio neste ano e imagens de satélite vêm mostrando nos últimos dias que enormes partes do Estado, inclusive a região de Chapada dos Guimarães, estão sofrendo com os efeitos das queimadas.
Segundo oficiais do governo, parte considerável desses incêndios está relacionada com o aumento da área de pastagens ou abertura de novas fronteiras agrícolas em biomas como o Pantanal, Cerrado e Amazônia.
De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a ocorrência de tantas queimadas na região escolhida para ser a vitrine do agronegócio brasileiro compromete a imagem do Brasil no exterior e serve de alerta. Moradores da cidade onde o evento está sendo realizado dizem esperar medidas para evitar a repetição do cenário atual.
Bombeiros de Mato Grosso atuando em queimadas. Estado é o campeão de queimadas em todo o Brasil. Inpe indica aumento de 215% no número de queimadas neste ano em relação ao ano passado
“Vimos à fumaça cobrir a cidade inteira”
De acordo com o governo brasileiro, os principais tópicos da reunião de ministros da agricultura do G20 em Mato Grosso serão: sustentabilidade nos sistemas agroalimentares; ampliação do comércio internacional para a segurança alimentar e nutricional; reconhecimento da agricultura familiar e o papel de camponeses e povos originários para sistemas alimentares; e promoção da integração da pesca e aquicultura nas cadeias globais.
Mato Grosso foi cuidadosamente escolhido pelo governo brasileiro para sediar a reunião de ministros da agricultura do G20, segundo Carlos Fávaro.
Fávaro, que é deputado federal eleito pelo Estado, disse que Mato Grosso seria uma espécie de “símbolo” do modelo de agricultura do país.
“Estamos no Estado com a maior produção agropecuária do Brasil, o maior rebanho bovino do Brasil […] mas que é o símbolo da preservação ambiental”, disse Fávaro durante a abertura da reunião na terça-feira (10/9).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado tem o maior rebanho bovino do país, com 34 milhões de cabeças de gado. Além disso, é o maior produtor de soja, milho e algodão.
Especialistas em agronegócio colocam o Estado como o “celeiro” do Brasil.
Por outro lado, o Estado aparece como o segundo maior desmatador da Amazônia (atrás apenas do Pará) no período entre 2022 e 2023.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), neste intervalo, o Estado perdeu 2 mil quilômetros quadrados de florestas, uma área maior do que a da cidade de São Paulo.
A situação em 2024 aponta a permanência de um cenário ambiental e climático dramático.
O Estado é o campeão nacional em número de focos de incêndio com 36,4 mil registros entre o início do ano e segunda-feira (9/9), de acordo com o Inpe.
É o maior número para o mesmo período desde 2007. Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 215%, praticamente o dobro do crescimento médio registrado no país, que foi de 107%.
O município de Chapada dos Guimarães, onde a reunião do grupo de trabalho está sendo realizada, vem sendo pesadamente atingido pelas queimadas.
Nos últimos dias, brigadistas e bombeiros se mobilizam para controlar duas frentes de incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, um dos maiores do Brasil.
Na semana passada, as duas frentes estavam prestes a se juntar, desafiando o trabalho das equipes lideradas pelo Instituto Chico Mendes de Meio de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Em nota enviada à BBC News Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o órgão disse que o ICMBio vem combatendo os incêndios no parque com 54 pessoas, entre brigadistas, funcionários do parque, voluntários e um avião.
O parque fica a cerca de 40 km da sede do município de Chapada dos Guimarães.
Mesmo defendendo a escolha do local para a reunião, Fávaro reconheceu que as delegações internacionais teriam sido impactadas pelas queimadas em seus trajetos entre Cuiabá e o resort onde o encontro está sendo realizado.
“Apesar das dificuldades momentâneas que o Brasil vive, com as queimadas, com a mudança do clima, vocês puderam perceber isso no transcorrer, na estrada. Mas é uma região em que o turismo é muito importante”, disse. Algumas das queimadas que atingem o Estado vêm afetando o tráfego em rodovias como a que conecta Cuiabá ao local da reunião.
“Beleza virou carvão”
Moradores de Chapada dos Guimarães ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que não foram apenas os membros das delegações internacionais que foram afetados pelas queimadas.
“Aqui nós vimos a fumaça cobrir a cidade inteira. Isso afeta a vida dos moradores e também a economia local, já que alguns atrativos turísticos foram fechados devido aos incêndios”, disse a bióloga Juliana Bonanomi, que vive na cidade.
A antropóloga Suzana Hiroka disse ter visto impactos em diferentes áreas da cidade por conta das queimadas.
“Na saúde, as queimadas acentuaram as doenças respiratórias. Quem tem asma ou bronquite está muito mal. As pessoas têm muita dor de cabeça, rouquidão ou nariz escorrendo. As mulheres e crianças são muito afetadas”, disse.
Hiroka destacou ainda os efeitos das queimadas na economia da cidade.
“Chapada vive do turismo. As queimadas fizeram o parque fechar vários pontos. A cidade vivia da sua beleza cênica, mas agora, essa beleza virou carvão”, disse.
Cachoeira do Véu de Noiva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães fora da época de seca e queimadas. Queda d’água é um dos principais atrativos do parque
Contradição e oportunidade
O climatologista Carlos Nobre foi um dos autores do Quarto Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), que recebeu o Nobel da Paz em 2007, disse à BBC News Brasil que a realização da reunião dos ministros da agricultura do G20 é um momento de definição.
“Precisamos saber se o agronegócio vai continuar dizendo que não tem responsabilidade nenhuma no que está acontecendo no Brasil e no mundo ou se vamos ver alguma mudança nas políticas e uma indução de novas práticas que visem uma agricultura de baixo carbono”, disse à BBC News Brasil.
Segundo ele, historicamente, o agronegócio no Brasil tenta se eximir das responsabilidades pelas mudanças climáticas apesar de ser, na avaliação de Nobre, um dos principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa do Brasil.
Nobre afirmou que, em sua opinião, a realização desta reunião no atual contexto de queimadas fora de controle mancha a imagem do país.
“A imagem do país já está manchada porque todos os dados do Inpe apontam que essas queimadas foram causadas pela ação humana. Não estamos falando de descargas elétricas. Estamos falando de atividades criminosas”, disse o climatologista.
A diretora-executiva do Instituto Centro de Vida (ICV), Alice Thuault, disse à BBC News Brasil esperar que as condições nas quais a reunião acontece possa sensibilizar os participantes. O ICV é uma organização não-governamental que atua na defesa do meio ambiente em Mato Grosso há mais de 20 anos.
“É uma tragédia o que está acontecendo aqui, mas acho que é importante que essa reunião seja realizada nesse contexto, nessa espécie de ‘pé do vulcão’. É importante que os participantes vejam claramente os impactos das mudanças climáticas em um local que é sempre apontado como um exemplo do agronegócio”, disse à BBC News Brasil.
Para a moradora de Chapada dos Guimarães Suzana Hiroka, o suposto foco em sustentabilidade da reunião de ministros da agricultura é uma contradição.
“É uma contradição porque Chapada dos Guimarães é um município de monocultura. Temos aqui grandes plantações de soja, algodão e o pequeno agricultor que faz a agricultura mais sustentável praticamente não aparece”, disse.
Alice Thault resume suas expectativas em relação à reunião em meio à fumaça.
“Estou torcendo para que as questões sobre o clima estejam, de fato, na pauta do encontro e que essa experiencia, por assim dizer, imersiva, valha alguma coisa”, disse.
A BBC News Brasil enviou questionamentos aos ministérios das Relações Exteriores (MRE), da Agricultura (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA). Também foram enviadas questões à Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Sema-MT).
Apenas o MMA respondeu informando sobre as condições do combate ao incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Nenhum dos outros órgãos enviou respostas.
O que é o G20
O G20 é um fórum internacional que reúne as principais economias do mundo, incluindo 19 países, a União Europeia e a União Africana. Oficialmente, o objetivo do grupo é promover a cooperação econômica global, comércio internacional e estabilidade financeira.
O grupo foi criado em 1999 e, mais recentemente, passou a abordar, também, temas relacionados às mudanças climáticas e segurança alimentar, duas das principais plataformas do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 2023, o Brasil assumiu a presidência do G20 pela primeira vez e vem realizando uma série de reuniões preparatórias para a grande cúpula de chefes-de-Estado do grupo que será realizada entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
O Grupo de Trabalho do G20 sobre Agricultura é uma subdivisão do G20 e a reunião realizada em Chapada dos Guimarães é uma das que antecedem a cúpula principal de novembro.
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Com asilo na Espanha, Edmundo González deixa Venezuela
Opositor de Nicolás Maduro, Edmundo González Urrutia pediu asilo político à Espanha e deixou a Venezuela neste fim de semana. Segundo a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, o ex-candidato estava asilado na embaixada espanhola em Caracas, e o governo aceitou a saída dele em prol da “tranquilidade e da paz política no país”. O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, confirmou o aceite do pedido de asilo e afirmou que “o governo da Espanha está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos”.
González e sua esposa embarcaram na noite de sábado em um avião da Força Aérea espanhola, pousando ontem na base Torrejón de Ardoz, perto de Madrid, pouco depois das 11h (horário de Brasília). “Confio que em breve continuaremos a luta para alcançar a liberdade e a recuperação da democracia na Venezuela”, disse o ex-diplomata, em áudio divulgado por sua equipe após chegar ao país europeu.
A fuga ocorre dias após um mandado de prisão contra o ex-diplomata por crimes eleitorais, solicitado pelo Ministério Público (MP) e aceito pela Justiça venezuelana na última segunda-feira. Ele é acusado de publicar cópias de mais de 80% das atas de votação em um site, defendendo sua vitória com mais de 60% dos votos na eleição de 28 de julho. No entanto, o governo afirma que o material é repleto de inconsistências.
Segundo o MP, aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento. O ex-diplomata, por sua vez, denunciou que o órgão estava atuando como um “acusador político” e argumentou que, caso comparecesse, seria submetido a um processo “sem garantias de independência”.
A líder da oposição, María Corina Machado, declarou que a saída do presidente eleito da Venezuela foi necessária para “preservar sua liberdade e sua vida” em meio a uma “brutal onda de repressão”. “Sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e, inclusive, tentativas de chantagem e coação de que foi objeto demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo”, publicou no X (antigo Twitter).
Horas depois, Corina anunciou que, “no dia 10 de janeiro de 2025, o presidente eleito Edmundo González Urrutía será empossado como presidente constitucional da Venezuela e comandante das Forças Armadas nacionais. Que isso fique bem claro: Edmundo lutará de fora junto à nossa diáspora, e eu continuarei fazendo isso aqui, ao lado de vocês”.
Ainda ontem, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que a fuga de Urrutia representa o fim de “uma comédia”. “Eu diria que termina a breve temporada de uma peça humorística, de um gênero que eu poderia dizer de comédia, de teatro bufão”, ironizou Saab.
Desde a proclamação da vitória de Maduro, com 52% dos votos, ocorreram protestos em todo o país. Estados Unidos, União Europeia e nações da América Latina rejeitaram o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pediram uma verificação dos votos, mas o CNE adia a entrega das atas, alegando que foi alvo de um ataque cibernético. O conselho afirma, porém, que a invasão hacker não pôde alterar os votos, que são protegidos por sistema analógico próprio.
No sábado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González de “herói que a Espanha não vai abandonar”, durante reunião do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Madrid. Além dele, pronunciou-se o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmando que “é um dia triste para a democracia na Venezuela” e ressaltando que, “na democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a buscar asilo em outro país”. “A UE insiste que as autoridades venezuelanas acabem com a repressão, as detenções arbitrárias e o assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertem todos os presos políticos”, diz Borrell em comunicado.
O venezuelano Rufo Chacon, 21 anos, vive atualmente na Espanha, em razão da opressão que sofria em seu país natal. Chacon afirma que Edmundo González conta com o apoio da população, “pois estava sendo perseguido por esse governo corrupto”. “Se o tivessem capturado, ele teria sido torturado e desaparecido como muitos venezuelanos”, diz ao Correio.
O jovem teve de fugir da Venezuela com a mãe e a irmã, de 7 anos. “Queriam sumir comigo. Sou o sobrevivente que pode falar e mostrar ao mundo como o governo nos tortura. Me deixaram cego, ainda tenho 47 fragmentos de balas no rosto. Eles me perseguiram e tentaram matar minha mãe, pois ela denunciava cada ato de perseguição.”
Rufo Chacon, 21, teve de fugir com a família após ameaças e tortura
Para Rufo, a esperança tem nome: María Corina Machado. “Uma mulher forte e honesta que tem estado à frente, lutando por nossa liberdade.” Enquanto ele e sua família não podem voltar à Venezuela, tentam viver com o mínimo no país europeu. “Foi muito difícil sair do meu país e vir à Espanha pedir asilo. Já faz um ano e um mês, e não posso estudar ou trabalhar. Minha mãe tenta trabalhar para nos sustentar. Espero que, em algum momento, haja uma resolução e que nos apoiem.”
Jose Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidad Central de Venezuela (UCV), afirmou que a fuga de figuras como Edmundo Gonzalez revela que o regime de Maduro não consegue sustentar uma fachada democrática. “Apesar das tentativas de controlar o sistema eleitoral e manipular os resultados, roubar as eleições não terá sucesso a longo prazo. A comunidade internacional e a maioria do povo venezuelano já não o veem como um líder legítimo e a narrativa da fraude está cada vez mais consolidada.”
Uma venezuelana que não quis se identificar afirma ao Correio: “O clima é de proteção contra a arquitetura do terror. Todos em seus nichos. Ativando redes com chaves, que surgem até com civilidade. Ele ainda não falou e acho que não falará”, referindo-se ao posicionamento de Maduro diante da fuga de González.
Carolina Silva Pedroso, professora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
“É a primeira vez que um candidato presidencial sai do país tão pouco tempo após a realização das eleições, porém outros políticos opositores (inclusive que estavam em prisão domiciliar) conseguiram sair do país ao longo dos últimos anos. Provavelmente a oposição seguirá pressionando enquanto o governo tende a cercar os espaços de atuação desse grupo. O governo de Maduro tem usado todos os mecanismos institucionais para garantir sua permanência no poder e o Judiciário tem sido um de seus aliados mais importantes.”
20/3- Venezuela emite ordem de prisão contra seis opositores
28/7- Venezuelanos vão às urnas eleger o presidente
29/7- Reeleição de Maduro é declarada. Ele expulsa o corpo diplomático da Argentina e mais seis países. Argentina pede ajuda ao Brasil
31/7- Ministério das Relações Exteriores do Brasil atende ao pedido, e afirma que irá assumir a custódia da embaixada da Argentina na Venezuela
1/8- Brasil assume diplomacia da Argentina em Caracas
6/9- Forças da Venezuela cercam Embaixada da Argentina e a luz do local foi cortada
7/9- Venezuela revoga custódia do Brasil sobre a embaixada da Argentina
8/9- Edmundo González foge para a Espanha sob asilo, cinco dias após mandado de prisão pelo regime de Maduro
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CEO da Esportes da Sorte se entrega à Polícia e deixa carta; leia
Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da plataforma Esportes da Sorte, se entregou à Polícia Civil de Pernambuco na quinta-feira (5/9). Ele é um dos investigados em operação contra uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro e jogos ilegais.
Antes de se entregar, Darwin deixou uma carta em que diz que está colaborando com as investigações e ficou surpreso com o mandado de prisão contra ele. “Eu acredito muito na justiça e tenho absoluta certeza da minha conduta e de todas as pessoas que trabalham conosco, sei que tudo isso será esclarecido”, disse o CEO em carta enviada ao g1.
Além de Darwin, outros alvos de mandados de prisão na operação foram a influenciadora Deolane Bezerra e a mãe dela, Solange Bezerra.
Em primeiro lugar, não existem duas verdades, mas podem existir duas, cinco, dez, mil mentiras, mas a verdade é sempre uma só. Preferi vir aqui, antes de cumprir o meu dever com a justiça, e falo com muita transparência, porque se não tivesse a consciência tranquila sobre meus atos, jamais iria me expor nesse
momento, inclusive porque serei confrontado comigo mesmo daqui para frente.
Sempre fui muito vocal no intuito de contribuir com o debate favorável à regulamentação das apostas esportivas de cota fixa e jogos online no Brasil. Como representante do Esportes da Sorte, sempre colaborei com a atuação das autoridades e das investigações. Nossa atividade é lícita, já as organizações
criminosas são difíceis de combater e acredito que isso deve ser separado. A minha atitude sempre foi defender a lei. Também sempre pautei nossa atuação em favor das boas práticas, do jogo responsável e o defendo como forma de entretenimento.
Sigo colaborando com todas as investigações, inclusive ficando surpreso com a ausência de motivos que levaram a uma medida tão rigorosa, quanto a que a mim foi aplicada. Dado que sempre me coloquei à disposição das autoridades. De qualquer forma, irei cumprir os ritos legais e observar todas as nuances
jurídicas.
Me encontro tranquilo neste momento. Por mais que tenha muita angústia, o que é natural, já que ninguém deseja passar por isso, sigo confiante no processo. Aproveito para agradecer aos nossos colaboradores, clientes, parceiros, e dizer que vocês jamais irão se decepcionar com o Esportes da Sorte.
Vou me dirigir às autoridades para me apresentar e o farei de maneira muito serena. Eu acredito muito na justiça e tenho absoluta certeza da minha conduta e de todas as pessoas que trabalham conosco, sei que tudo isso será esclarecido.
Muito obrigado.
Um carro de luxo e um avião foram apreendidos na quarta-feira (4/9) pela Polícia Civil de São Paulo durante a operação Integration, deflagrada em conjunto com as forças policiais de Pernambuco, Paraná, Paraíba e Goiás.
A ação mira uma organização criminosa que movimentou R$ 3 bilhões provenientes de jogos ilegais. Foram expedidos 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba e Goiania.
As investigações conduzidas pela Polícia Civil de Pernambuco tiveram início em 2023. Conforme o inquérito, a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.
O Correio tenta contato com a Esportes da Sorte, mas ainda não obteve retorno.
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Dólar dispara e chega em R$ 5,62 com alívio nos EUA
O câmbio do dólar comercial encerrou o dia com uma alta forte de 1,16% nesta quinta-feira (29/8). No final do pregão, a moeda norte-americana passou a valer R$ 5,62 no mercado brasileiro. A valorização acompanhou o ritmo observado em outros países emergentes, visto que o Índice DXY, que compara a performance do dólar com moedas de diversos países encerrou o dia com um aumento de 0,29%.
Uma das explicações para a valorização mais acentuada do dólar é a reação do mercado aos dados da economia dos EUA divulgados na manhã desta quinta-feira, que revisaram o Produto Interno Bruto (PIB) do país no 2º trimestre de 2024. A nova estimativa aponta que a atividade econômica norte-americana cresceu a uma taxa anual de 3%, e não de 2,8% como foi publicado anteriormente.
Diante disso, o temor de recessão nos Estados Unidos, que até foi levantado pelo presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, Jerome Powell, ganha menos força. Na avaliação do CEO da Swiss Capital Invest, Alex Andrade, uma economia forte nos EUA tende a aumentar a demanda por exportações, o que deve beneficiar os setores de commodities e outros produtos exportados por países, como o Brasil.
“Por outro lado, se o crescimento robusto levar o Federal Reserve (Fed) a manter ou aumentar as taxas de juros, pode haver um fluxo de capital saindo dos mercados emergentes em direção aos ativos americanos, considerados mais seguros, o que pode desvalorizar as moedas locais e aumentar o custo de financiamento externo para esses países”, avalia Andrade.
Enquanto isso, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) voltou a cair e encerrou o pregão em queda de 0,95%, aos 136.041 pontos. Apesar disso, a bolsa acumula ganhos de 0,32% nesta semana, em que quebrou mais uma vez o recorde histórico, ao atingir 137 mil pontos na última quarta-feira (28/8).
As ações que lideraram os ganhos na bolsa de valores no pregão desta quinta foram as da Gerdau (GGBR4), que avançaram 2,27% no fechamento. Os papeis da holding Metalúrgica Gerdau (GOAU4) acompanharam o ritmo e também fecharam no positivo, com aumento de 1,84%. As ações ordinárias da Vale (VALE3) registraram leve queda de 0,12%, enquanto que as preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 0,68%.
O destaque negativo nesta quinta-feira ficou por conta das ações da Azul Linhas Aéreas (AZUL4), que despencaram 24,14% após uma notícia do portal Bloomberg que alegou que a companhia estaria buscando opções para quitar a dívida com devedores, que incluem um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos, chamado de “Chapter 11″.
Durante o dia, os papeis chegaram a cair acima dos 26%. Horas após a publicação da notícia, a empresa publicou uma nota em que avalia que a notícia publicada pela Bloomberg é “mal-interpretada”. Sem citar os possíveis acordos levantados na matéria, a Azul elencou uma série de ações que a empresa realiza para cumprir os compromissos com os credores.
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Padovani: comissão deve propor soluções para aviação mais segura
A aviação brasileira é segura, e os voos regionais são essenciais para a integração das cidades do país. É o que defende o deputado Nelson Fernando Padovani (União-PR), relator da comissão externa da Câmara que investiga a queda do avião da VoePass.
Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, Padovani explicou que os próximos passos do colegiado serão entender as causas do acidente e propor soluções para que “o Brasil tenha, sim, a aviação mais segura da América Latina”, como enfatizou aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O senhor é de Cascavel, cidade de onde partiu o avião da Voepass. Quais são as suas primeiras considerações em relação ao acidente?
Cascavel é uma cidade em que todo mundo se conhece. Foi muito triste para nós essa fatalidade com 62 pessoas, entre elas, 21 do município. Era o voo que eu utilizava de Cascavel para Guarulhos até Brasília. Não estamos, por meio da comissão, em busca de culpados, mas, sim, para achar soluções, porque a aviação brasileira já é cara, não é acessível para a classe média ou a baixa. O que queremos é achar solução para que tenhamos mais segurança, haja vista que um em cada 80 milhões vieram a óbito nos últimos 10 anos. Então é uma estatística mundial que a aviação brasileira é segura.
Diria que a aviação regional é segura?
É segura e importantíssima. Temos de fomentar investimentos em equipamentos e aeroportos para que mais empresas venham operar no Brasil. Precisamos dela. O interior do Brasil, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Mato Grosso do Sul, Paraná, interior de Santa Catarina, interior do Piauí, Maranhão, Bahia carecem muito desse tipo de aviação, porque os grandes polos do Brasil estão concentrados em Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, mas o interior do Brasil precisa dessas aeronaves que não levam uma grande quantidade de passageiros.
Qual é o plano de trabalho da comissão que está investigando o acidente?
É um trabalho dos Três Poderes. O Executivo fez sua parte quando colocou a Defesa Civil, os bombeiros, a saúde. O Judiciário vai fazer sua parte com a Defensoria Pública, com a promotoria. O Legislativo vai fazer a sua parte propondo investimentos e adequação na legislação. Por isso que convocamos, na primeira reunião, o brigadeiro Marcelo Moreno, que é do Cenipa. Está marcado para o dia 10. Carlos Eduardo Machado, diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal; o delegado de PF Caio Ribeiro; chefe dos serviços de segurança aeroportuária; Roberto Alvo, que é diretor e presidente da Latam; e José Luiz Felício, presidente da Voepass. É importante porque tanto se fala da atuação da Voepass, e agora vai se ter um canal, uma oportunidade de dizer o que a empresa fazia, se defender e de se explicar tudo.
Como definiram as atividades?
Vamos fazer o calendário com a vinda dessas autoridades até dezembro. Depois disso, queremos apresentar, até fevereiro, o relatório conclusivo. Se for necessário ou oportuno, podemos jogar até março ou abril.
Avalia que os dados a serem divulgados pela FAB e pelo Cenipa vão interferir no trabalho positivamente?
Não interferem, mas, sim, se somam. Por isso, a vinda do presidente do Cenipa acontece depois da entrega do relatório, no dia 6, e o convite dele é para o dia 10. Então, a partir daí, começa a se montar esse quebra-cabeça do que houve. Foi gelo nas asas? Se foi gelo nas asas, o equipamento funcionou? Se não funcionou, o que é que tinha que ser feito? Se funcionou, por que caiu?
Existem outras condições externas ao voo, como a conexão e comunicação entre as torres de comando e a aeronave. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Um avião nunca caiu por uma causa só, são vários fatores que acabam provocando um acidente aéreo. Nesse caso, se o problema foi de frio extremo, de gelo nas asas, a gente tem de saber em que temos de investir, quais equipamentos temos de investir na aviação aérea brasileira. Sabemos que no trecho de Paraná a Porto Alegre tem um frio que vem dos Andes procurando o calor do Oceano Atlântico. Ali, tem sempre muito vento e muito frio, o que tem que ser feito para o Cindacta monitorar melhor? São essas questões. Além de investigar as causas de falta de manutenção, de excesso de trabalho, de condições da aeronave ou meteorológicas, é propor soluções e investimentos para que o Brasil tenha, sim, a aviação mais segura da América Latina.
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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Jaguares, antas e papagaios: queimadas no Pantanal provocam a morte de dezenas de animais raros
Dois filhotes de jaguar morreram queimados, seus pequenos corpos carbonizados. Antas com patas cruas e ensanguentadas foram escaldadas por brasas fumegantes. Ninhos de ovos não eclodidos de papagaios raros foram consumidos por chamas tão altas quanto árvores. Incêndios florestais estão devastando o Pantanal do Brasil, a maior planície alagada tropical do mundo e um dos mais importantes santuários de biodiversidade do planeta.
E as queimadas, as piores registradas desde que o Brasil começou a monitorar os incêndios em 1998, estão causando um grande impacto mortal em animais selvagens, incluindo espécies ameaçadas que cientistas vêm trabalhando por décadas para proteger.
— Estamos vendo a biodiversidade do Pantanal desaparecer em cinzas. Está sendo queimado até virar cinzas — disse Gustavo Figueirôa, biólogo que trabalha para a SOS Pantanal, uma organização sem fins lucrativos de conservação.
O Pantanal é um labirinto de rios, florestas e pântanos que se estende por 175.000 quilômetros quadrados, uma área 20 vezes maior que os Everglades. Cerca de 80% fica no Brasil, com o restante na Bolívia e no Paraguai. Normalmente alagado durante grande parte do ano, o Pantanal nos últimos anos tem sido assolado por uma série de secas severas que os cientistas associam ao desmatamento e às mudanças climáticas.
Desde o início do ano, os incêndios florestais queimaram mais de 18.000 quilômetros quadrados, uma área do tamanho de Nova Jersey, na parte brasileira do Pantanal. As áreas úmidas, partes das quais estão na lista de patrimônios da UNESCO devido à sua rica biodiversidade, abrigam o maior papagaio do mundo, a maior concentração de jacarés e vida selvagem ameaçada, como a ariranha.
Elas também abrigam animais que evoluíram de formas distintas de outros em suas espécies, como jaguares maiores que mergulham em planícies inundadas para pescar. Pesquisadores contaram pelo menos 4.700 espécies de plantas e animais no Pantanal, embora digam que muitas mais ainda precisam ser descobertas pelos cientistas.
— Há tanto que ainda não sabemos. É uma região tão especial — disse Luciana Leite, bióloga e ativista climática da Environmental Justice Foundation.
Mas os incêndios florestais, alimentados por ventos fortes e temperaturas escaldantes, estão ameaçando este laboratório natural, matando ou ferindo tamanduás-bandeira, antas, veados-do-pantanal, araras-azuis e jacarés. As chamas pegaram até jaguares, normalmente ágeis o suficiente para escapar da maioria dos perigos. Três foram encontrados mortos desde que os incêndios começaram, enquanto outros quatro foram resgatados e tratados por queimaduras, segundo conservacionistas na região.
— Se o jaguar — um animal que corre, sobe, nada — está sendo afetado nessa escala, que chance têm os animais mais lentos? — disse Enderson Barreto, veterinário e diretor do Grupo de Resposta a Animais em Desastres, uma organização voluntária que atua no Pantanal.
Os jaguares estão listados como vulneráveis no Brasil, que abriga cerca de metade da população mundial do animal. Agora, os incêndios estão se aproximando de uma reserva que abriga a maior densidade de jaguares do mundo (quatro a oito animais por cada 100 quilômetros quadrados), e especialistas temem que o número de mortes de jaguares, e de muitos outros animais, possa aumentar.
— Estamos realmente nervosos vendo isso acontecer. A perspectiva não é boa — disse Barreto, que está na linha de frente dos esforços de resgate no Pantanal.
Os cientistas dizem que é muito cedo para dizer exatamente quantos animais estão morrendo nas chamas, já que muitos estão morrendo em regiões remotas que os socorristas não conseguem alcançar. Mas temem que o número de vítimas possa superar o dos incêndios que devastaram a região em 2020, matando cerca de 17 milhões de animais e queimando quase um terço do Pantanal no Brasil.
— Não estamos apenas testemunhando a repetição de uma tragédia. É, na verdade, uma situação muito pior — disse a Dra. Leite.
Um animal que se tornou vítima se chamava Gaia e desempenhou um papel fundamental na incipiente indústria de ecoturismo do Pantanal por uma década. Atrevida e sociável, Gaia, uma jaguar de 60 quilos, não se afastava das caminhonetes que transportavam turistas de um ecolodge nas proximidades. Ela se tornou uma celebridade local entre os entusiastas da vida selvagem. Então, neste mês, as chamas chegaram a uma velocidade vertiginosa. Gaia não teve tempo de fugir.
A notícia abalou Figueirôa, que monitorava a jaguar e seus irmãos quando ainda eram filhotes. “Foi um dos melhores avistamentos da minha vida”, disse ele, levantando a perna da calça para revelar uma tatuagem da irmã de Gaia em sua panturrilha.
— Quando vi Gaia queimada, transformada em carvão, só conseguia imaginar a dor que ela deve ter sentido. Foi um sentimento de frustração, desespero e impotência. — acrescentou Figueirôa.
Os incêndios também mataram pelo menos três tamanduás-bandeira, mamíferos conhecidos por seu longo focinho distintivo e língua de 60 centímetros, que usam para pegar insetos. Acredita-se que a espécie tenha evoluído ao longo de milhões de anos, mas está ameaçada de extinção no Brasil, e sua população no país diminuiu 40% nas últimas duas décadas, disse Flávia Miranda, presidente do Instituto Tamanduá, uma organização sem fins lucrativos que trabalha para proteger os tamanduás.
— Com a perda desses animais, perdemos uma história evolutiva que ainda não foi totalmente contada — disse a Dra. Miranda.
As chamas dos incêndios atingiram as copas das árvores e queimaram 80% de uma área crucial de nidificação para araras-azuis, grandes papagaios de cor azul brilhante que os conservacionistas consideram vulneráveis e cuja população está em declínio. As queimadas também interromperam cadeias alimentares, deixando para trás uma paisagem desolada sem água e fontes essenciais de alimento, como plantas, insetos e pequenos animais.
Os especialistas acreditam que os incêndios florestais continuarão pelo menos até outubro, quando a esperada estação chuvosa poderá trazer algum alívio. As chamas estão intensificando a pressão sobre um ecossistema já estressado por incêndios incomumente frequentes nos últimos anos, colocando em dúvida se ele poderá se recuperar totalmente.
Se não se recuperar, inúmeras espécies podem perder seus últimos santuários na América do Sul, incluindo a anta, segundo Patricia Medici, bióloga e conservacionista que estuda a espécie. “No Pantanal”, explicou ela, “a anta está no paraíso.”
Para cientistas como a Dra. Leite, que dedicaram grande parte de suas vidas para proteger a vida selvagem vulnerável nesta região, o futuro parece sombrio. Ela se pergunta, disse ela, se o Pantanal, um raro refúgio da natureza onde os humanos ainda podem testemunhar a vida selvagem em abundância, permanecerá intacto para a próxima geração.
“Não sei se meu filho terá o privilégio de olhar um jaguar nos olhos, como eu tive tantas vezes”, disse a Dra. Leite, enxugando as lágrimas. “Estamos perdendo este lugar realmente mágico.”
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Danton Mello conta por que não aceitaria participar do remake de ‘Vale tudo’
Falou em remake para 2025, pensou em “Vale tudo”. A releitura do clássico escrito por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, que teve a direção de Dennis Carvalho em 1988, tem agitado o mundo artístico. E a curiosidade por saber quem arrematou personagens icônicos como Odete Roitman (Beatriz Segall, em 1988), Heleninha Roitman (Renata Sorrah), Leila Catanhede (Cássia Kis), Ivan Meireles (Antonio Fagundes), Raquel Acioly (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Gloria Pires), entre outros, causa frisson entre os noveleiros. Intérprete do garoto Bruno, filho de Leila e Ivan na trama original, Danton Mello, no entanto, passa ao largo de todo esse burburinho.
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— Não fui sondado para participar do remake de “Vale tudo”… E confesso que, se tivesse acontecido, eu provavelmente não aceitaria — confidencia o ator, em conversa com o EXTRA, explicando: — Tenho um pouco de ciúme dessa novela. Prefiro guardar na memória a primeiríssima.
Na mesa de jantar de Odete Roitman (Beatriz Segall), Bruno (Danton Mello), filho de Ivan Meireles (Antonio Fagundes), prega uma peça na megera, em “Vale tudo” — Foto: Reprodução/Rede Globo
Sob a responsabilidade de Manuela Dias — mesma autora de “Justiça 2”, série lançada este ano pelo Globoplay e de que Danton participou na pele do certinho contador Abílio —, o remake tem a torcida do ator para que repita o sucesso da primeira versão, ele reforça:
— Tenho certeza de que vai dar muito certo. Manuela é uma superautora, e pelos nomes que eu tenho visto sendo cogitados, achei muito bom. Mas guardo com muito carinho e encho a minha boca para falar: “Eu fiz a ‘Vale tudo’ original, uma das maiores novelas da história da televisão”. De vez em quando penso: “Caramba, eu fiz parte disso!”. Fui filho da Leila, que matou Odete Roitman! E eu também estava naquele avião do último capítulo, quando o corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Faria) deu uma banana pro Brasil. Na cabine da aeronave éramos eu e Cássia atrás, e Regis na frente, ao lado do piloto. Gente, eu presenciei a grande cena! Não preciso fazer de novo, não (risos).
Bruno (Danton Mello) está na cena final de “Vale tudo” em que o corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Faria) foge e dá uma banana para o Brasil — Foto: Reprodução/Rede Globo
Danton, que voltou ao ar nesta segunda-feira (26) na Edição Especial de “Cabocla” (2004) e se prepara para começar a gravar “Garota do momento”, a próxima novela das seis da Globo, ainda tem marcada na lembrança, de maneira especial, uma sequência de cenas com Renata Sorrah. Numa traquinagem, o menino Bruno cola a taça da esnobe Odete Roitman na mesa de jantar, e a granfina molha a roupa ao tentar levar a bebida à boca. A brincadeira provoca uma crise de riso em Heleninha, satisfeita ao ver a mãe perder a pose.
— Na cena seguinte, eu tinha que rir muito, junto com ela, mas não sabia, não conseguia. E Renata soltava umas gargalhadas deliciosas… Desde então, toda cena em que eu consigo rir de maneira decente eu me lembro dela. Foi ela que me ensinou, lá atrás. Tenho esta memória afetiva com essa grande atriz — detalha o mineiro, que ano que vem vai completar 50 anos de vida, sendo 40 deles na teledramaturgia.
Bruno (Danton Mello) e Heleninha Roitman (Renata Sorrah) em cena de “Vale tudo”: gargalhadas marcantes — Foto: Reprodução/Rede Globo
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Voa Brasil comercializa 8 mil passagens aéreas em primeiro mês de operação
O programa Voa Brasil completou um mês em vigor com 8 mil passagens aéreas comercializadas. A iniciativa foi lançada pelo Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor) no dia 24 de julho, oferecendo passagens domésticas a partir de R$ 200,00 por trecho, inicialmente focada nos aposentados do INSS que não viajaram de avião nos últimos 12 meses.
Até o momento, os destinos mais procurados foram as capitais do Nordeste, com destaque para Natal, Recife, Fortaleza, Salvador, João Pessoa e São Luís.
A maior parte das viagens tem origem nos aeroportos de Guarulhos (SP), Congonhas (SP) e Galeão (RJ), embora também tenha havido uma significativa movimentação em aeroportos regionais como Petrolina (PE), Vitória da Conquista (BA) e Caxias do Sul (RS).
Como utilizar
O Voa Brasil funciona utilizando a malha aérea ociosa, ou seja, aproveita assentos disponíveis em voos com baixa ocupação, permitindo às companhias aéreas ajustar suas ofertas conforme a demanda. Por isso, é recomendado que os beneficiários planejem suas viagens com antecedência, preferindo dias de menor procura, como de terça a quinta-feira, e períodos de baixa temporada, entre março e junho ou agosto e novembro.
Os interessados podem conferir todas as informações através do site oficial do programa: https://www.gov.br/portos-e-aeroportos/pt-br/assuntos/conheca-o-voa-brasil.
Saiba como acessar os documentos sobre óvnis no Arquivo Nacional | GZH
O Arquivo Nacional reúne 893 documentos da Força Aérea Brasileira (FAB) com relatos sobre objetos voadores não identificados (óvnis) avistados no céu do Brasil. Com acesso livre ao público, áudios, imagens, relatos e vídeos estão catalogados no Sistema de Informações do Arquivo Nacional (Sisan), plataforma online gerida pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MG).
Entre os documentos, há relatos de pilotos de companhias aéreas que atuam no Brasil e de civis espalhados por todo o território nacional. Os arquivos abrangem registros oficiais realizados entre 1952 e 2023.
Apesar dos registros, a FAB e Comando de Defesa Aeroespacial Brasileira (Comdabra) ressaltam que os óvnis não significam a existência de extraterrestres ou aeronaves. A sigla é utilizada para denominar qualquer objeto voador sem identificação imediata a sua aparição.
No acervo, 55 documentos referem-se a casos registrados no Rio Grande do Sul. Destes, ao menos 51 são diferentes, como o óvni com “formato de feijão” e a esfera brilhante que “se dividiu em dois”.
Os relatos de dois pilotos de voos comerciais que afirmaram ter avistado e realizado manobras evasivas para desviar de óvnis também estão disponíveis no Arquivo Nacional. A reportagem de Zero Hora montou um passo a passo que mostra como consultar os documentos no site do Sisan.
Veja como encontrar ocorrências sobre óvnis no Arquivo Nacional
Acesse o site e realize login com a opção gov.br (registro único junto às plataformas do governo federal)
No menu superior, passe o mouse sobre a seção “Fundos e Coleções”
Ao abrir as opções, clique em “Pesquisa Multinível”
Na coluna “Código de referência”, preencha com a sigla “ARX” e aperte em “pesquisar”
Após carregar, selecione o fundo “Objetos Voadores Não Identificados”
É possível filtrar os documentos por palavras chaves, no campo “pesquisa”. Os 893 arquivos são referentes a relatos de óvnis registrados no Brasil entre 1952 e 2023.
*Produção: Lucas de Oliveira