O que a FAB prevê para o novo museu aeroespacial no Campo de Marte

São Paulo vai ganhar um museu aeronáutico com um acervo inicial de 80 aeronaves históricas. A Força Aérea Brasileira (FAB) e o Museu Asas de um Sonho assinaram um termo de comodato no dia 19 de dezembro do ano passado para a criação do Museu Aeroespacial Paulista, a ser instalado anexo ao aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital.
O Asas de um Sonho vai ceder 40 aviões para compor o acervo do novo museu. Entre eles, algumas relíquias voadoras com um avião Waco CSO, que compôs a esquadrilha paulista durante a Revolução de 32. Os outros 40 virão da FAB. De acordo com o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, o novo museu se insere no sistema cultural da FAB, que já mantém o Museu Aeroespacial (Musal), no Rio de Janeiro.
“A criação do Museu Aeroespacial Paulista é uma iniciativa que reafirma o compromisso da Força Aérea Brasileira com a preservação do patrimônio e com a educação das futuras gerações. Este novo espaço será uma grande contribuição para a aviação no Brasil”, disse, durante a solenidade de assinatura do comodato.
O contrato prevê a cessão gratuita de aeronaves pertencentes ao Asas de um Sonho para exposição e preservação no Museu Aeronáutico Paulista. O museu deve ficar pronto em três anos – no final de 2027, em uma área de 70 mil m². “Essa cooperação, com a contribuição de 40 aeronaves de cada parte, é um passo significativo para valorizar a história da aviação no Brasil”, disse o presidente do Asas, Marcos Amaro. Empresário e artista plástico, Marcos é filho de Rolim Adolfo Amaro, fundador da TAM Linhas Aéreas, falecido em 2001.
Ao Estadão, Amaro disse que mantém, no Centro Cultural São Pedro, em Itu, o acervo de aeronaves do Asas de um Sonho que pertenceu ao antigo Museu da TAM, em São Carlos, fechado há dez anos. “Como o museu tem mais de 110 aeronaves, podemos ceder 40 para o novo museu sem desfalcar nosso acervo. Pelo contrário, com essa divisão vamos valorizar o patrimônio, apresentando-o a um novo público.”
Ele disse que pode propor, futuramente, um rodízio das aeronaves expostas no museu com as que permanecem no acervo do Asas de um Sonho. “É uma ideia salutar fazer um rodízio. Na primeira versão da lista, foram escolhidas pelo comitê entre a FAB e nós algumas aeronaves raras, como o Supermarine Spitfire e o F4U Corsair, que são da 2.a Guerra Mundial. Tem ainda o P-47 Thunderbolt e o Super Constellation, que são muito simbólicos, e as aeronaves que fizeram parte da história da TAM, com o Fokker 27 e o Fokker 100?, detalhou.
Também consta na lista o Waco CSO na cor verde, único remanescente da esquadrilha paulista que protagonizou combates aéreos durante a revolução de 1932. Outro exemplar único, da tropa federal, está exposto no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro.
Já o acervo da FAB será composto por aviões e helicópteros militares, entre eles alguns modelos que atualmente estão na reserva técnica do Museu Aeronáutico do Rio de Janeiro.
Inicialmente, a manutenção do novo museu ficará a cargo da FAB, segundo Amaro. “Fizemos um termo de cooperação técnica e nos próximos 60 dias faremos um estudo de viabilidade técnica e financeira do novo museu. É quando vamos definir com exatidão as responsabilidades de cada parte, inclusive essa (da manutenção)”, disse. O comodato terá vigência inicial de cinco anos, mas pode ser prorrogado de comum acordo.
As negociações para o novo museu começaram em 2014, dois anos após a fusão entre a chilena Lan e a TAM, que deu origem à companhia aérea Latam. Na época, o museu instalado em São Carlos, nas antigas dependências da TAM, havia fechado para visitação. Foi quando ocorreram as primeiras sondagens para a transferência do acervo para Campo de Marte. Em agosto de 2017, o Comando da Aeronáutica assinou um protocolo de intenções com a Prefeitura de São Paulo para a criação de um museu aeroespacial no Campo de Marte.
Prévia pode ser vista no interior do estado
Quem quiser ter uma prévia do futuro museu aeroespacial pode visitar o Museu Asas de um Sonho, que foi reaberto em agosto de 2024 no Centro Cultural São Pedro, em Itu, no interior de São Paulo. Além das aeronaves, o espaço conta objetos originais de Santos Dumont, considerado o Pai da Aviação, inclusive réplicas do 14 Bis e do Demoiselle, desenvolvidos pelo inventor brasileiro na França. O espaço também abriga exposições temporárias.
No último dia 18, o museu recebeu da FAB o caça Mirage III que foi pilotado em 1989 por Ayrton Senna, tricampeão brasileiro de Fórmula 1. Além das aeronaves, estão expostas fotos exclusivas do voo de Senna. Chegou ainda um helicóptero Sikorsky, da Marinha do Brasil, de modelo igual ao usado no resgate de vítimas da enchente no Rio Grande do Sul, este ano.
Serviço:
Museu Asas de um Sonho (MAS)
Horário: De quarta a domingo, das 11 às 17 horas.
Endereço: Rua Padre Bartolomeu Tadei, 9, no Bairro Alto, em Itu.
Valores: Ingressos custam R$ 15; às quartas-feiras, exceto em feriados, a entrada é gratuita. O estacionamento custa R$ 20. Mais informações no link: https://museuasasdeumsonho.com/
‘Reduzir jornada de trabalho é medida pró-famílias’, diz historiador português Rui Tavares

Historiador e deputado da Assembleia da República de Portugal, Rui Tavares é um pensador e político que concilia posições que muitas vezes são vistas como opostas.
Assim, é um anarquista que defende a presença do Estado, um intelectual que não renuncia à ação política e mantém um discurso de alegria e otimismo no meio de um cenário de crise que aponta como diferente das outras que a humanidade já enfrentou.
Ele é formado em História pela Universidade Nova de Lisboa, mestre pelo Instituto de Ciência Sociais da Universidade de Lisboa e doutor pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Atuou como professor e pesquisador nas universidades de Nova York, Brown, Massachusetts (nos EUA) e no Instituto Universitário Europeu de Florença (Itália).
Além de analisar o passado e o presente, o intelectual busca saídas. Admite uma crise na democracia, que tem alimentado a ascensão da direita radical no mundo, mas defende um aprofundamento democrático que inste a população a assumir junto ao poder público as responsabilidades pelas soluções.
Cobra para isso um discurso que aponte soluções imediatas para, por exemplo, combater as mudanças climáticas para tornar o ar mais respirável e reduzir a jornada de trabalho para melhorar a produtividade e dar mais tempo para o lazer e o convívio das pessoas.
No Parlamento Europeu, foi autor de um relatório em 2013 que apontou a escalada autoritária do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, um dos primeiros expoentes da nova safra da direita radical no Ocidente, e que está no poder desde 2010.
O ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro passou dois dias abrigado na embaixada do país em Brasília em março de 2024, depois de ter seu passaporte apreendido por decisão judicial. Orban é próximo de outros presidentes de tendência autocrática, como Vladimir Putin, da Rússia, e Donald Trump, dos Estados Unidos.
Após passar cinco anos como deputado europeu, Tavares se elegeu duas vezes deputado da Assembleia da República de Portugal, o equivalente a deputado federal no Brasil, e vereador em Lisboa, capital do país, onde nasceu em 1972. É um dos fundadores do Partido Livre.
Mas sua atuação não fica restrita à política formal e à academia. Escreveu uma peça de teatro (O arquiteto – sobre Minoru Yamasaki, cujo projeto mais conhecido era das Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York), além de artigos para jornais portugueses e brasileiros.
Foi autor de um programa televisivo de divulgação histórica para a RTP e do podcast Agora, agora e mais agora, produzido pelo jornal português Público, que inspirou o livro de mesmo nome, lançado em 2024 pela Tinta-da-China em Portugal e no Brasil.
Em entrevista concedida à BBC News Brasil por videoconferência, ele aponta os riscos dos poderes ilimitados dos super ricos e critica quem considera mais viável criar o clima da Terra em Marte a salvar o planeta.
Torce por resultados da COP-30, que será realizada em Belém, defende políticas públicas com menos burocracia e soluções práticas. E sugere uma esquerda que defenda a liberdade e consiga dialogar com os evangélicos, sem abrir mão dos valores dos chamados grupos identitários.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista, editada por concisão e clareza.
BBC News Brasil – Como você mantém e defende um otimismo no mundo de hoje?
Rui Tavares – O sentimento é absolutamente central para a política, e sentimentos diferentes servem programas políticos diferentes. Não devemos tentar competir com a direita e muito menos com a extrema-direita na alavancagem da frustração, do medo, do egoísmo e do ódio.
Por muito que se reconheça que esses são sentimentos poderosos e que são um combustível político que tem uma grande quilometragem e pode levar um projeto político muito longe.
Muitos desses sentimentos que a direita usa trazem consigo a ideia de que no passado a gente estava melhor e, portanto, é uma ideia inerentemente conservadora. E, quando a esquerda tenta utilizar o mesmo tipo de sentimento na sua competição com a direita, ela não se apercebe que está a gerar uma reação que é mais vantajosa para reacionários do que para progressistas.
BBC News Brasil – Mas é um sentimento real na política?
Tavares – Acabei de escrever uma crônica sobre Mário Soares, grande político português que faria 100 anos no dia 7 de dezembro. Eu o conheci um pouco. Estava numa reunião com mais três ou quatro pessoas e o Mário Soares entrou.
Era da última eleição que ele disputou e que sabia que teria um mau fim. Depois de ter sido reeleito presidente com 70% dos votos, disputou o cargo pela terceira vez. E, depois de ter havido mandatos de outros presidentes, teve só 14% e ficou em terceiro lugar.
E ele dizia para a gente “Sei que vocês estão preocupados que eu fique deprimido, mas não sei o que isso é. Nunca estive deprimido nenhum dia da minha vida”.
É algo que ainda hoje desafia completamente a minha crença, porque ele nasceu em 1924. A República Portuguesa, a primeira República, acabou quando ele ainda não tinha dois anos. Ele viveu até os 50 anos em ditadura. E ele tinha 16 anos e o nazifascismo estava conquistando o mundo.
E, curiosamente, o ataque a Pearl Harbor se deu exatamente no dia em que ele fez 17 anos, que era no dia 7 de dezembro de 1941. E, claro, nem toda a gente pode pensar ter uma constituição psicológica como o Mário Soares, de ser imune à depressão. Isso não existe na maior parte de nós.
Mas eu acho que é a lição, numa carreira política imensa, que tem muitas coisas: que trouxe Portugal para a Europa, que ajudou a firmar a democracia e evitou uma guerra civil em Portugal.
Claro que tem muitas coisas muito importantes, mas a lição maior que tiro da carreira dele é que sem otimismo não há mobilização, sem mobilização não há vitórias, sem vitórias não há alegria. E a alegria tem um lugar na política. Acho que os maiores políticos, os mais geniais no campo progressista, entendem isso.
BBC News Brasil – O quadro atual lhe parece inspirador para estes sentimentos?
Tavares – A primeira coisa que a gente tem que explicar às pessoas é que as mudanças que a gente está a ver agora, não só na questão ambiental, mas na inteligência artificial, são mudanças novas, ou seja, alteram o próprio padrão da mudança.
O cérebro humano se adapta bem à mudança gradual, constante e até à mudança cíclica. Mas, depois, há o outro tipo de mudanças e nós fazemos pouco esforço, até nas ciências sociais, para entender a etiologia da mudança e as suas tipologias.
Qual é o problema? Temos em conjunção, no momento atual, várias mudanças de tipo disruptivo, irreversível, exponencial e temos em simultâneo.
A inteligência artificial é disruptiva, as alterações climáticas correm o risco de ser irreversíveis e as pandemias são exponenciais. E depois temos desafios que são de um caráter mais histórico, como a regressão democrática, que podem talvez ser cíclicas, mas que são ciclos longos, seculares.
Então, quando elas ocorrem numa geração, elas não estão na memória viva dessa geração, não são coisas a que estejamos habituados.
BBC News Brasil – E como agir diante delas?
Tavares – Temos que explicar às pessoas essas mudanças e temos que explicar de forma muito simples a solução para cada uma dessas mudanças.
Elas estão lá e a maior parte das pessoas sente que estão. Faltam protagonistas políticos que façam o que um Franklin Delano Roosevelt fez perante a crise bancária de 1933, naquele famoso discurso do só temos a temer o próprio medo. Ele falava de uma crise muito complexa e ninguém se lembra já hoje do que é que eu disse antes da frase famosa. E é lá que ele explicou a crise bancária.
Inclusive assumiu perante o povo que não conseguiria explicar em todos os detalhes porque era extraordinariamente complexa. Não era fácil de entender nem para os financeiros, muito menos para o cidadão comum. E ele disse o que iria fazer: fechar os bancos durante alguns dias, limpar os que ainda tinham esperança de ser salvos e fechar os outros. E depois ele explicou às pessoas que, quando os bancos reabrissem, ele iria precisar delas.
Porque só poderiam saber se o plano deu certo quando estivessem entrando nos bancos mais depósitos do que estão saindo saques. Explicou que era uma coisa que ele não poderia fazer sozinho e que precisaria contar com eles. E, para dar certo, ele precisaria que a população acreditasse naquilo que ele estava fazendo. É assumir a dificuldade, explicar as soluções, falar com as pessoas, como inteligentes e adultas que elas são, e trazer o cidadão para a parte da solução.
Isto pode dar resultado, porque as pessoas gostam de ser tratadas com respeito, como pessoas adultas que podem ajudar na solução.
E, nas outras coisas que a gente está a viver hoje, as pessoas precisam, sim, ouvir o otimismo que eu falava na primeira pergunta, mas não pode ser um otimismo besta, desvinculado da realidade.
BBC News Brasil – O que causa ascensão da extrema-direita?
Tavares – A direita neoliberal e libertária, mas também as direitas autoritárias, de outra forma, propõem e prometem um mundo sem fricção. Ao passo que, em boa medida, as nossas políticas sociais ainda têm uma grande dose de fricção.
É muito simples. No mercado, em que a gente compra e vende e em que a gente atua como consumidor, há um grande fator de fricção, uma grande barreira, que é: você tem dinheiro ou não tem dinheiro.
Mas se você tem dinheiro, a partir daí a coisa funciona quase sem fricção, porque a competição entre empresas está organizada para ser o mais fácil possível conseguir aquilo que você quer. E a empresa que tem menos fricção ganha sobre aquela que tem mais.
E é por isso que muitas coisas são muito simples. E isso, nomeadamente para muitos jovens, é uma proposição muito interessante. É assim porque o que muitos desses jovens dizem é: cobrem menos impostos, tire menos dinheiro do meu salário, saiam da minha frente, na verdade, porque eu com o meu dinheiro eu chego lá na loja e compro. E eu nem preciso de ir na loja: compro na internet e trazem na porta da minha casa. E se aquilo for fácil de montar, ganho uma vida sem fricção.
Em 2024, a Europa se ‘virou’ à direita na política. Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, é um exemplo da ‘locomotiva’ da direita radical no continente
BBC News Brasil – Não há como competir com esse discurso?
Tavares – Aqueles que defendem políticas sociais, como eu, muitas vezes propõem algo assim, pelo menos aqui na Europa. No Brasil, não sei se é bem assim.
Imagina, tu tens um projeto social para o teu bairro, vai fazer um projeto interessante, vai montar uma associação, ter o trabalho, burocracia, documentos, etc.
Essa associação, ela vai concorrer a um projeto, mais trabalho, burocracia, documentação, etc. E com sorte vocês ganham esse projeto. Mas durante todo esse projeto, até porque a direita conseguiu criar toda uma desconfiança em relação às políticas sociais e em relação aos mais pobres, vai precisar documentar, etc, etc, etc.
E, portanto, mais trabalho. No fim disso tudo você vai ter um subsídio que vai permitir fazer um trabalho que vai finalmente melhorar o teu bairro, mas que se não for documentado, burocratizado, fiscalizado, vai vir alguém que vai dizer que esse dinheiro foi jogado fora, que é tudo uma mamata da esquerda, como se dizia aí, que é corrupção, e por aí afora.
Você já viu até o tempo que demora a explicar isso, quando o agente no mercado simplesmente diz não, eu só quero menos impostos, mais dinheiro, eu vou lá e eu compro na loja, que é o que eu quero.
BBC News Brasil – Por que você considera o Brasil diferente?
Tavares – Na Europa, vivemos um caso extremo disso. Todas as políticas sociais são hipercomplicadas e todas as soluções de mercado se apresentam como sendo sem fricção.
Vocês, apesar de tudo aí no Brasil, conquistaram algumas políticas sociais, como o Bolsa Família, que têm menos fricção e, por causa disso, hoje em dia, nem a direita propõe acabar com elas.
Mas é preciso entender que uma das grandes razões do sucesso delas é a simplicidade. A gente tem que pensar na forma de propor políticas que sejam generosas, que sejam sociais e tem que pensar que as pessoas querem simplicidade e a gente tem que falar essa linguagem da simplicidade. E não digo só no discurso.
Claro que o discurso político precisa de uma simplicidade inteligente para combater a simplicidade estúpida. Mas as próprias políticas sociais têm que ter uma forma simples de acesso. Porque, enquanto as pessoas são ainda jovens, enquanto não tiverem tantos problemas de saúde, enquanto elas não encararam a sua primeira depressão, não passaram por dificuldades, vai ser relativamente simples dizer: olha, eu só quero o meu dinheiro, não quero nada disso.
Cobra menos impostos e eu vou lá e compro. A gente tem de entender a razão do sucesso do discurso egoísta e individualista para poder explicar como é que a gente pode fazer em conjunto coisas que são melhores para todos, mas que tem que respeitar o desejo de independência que cada pessoa tem.
BBC News Brasil – Como lidar com otimismo com a inteligência artificial?
Tavares – A inteligência artificial pode ser uma grande ajuda para a gente se isso se converter, por exemplo, em menos dias de trabalho.
Se conseguirmos integrá-la aos nossos mecanismos de trabalho, será bom para toda a gente. Isso pode ser feito a pequena escala. Em Portugal, temos o projeto-piloto da semana de quatro dias, que vocês chamam escala 4×3.
O processo começa por um momento de democracia no local de um trabalho em que o chefe, o gerente, o patrão, o administrador e o trabalhador olham para a semana e com um objetivo bem concreto em mente, dizem: “Ah, se a gente não fizer esta reunião neste dia, se a gente mudar este ou aquele processo, a gente consegue uma coisa que é boa para o trabalhador e que é boa gestão para a empresa, porque trabalhadores mais frescos causam menos erros, menos acidentes no trabalho e produzem melhor”.
Aí está um exemplo. A gente tem uma coisa complexa que, trazendo as pessoas para a solução, pode ser resolvida.
Tavares acredita que a inteligência artificial pode contribuir para jornada de trabalho reduzida
BBC News Brasil – Mas a solução não vem em um momento de crise do trabalho?
Tavares – Creio que há uma obrigação em tornar o trabalho como o conhecemos até agora, subordinado, com carteira de trabalho e um horário como algo melhor e mais desejável para as pessoas.
E eu falo muito de alguns projetos de desejo político, é claro. Um objeto de desejo político fundamental é a diminuição do horário de trabalho. Foi isso que os anarquistas começaram a fazer lá no século 18, com o novo movimento operário.
Era uma coisa um pouco paradoxal, porque eram anarquistas lutando por uma lei, aqueles mártires de Chicago, que deram origem ao 1º de maio, eram anarquistas que queriam uma lei para diminuir o horário de trabalho.
Porque isso dava liberdade. E, se a pessoa em vez de trabalhar 14 ou 16 horas, trabalhasse no máximo 8 horas, isso significava que tinha 8 horas para descansar e outras 8 para fazer aquilo que bem entendesse.
Não era mudar o sistema todo de hoje para amanhã e a pessoa ser livre, mas pelo menos todos os dias a pessoa poder ser mais livre por oito horas.
E se hoje a gente conseguir mudar para uma escala 4×3, isso significa muito mais liberdade para as pessoas. E o que é incrível, e talvez a esquerda não se aperceba disso, é que está toda a gente a falar disso.
Acabei de chegar do Brasil num momento em que eu ia apanhar o avião e as senhoras estavam no balcão do check-in a falar da semana de quatro dias.
E eu pude dizer que nós já fizemos um teste em Portugal e que mil trabalhadores fizeram um teste em 40 empresas de semana de quatro dias, cujo relatório está disponível e os resultados são incríveis, melhores do que a gente esperava. Menos ansiedade, menos distúrbios no sono, menos síndrome de pânico, menos erros no trabalho e menos acidentes no trabalho.
Praticamente metade dos trabalhadores dizia ter dificuldade de conciliação com a vida familiar e isso caiu para menos de um décimo. Ficou só 9%. E o que quer dizer que há até bom argumento pró-família.
Bom argumento para a gente, talvez até para um eleitorado mais conservador, para a gente olhar a semana de quatro dias, pois ela serve também para quem quer ficar mais com a família. Para cuidar dos filhos ou para cuidar da pessoa mais idosa que está em casa e que precisa de cuidados.
Hoje a lei brasileira diz que o horário normal de trabalho não deve ser maior que oito horas diárias e 44 horas semanais
BBC News Brasil – Qual a extensão deste tema para o debate político?
Tavares – A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e o vereador carioca Rick Azevedo (PSOL) acertaram em um objeto de desejo político.
A direita critica em boa medida porque ela entende que a esquerda aqui acertou num objeto de desejo político que é ganhador.
Agora, da mesma forma, a esquerda tem obrigação de entender porque é que essa coisa do empresário em nome individual ou do trabalhador de plataforma e do coach tem sucesso entre a população de hoje.
Em primeiro lugar, é o sonho de uma independência modesta, não é a de uma prosperidade que dá a independência de uma pessoa, de uma família.
É um sonho antigo e deve ser respeitado. Inclusive era forte na esquerda do século 19, o pequeno comerciante, o pequeno artesão, o artista tinha um papel muito importante.
A esquerda industrializada e sindicalizada de massas é muito típica do marxismo, mas noutras correntes da esquerda e do socialismo em particular, no anarquismo e no republicanismo, havia um papel muito importante pelo pequeno lojista ou pequeno advogado, etc.
Foram camadas muito importantes e muito progressistas de gente que não estava interessada no trabalho mais formal, mas interessada em conquistar o suficiente para dar independência para si e para as suas famílias.
E hoje em dia temos a direita propondo esse tipo de figura e função social e alguma esquerda, eu não diria toda, ainda muito agarrada a uma função social do trabalho, que era típica da grande empresa, mas também do patronato, muito forte e estabelecido.
E então temos obrigação de entender qual é a metamorfose que tem aí, que não é nova. Ela já tem tempo e procurar soluções para que a gente entenda o que as pessoas querem e depois possa apresentar propostas para ela.
BBC News Brasil – E com relação às mudanças climáticas?
Tavares – Nós não tivermos cuidado de explicar às pessoas que as alterações climáticas são um problema que tem uma solução, aquilo que nós, indiretamente, ao jogar nas pessoas, provocamos uma reação que diz das duas uma: ou que no passado era melhor ou que devemos ser egoístas enquanto estiver bom para a gente tentar se concentrar em se salvar, a nós e aos mais próximos de nós, num cenário quase apocalíptico.
Isso não é o que interessa para a esquerda, porque os sentimentos da esquerda, dos progressistas, aqueles que a gente precisa estimular, são os da solidariedade, da generosidade e da capacidade de fazer coisas em conjunto.
Portanto, a cordialidade, a camaradagem e a ideia de que o futuro vai ser melhor não é que pode ser melhor, mas é de que vai ser melhor se nós nos empenharmos nisso em conjunto.
Ora, tudo isso precisa de otimismo. Sem otimismo, não posso convencer o meu vizinho do lado a vir comigo a qualquer lugar. Isso é da vida comum e é também da própria vida política. E, portanto, se eu não mobilizo pessoas, eu não posso esperar ter vitórias. Se eu não tiver vitória, eu não posso trazer o otimismo para a política e explicar para as pessoas, através da ação primeiro, como é que é a esperança das coisas melhorarem vem depois.
BBC News Brasil – Como dizer isso?
Tavares – As pessoas querem deixar um mundo melhor aos seus filhos e aos seus netos.
As pessoas querem um mundo mais saudável, com menos doenças respiratórias, e com um clima mais previsível.
Se houver os incentivos, políticas sociais e respostas certas para as indústrias que vão ser deslocadas, e se houver protagonistas com credibilidade para explicar isso às pessoas, as pessoas querem. Até porque tem vantagens.
Claro que resolver o problema das alterações climáticas, dos gases de efeito estufa, demora. Se a gente fizer uma transição do carro com o combustível fóssil para o carro elétrico, melhorará os gases com efeito de estufa, que temos na atmosfera do planeta todo.
Podem não ser, talvez, o incentivo direto mais fácil que a gente tem para as pessoas, mas os gases poluentes são mais locais e ficam nas cidades, nas nossas ruas, nos nossos bairros e também são produzidos pelos mesmos carros. Na verdade, esses com as primeiras chuvas, eles passam e isso significa menos doenças respiratórias.
Acho que pode ser interessante para uma mãe, que tem um filho com uma doença respiratória, pensar que a cidade vai ficar mais limpa se a gente substituir essa frota e que depois das primeiras chuvas, não é daqui a 30 anos, é daqui a poucos anos, a gente pode ter um ar mais respirável.
O que também é importante para o idoso. A gente viu na pandemia como é que a doença respiratória pode ser uma sentença de morte. Podemos explicar às pessoas que a atenção àquilo que a gente está a fazer não é uma coisa contra o automobilista do automóvel privado, que precisa do carro para trabalhar.
É uma coisa que, se for feita de forma bem-sucedida, significa que o filho dessa pessoa, e que o pai ou a mãe dessa pessoa, vão viver uma vida melhor proximamente, em breve. Então, em tudo, em todos os desafios que a gente está a viver, a gente tem de encontrar aquilo que é do interesse daquela pessoa específica num curto prazo e explicar porque é que aí está uma vantagem para a pessoa. E aí a gente tem um otimismo, que é um otimismo dos resultados, das conquistas concretas. Não é um otimismo completamente aluado.
BBC News Brasil – E como lidar com os discursos contrários?
Tavares – Uma coisa que me espanta às vezes é a resposta de um Elon Musk de que nós vamos colonizar Marte. E vamos climatizar Marte de uma maneira que vai tornar Marte bom para a vida humana.
E o que é extraordinário é que tu tens muita gente que é ao mesmo tempo cética das alterações climáticas, mas que acha perfeitamente realista a gente chegar a Marte e fazer de Marte um planeta verde. Gente que não quer colaborar na resolução do problema aqui na Terra.
Eu não sei se tem comparação, mas é infinitamente mais fácil resolver o problema na Terra, por muito difícil que ele seja, do que tornar Marte um planeta como a Terra é hoje. Nós já temos um bom planeta. Acho que, em parte, a escapatória para esse tipo de soluções completamente, para não dizer irrealistas, eu diria só extraordinariamente impossíveis de conseguir em termos de coordenação coletiva.
Ela ocorre em parte, se nós, do lado da esquerda, só estivermos a dar às pessoas um lado do problema, dizendo o tempo todo que é terrível e não vai haver planeta para todos. Então aí claro que algumas pessoas vão procurar essa escapatória. Se não há planeta para todos, vamos nos mandar daqui, como vocês diriam no Brasil.
O absurdo fica parecendo mais viável do que a solução, ainda que difícil, mas uma solução de coordenação coletiva, que os humanos sabem como fazer, não é feita na mesa.
BBC News Brasil – E como você vê o que tem sido feito neste sentido?
Tavares – A COP de 2025 em Belém é tão importante, por mais frustrante que seja, porque está toda a gente sentada em torno da mesa falando acerca da possibilidade de uma solução.
E se a gente conseguir essa solução, vai ser um grande feito de coordenação coletiva da humanidade na sua história. Mexemos com o clima do planeta e conseguiremos nos entender para “desmexer”.
A gente já conseguiu isso uma vez com o buraco de ozônio e com os aerossóis, que eram utilizados até os anos 80. Foi um grande feito de coordenação coletiva, mas é menos do que o que a gente precisa para as alterações climáticas.
É muito mais simples do que aquilo que a gente precisaria de fazer para saltar do planeta e tornar Marte um planeta tão bom como a Terra.
Não quer dizer que a gente não explore outros planetas, mas quer dizer a gente conseguir que o nosso planeta continue bom, apesar de tudo, uma coisa mais realista.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) será realizada em novembro de 2025 no Brasil em Belém, no Pará
BBC News Brasil – Como você, que é anarquista, vê o discurso anarcocapitalista?
Tavares – Quando comecei a ler sobre política, fiquei fascinado com autores anarquistas. Era algo que eu não esperava, porque na minha família havia gente que estava ligada a uma esquerda mais clássica, marxista, e que achava que os anarquistas tinham sido uns tontos e que não sabiam nada de nada. Era tudo o contrário.
Na verdade, os anarquistas no século 19, como um Proudhon, com suas teses federalistas, inventou o tipo de ajuda mútua que vemos no sindicalismo e nas confederações sindicais.
Eles tinham uma noção muito clara de que na esquerda deveria estar uma defesa da liberdade, e aquilo que não estava tão claro para eles era o que os social-democratas provaram com o Estado Social, no século 20, que o Estado também poderia ser uma ferramenta de emancipação das pessoas. Imagino como esses anarquistas, hoje em dia, veriam o que diz um Javier Milei [presidente da Argentina].
Esta é uma conspurcação da palavra liberdade, desses supostos libertários da direita, a quem eu bem chamo de libertarianos, ou então, como dizia Bookchin, que foi um anarquista importante do século 20, são proprietarianos.
Para eles, aquilo que orienta a sua ideologia política não é tanto a liberdade, mas a questão da propriedade. Isso não tem nada, evidentemente, a ver com os autores anarquistas do século 19 e do século 20. E a mim me dá voltas no estômago quando eu os vejo reivindicarem essa palavra, libertário.
Ou, já agora, os autores do século 21 também, porque a gente tem um Chomsky que hoje vive no Brasil e que é talvez o anarquista mais famoso, mais conhecido.
Muita gente nem sabe o que é anarquista e se reivindica anarquista. Está documentado que, evidentemente, é um elemento de ligação com esse anarquismo mais antigo, até em grande medida de raízes judaicas nos Estados Unidos.
De uma Emma Goldman, por exemplo, e de outros autores do início do século 20 que tinham essa noção de que se a esquerda não for pela liberdade, se a esquerda não reivindicar a liberdade, vem uma direita que toma a liberdade da esquerda e que utiliza essa palavra.
E mobiliza as pessoas para um novo autoritarismo e até para uma desumanização das relações através da aplicação de uma lógica econômica a tudo.
BBC News Brasil – Mas o Estado pode ser agente de mudanças?
Tavares – Se a gente olhar para a história do Estado, ele somente funcionou a favor da maior parte das pessoas e das classes com menos poder e com menos dinheiro em situações relativamente restritas, de grande pressão social, de mobilização dos trabalhadores em particular e de capacidade de organização.
Aí a gente vê que na social-democracia escandinava, por exemplo, eles fizeram coisas extraordinárias de saúde pública, de prestações sociais de educação pública que libertam as pessoas. Mas as coisas deixadas, digamos, ao seu curso, talvez natural, o Estado é facilmente capturável pelos interesses dos mais ricos e dos mais poderosos como grande instrumento de controle e de vigilância social.
Era isso o estado do século 19. A gente lembra nos Estados Unidos, numa fase em que os grandes magnatas cooptavam o Estado e utilizavam suas agências de detetives privadas para destruir o sindicalismo.
A partir dos anos 30, tivemos com o Roosevelt e o New Deal, um exemplo de como a conciliação entre os interesses dos trabalhadores e dos patrões ajudaria a criar uma mão de obra qualificada que o permitiria alcançar um equilíbrio entre capitalismo e socialismo.
De certa forma, já não era um capitalismo desenfreado, era um sistema misto com setor público, setor privado e setor cooperativo. Acho que a gente pode recuperar isso e que não deve entrar nesses delírios anarcocapitalistas, de abolir um Estado que depois, basicamente, não deixaria nada entre os magnatas e o povo, que seria consumido e consumidor ao mesmo tempo nesse sistema.
Para conseguirmos dar essa resposta, precisamos explicar para a grande massa de hoje, através da cooperação internacional, que a gente não precisa e não deve querer ter gente tão rica como Elon Musk.
BBC News Brasil – No que eles são diferentes dos magnatas de outras épocas?
Tavares – Agora fala-se super ricos, mas a gente devia chamar de super hiper mega ricos, porque eles já não têm comparação com o rico normal.
Um rico dos anos 50 seria alguém como Calouste Gulbenkian, o armênio que tinha 5% do petróleo do Iraque, que era o homem mais rico dos anos 50, que chegou aqui a Portugal e fez um museu, uma orquestra, uma fundação, um ballet, bibliotecas, e ainda sobrou dinheiro para ele e a família dele ficarem muito confortavelmente.
Ora, esse homem pagava pelo menos 50% em termos de taxa de impostos. Se fosse nos Estados Unidos de Eisenhower, que era um presidente republicano, ele pagaria até 91% de taxa de imposto sobre as suas camadas de rendimento mais altas. Hoje em dia a gente tem um super mega rico, como o Elon Musk, e outros como ele que, às vezes, pagam 0,5%.
O Elon Musk, no ano em que pagou mais, pagou 4,5%, e num ano como o do começo do ano passado, ele começa o ano com cerca de US$ 280 bilhões e gasta US$ 130 milhões na campanha do Trump, que é a maior contribuição das maiores. E a gente pensa US$ 130 milhões é um prêmio do Euromilhões aqui na Europa, nas semanas em que tem jackpots. Mas, na escala da fortuna dele, fica o preço de um café. Então para ele, US$ 130 milhões – que a maior parte de nós não consegue nem sonhar em ter, que daria para ficarmos bem o resto da vida e deixar bem os irmãos, os filhos, etc – para ele é um café.
BBC News Brasil – Qual o risco político que essas pessoas trazem?
Tavares – Musk paga a campanha do Trump, ele ganha sua aposta e nos dias a seguir à vitória do Trump, ele ganha US$ 28 bilhões e com isso ele passa aos US$ 300 bilhões de fortuna. Sem falar que a criptomoeda em que ele investe, que se chama Dogecoin – assim como o departamento que foi criado para ele na administração do Trump se chama DOGE, que é o Department of Government Efficiency – subiu 20%.
Quer dizer, isso já não é um conflito de interesses. A gente precisa de novas palavras para isso. Isto é um furúnculo que ameaça transbordar e tomar o mundo todo. Um dia destes, estes super ricos poderão não só ter redes sociais, como já têm, mas poderão comprar exércitos, arsenais e podem ter os satélites que orbitam à volta da Terra e constituir redes de satélites.
E será que nós deveremos querer isso? Porque para nós, apesar de tudo, um Estado que tenha um exército, a gente consegue, de certa forma, controlá-lo. Um homem sozinho, com mais dinheiro do que a maior parte dos países do mundo, é incontrolável, faz o que quer.
Donald Trump, presidente eleito dos EUA, e o empresário Elon Musk
BBC News Brasil – É preciso um imposto global sobre eles?
Tavares – Eu valorizo muito essa ação que o Brasil tem tomado, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de pôr em cima da mesa a pauta de cobrar impostos sobre grandes fortunas. Com ele, a gente tem uma solução para as alterações climáticas, para tudo o que a gente precisa fazer, a transição para todo o investimento público que a gente precisa fazer.
Mas não só a gente teria uma solução, como a gente teria um problema a menos, porque os super ricos, da maneira como eles estão, é incomparável com os maiores ricos de há duas ou três gerações atrás, são um perigo para o mundo. Imagina ter esse tipo de recursos nas mãos e enlouquecer? Aliás, é quase impossível imaginar ter esse tipo de recursos nas mãos e não enlouquecer. Até para a saúde mental da pessoa, a gente definir aí uma taxa de impostos progressiva, que seja muito alta para os super ricos. A gente não precisa ter gente que caminha para ter US$ 1 trilhão.
BBC News Brasil – Qual o futuro dessas pautas em um país como o Brasil, que tende a se tornar majoritariamente evangélico?
Tavares – Vou remeter aqui para o último filme da Petra Costa, que eu recomendo vivamente e chama Apocalipse nos Trópicos. Creio que estará em distribuição no Brasil brevemente. Tive uma pequena participação no roteiro do filme e acho que o filme dá muitas pistas sobre esse tema dos evangélicos, e em particular dos neopentecostais, na política. Sou um ateu fascinado pelas religiões. Acho que há um problema que tem a ver com o que é prático na política. Como os dois primeiros mandatos do Lula tiveram políticas sociais que levam mais gente a adquirir casa, a entrar na universidade, poder viajar mais, comprar o seu automóvel.
Porém os louros dessas políticas, numa lógica moral e teológica diferente, não ficam com as políticas públicas e estatais ou outras, ficam apenas com o indivíduo e Deus. Eu tenho isso tudo, mas não foi o Estado que me ajudou, foi Deus.
É preciso conseguir recriar o diálogo que permita ter aqui um consenso mais próximo do que foi a realidade das políticas públicas. O mérito individual tem um papel. A pessoa tem uma crença divina, isso faz parte da sua própria personalidade e da sua filosofia de vida. Mas se não houver Estado nem políticas públicas, vamos viver numa situação mais complicada, em que é muito mais difícil Deus ajudar, diria eu, que sou ateu.
BBC News Brasil – E como estabelecer este diálogo?
Tavares – Há um elemento que me fascina no neopentecostalismo, que está na origem do próprio Pentecostes, que é um milagre que aconteceu 50 dias depois da Páscoa, quando já Cristo tinha ascendido ao céu.
Os apóstolos estão sem Cristo, eles não sabem como é que vão fazer para espalhar a mensagem. As línguas de fogo descem do céu e põem os apóstolos a falar todas as línguas de todos os humanos. Na verdade, é um evento muito interessante no Novo Testamento, porque é uma espécie do oposto da Torre de Babel. Na Torre de Babel, Deus confundiu os humanos em várias nações e com Pentecostes, por intercessão de Cristo, passa a haver uma esperança de conseguir falar com toda a humanidade.
Assistiram àquele episódio árabes, romanos, gregos e os egípcios, etc. E toda a gente entendeu porque os apóstolos estavam a falar tanto que até pensaram que estavam bêbados. Curiosamente, é um milagre muito cosmopolita e, se quisermos, de esquerda. Do ponto de vista da ideia de concórdia, de fraternidade universal, de humanidade como uma comunidade em si. Ali talvez esteja uma pista para um diálogo com os neopentecostais.
Por outro lado, também pode ter uma tradução hiper elitista e a gente vê isso no fenômeno do falar em línguas. Há uma elite do neopentecostalismo que se presume não apenas cristã e crente, mas profeta, porque crê que não foi batizada só pela água, como é o batismo normal, mas foi batizada pelo fogo, que é o batismo das línguas de fogo do Pentecostes. Isso lhes permite profetizar e os põe a uma distância muito grande do resto da comunidade de crentes, o que pode levar a fenômenos autoritários.
Vai ter que haver uma aprendizagem de onde estão elementos que são de progresso, de generosidade e de solidariedade na religião. O fenômeno religioso não pode ser desvalorizado como alguns marxistas faziam, como uma superestrutura meramente espiritual. Preocupados com o materialismo histórico, portanto com as coisas meramente econômicas, para eles a religião era apenas uma espécie de emanação dos modos de produção. Isso é uma maneira completamente errada de olhar para os fenômenos culturais.
Marx disse uma vez que a religião é o ópio do povo, mas acho que ele nunca se preocupou em entender ou em explicar a seguir que há uma razão porque o ópio era considerado bom. Teve derivações como o futebol é o ópio do povo e por aí afora, mas sempre que os intelectuais de esquerda se aproximaram desses fenômenos a partir de uma posição de arrogância, eles falharam.
É preciso entender o apelo que o futebol tem e até apreciá-lo. Demorou muito tempo, mas hoje em dia a gente vê que os intelectuais, até muito por ação de autores e escritores brasileiros, normalizaram o amor pelo futebol, que não é uma coisa à parte do prazer das ideias, mas que é uma coisa que faz parte da criatividade viva da expressão humana e do talento.
BBC News Brasil – Como você vê as chamadas pautas identitárias dentro da esquerda atual?
Tavares – O pessoal tem que entender que o fenômeno cultural é motor de mudança. Isso vale também para as identidades. Lembro de quando voltei ao Brasil, depois de muitos anos de ausência, e fui a um encontro na Fundição Progresso, no Rio. Estava lá o Pablo Capilé, que me disse assim pela primeira vez: “Cara, tem uma esquerda tradicional da luta de classes e uma esquerda do imaginário e da identidade, e elas se detestam”.
Foi a primeira vez que alguém me descreveu de forma tão gráfica esse fenômeno. E ainda há muita gente que acha que essa história das identidades é uma distração.
Precisamos entender desde logo que a luta de classes também é uma luta identitária, de criação de uma consciência, portanto, logo, de uma identidade de classe, mas sem entender que identidade é uma coisa que toda a gente tem.
Sem identidade, eu não acordo hoje sabendo que sou mais ou menos a mesma pessoa que eu era ontem. E eu não vou acordar amanhã sabendo que sou a mesma pessoa que sou hoje.
A identidade é uma função da memória. E sem memória nós não somos seres humanos funcionais.
A identidade é a forma como nós contamos a nós mesmos uma história, uma narrativa sobre quem somos. E, portanto, não pode de jeito nenhum ser desvalorizada pela esquerda.
Pela direita religiosa ela não é de todo desvalorizada: eles têm outra porta de entrada na identidade e não desvalorizam nunca o fenômeno identitário, que é essencial à vida humana.
Dólar e viagens em 2025: novo produto de fintech, oferece a melhor cotação

Dólar e viagens em 2025: novo produto de fintech, oferece a melhor cotação ((Foto: Freepik))
Como equacionar o dólar e as viagens em 2025? A Nomad, fintech brasileira conhecida por romper barreiras e oferecer soluções completas para a vida financeira internacional dos brasileiros, apresenta ao mercado o Dólar Nomad, idealizado em parceria com o Ouribank. O novo produto, exclusivo e inédito na categoria, garante a melhor cotação em moeda americana para quem planeja viagens e compras com antecedência e pode receber os dólares após o prazo de um ano.
Desde o dia 4 de dezembro, os clientes da fintech com recursos em conta poderão fazer a cotação para a compra da moeda americana e optar se a conversão será imediata ou via Dólar Nomad, que considera o câmbio comercial e ainda proporciona economia de até R$ 0,15 para cada US$ 1 adquirido. O valor mínimo para a conversão por meio dessa modalidade é de R$ 5 mil.
O objetivo da fintech, que já possui um portfólio repleto de soluções para os brasileiros que já viajam e investem no exterior, é incentivar um novo comportamento de compra no qual os clientes podem se organizar com antecedência e garantir mais vantagens na compra do dólar. “Com o novo produto, o Dólar Nomad, os clientes economizam no momento do planejamento de suas viagens e planos futuros, sem se preocuparem com a variação do câmbio, pois sabem exatamente a quantia que receberão em um ano”, explica Lucas Vargas, CEO da Nomad.
Para quem é este produto que equaciona dólar e viagens em 2025
Casais que vão passar a lua de mel no exterior, estudantes que estão prevendo fazer intercâmbio e até quem apenas vai viajar de férias e gostaria de garantir a cotação com mais economia e de forma planejada: esses são alguns dos perfis de quem pode se beneficiar com o Dólar Nomad.
“Queremos sempre oferecer as melhores experiências aos nossos clientes, com economia, praticidade e inovação. Somos a primeira marca da categoria a oferecer parcelamento de dólar, uma sala VIP exclusiva no Aeroporto Internacional de Guarulhos e uma plataforma de compra de viagens a preços competitivos, o Nomad Trips. Com o lançamento do Dólar Nomad, reforçamos nosso compromisso de descomplicar as finanças internacionais, por meio de soluções inovadoras e criativas que ninguém tinha pensado antes”, reforça Vargas.
Entenda como funciona
O Dólar Nomad é um novo produto que permite a contratação do câmbio para liquidação futura, recebendo o valor depois de um ano. A taxa de câmbio aplicada será a fixada no momento da contratação, com economia de até R$ 0,15 por U$ 1 comprado. Caso o cliente queira utilizar o valor antes desse prazo, ele receberá seus dólares sem a economia oferecida pelo Dólar Nomad, com a cotação do câmbio da data de contratação original.
A Nomad possui mais de 2,3 milhões de clientes ativos e, nos últimos meses, viu seus ativos sob custódia da empresa crescerem mais de 40 vezes — já são mais de R$ 4 bilhões. Parte dessa evolução é decorrente da confiança na marca e da expansão do portfólio em produtos para investir nos EUA e com foco nos viajantes internacionais, além da oferta de benefícios exclusivos.
Os fundos na conta Nomad são assegurados em até US$ 250 mil pelo Community Federal Savings Bank, membro do fundo garantidor dos EUA (FDIC), para cada tipo de conta por titular. O SIPC protege contas de clientes de até US$ 500.000 (quinhentos mil dólares americanos), incluindo US$ 250.000 (duzentos e cinquenta mil dólares americanos) em solicitações de pagamento em dinheiro.
A Nomad é uma empresa de tecnologia financeira, não um banco. Determinados serviços bancários são oferecidos pelo Community Federal Savings Bank, membro do FDIC. O cartão de débito da Nomad com a bandeira Visa é emitido pelo Community Federal Savings Bank sob uma licença da Visa U.S.A. Inc.
Os viajantes e interessados em construir um patrimônio em moeda forte, podem adquirir a moeda americana por meio de conversão imediata, parcelada ou com recebimento programado com o Dólar Nomad. Toda conversão gera pontos no programa de fidelidade da companhia, o Nomad Pass, que garante mais recompensas de acordo com a pontuação.
Com ampla cobertura, Nomad oferece um cartão de débito internacional físico e virtual que é aceito em mais de 180 países e territórios, sem cobrança de taxa ou limite de saques para a rede de caixas eletrônicos (ATMs) da MoneyPass. Também é possível conseguir descontos exclusivos no Nomad Shop, plataforma de benefícios da fintech, que oferece vantagens imperdíveis para todo o checklist de viagem, com até 60% de desconto em serviços como seguro viagem, aluguel de veículos, reserva de hospedagem, passagens aéreas, chips internacionais e ingressos para as melhores atrações em diversos países.
Mais comodidade
Para dar mais comodidade e conforto, a Nomad oferece uma sala vip no terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos, o Nomad Lounge, e um espaço exclusivo para clientes dentro do Nomad Coffee, localizado em frente ao Consulado Americano em São Paulo, com lockers, balcão para impressão, entre outras vantagens.
Recentemente, a fintech apresentou ao mercado o Nomad Trips, nova plataforma que ajuda os clientes a fazerem as melhores escolhas na hora de viajar, potencializando ainda mais a conveniência e economia. A plataforma de viagens é pioneira no Brasil, com funcionalidade baseada em inteligência artificial, exclusiva para clientes da Nomad. O Trips combina a compra de passagens aéreas e pacotes de hospedagem por preços competitivos com esse componente inédito: por meio de inteligência artificial, o cliente pode ter a criação de um roteiro exclusivo de viagem com base em suas preferências e pedidos.
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Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025: confira outros filmes brasileiros premiados internacionalmente

Fernanda Torres — atriz principal do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles — fez história no cinema brasileiro ao ganhar o prêmio de melhor atriz em filme de drama no Globo de Ouro 2025 no domingo (5/1).
Este é apenas o segundo Globo de Ouro conquistado pelo cinema nacional — o primeiro foi Central do Brasil, outro filme também de Walter Salles, que ganhou na categoria de melhor filme em língua estrangeira em 1999.
O Globo de Ouro é uma das premiações mais prestigiadas do cinema americano e internacional. Desde 1944, jornalistas estrangeiros premiam as principais produções nos Estados Unidos.
Com o sucesso de Fernanda Torres no Globo de Ouro, existe a expectativa de que a atriz e o filme possam concorrer ao Oscar — a maior premiação do cinema americano, dada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
As indicações para o prêmio serão anunciadas no dia 17 de janeiro. A cerimônia de premiação acontecerá em 2 de março.
Até hoje o cinema nacional concorreu a melhor filme estrangeiro em apenas quatro ocasiões, com O Pagador de Promessas (1962), O Quatrilho (1995), O Que É Isso, Companheiro? (1997) e Central do Brasil (1999).
Ainda Estou Aqui já é um dos poucos filmes do cinema nacional a conquistar pelo menos um importante prêmio internacional.
Confira abaixo a lista dos filmes brasileiros mais premiados no exterior:
O Cangaceiro (1953)
O primeiro filme a ganhar um grande prêmio internacional foi O Cangaceiro, escrito e dirigido pelo cineasta Lima Barreto.
Produzido na extinta companhia cinematográfica Vera Cruz, o filme conta a história do cangaceiro Galdino e seu bando — inspirado em Lampião.
Galdino, interpretado por Milton Ribeiro, se declara “governador da caatinga” e espalha terror pelo sertão nordestino. O filme conta ainda com Adoniran Barbosa e o próprio Lima Barreto no elenco.
O filme recebeu o prêmio de Melhor Filme de Aventura (uma categoria que não existe mais) do Festival de Cannes de 1953.
O Pagador de Promessas (1962)
Escrito e dirigido por Anselmo Duarte, O Pagador de Promessas conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962.
Até hoje, é o único filme a ganhar a Palma de Ouro — o prêmio máximo de Cannes.
Baseado em peça do dramaturgo Dias Gomes, o filme conta a história de Zé (interpretado por Leonardo Villar), um homem muito pobre do interior, que vê seu bem mais precioso — um burro — adoecer.
Zé faz uma promessa a Santa Bárbara de carregar uma cruz desde sua cidade no interior da Bahia até a igreja de Santa Bárbara, em Salvador.
No Oscar, o filme de Anselmo Duarte perdeu para Sempre aos Domingos, do cineasta francês Serge Bourguignon.
Convidado para assistir à cerimônia do Oscar, Duarte recusou o convite. Não gostou quando soube que a Academia tinha alterado o título de seu filme para The Given Word (“A Palavra de Compromisso”, em livre tradução). “Ganhei convites, passagens de avião, hotel pago e tudo mais”, declarou, em 2004. “Recusei tudo.”
Anselmo Duarte recebe a Palma de Ouro em Cannes
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro concorreu no Festival de Cannes de 1969 à Palma de Ouro, mas não levou o prêmio. Mas Glauber Rocha venceu o prêmio de melhor diretor, consolidando internacionalmente a reputação do movimento conhecido como Cinema Novo — inspirado no neorrealismo italiano e na nouvelle vague francesa, com grande ênfase na crítica social.
O filme conta a história de Antônio das Mortes (interpretado por Maurício do Valle), um antigo assassino de líderes revolucionários no Brasil que largou a vida do crime. Ao ser contratado novamente, ele acaba se inspirando no seu novo alvo — um jovem líder com ideias revolucionárias.
Eu Sei Que Vou Te Amar (1986)
Fernanda Torres já havia feito história no cinema nacional em 1986, aos 20 anos, quando ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.
Ela venceu por Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor, um filme sobre os problemas de relacionamento de um casal. Seu par romântico é o ator Thales Pan Chacon.
Em uma entrevista ao jornal O Globo na época, Fernanda Torres disse que não imaginava que ganharia o prêmio e que sequer viajou para a França para o festival, pois na época estava gravando a novela Selva de Pedra. Ela diz que ficou sabendo da conquista pelo telefone.
Central do Brasil (1999)
Ao ganhar o Globo de Ouro de 2025, Fernanda Torres lembrou que sua mãe havia estado na mesma cerimônia mais de duas décadas antes.
Fernanda Montenegro concorreu ao Globo de Ouro de melhor atriz por Central do Brasil, também de Walter Salles. Mas perdeu o prêmio para Cate Blanchett, do filme Elizabeth. Também concorriam Susan Sarandon, Meryl Streep e Emily Watson.
Mas na categoria de melhor filme em língua estrangeira, Central do Brasil foi vencedor. A estatueta foi dada pela atriz Annette Bening a Walter Salles, Fernanda Montenegro, o ator Vinicius Oliveira e o produtor Arthur Cohn.
Este havia sido o único Globo de Ouro do cinema nacional até 2025.
No Oscar, Fernanda Montenegro concorreu, mas perdeu a estatueta para Gwyneth Paltrow, de Shakespeare Apaixonado. E Central do Brasil perdeu para A Vida É Bela, de Roberto Benigni.
Cidade de Deus (2001)
Cidade de Deus (2001), de Henrique Meirelles, ganhou o prêmio de melhor edição — para Daniel Rezende — nos British Academy Film Awards (Bafta), a principal premiação da indústria cinematográfica britânica.
O filme foi um sucesso de bilheteria e de crítica e até hoje ainda é um dos filmes brasileiros mais conhecidos no exterior. A trama baseada em livro de Paulo Lins conta a violenta história do bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro nos anos 1970.
No entanto, o filme não ganhou nenhum outro grande prêmio além do de Rezende. No Oscar, Cidade de Deus concorreu a melhor diretor (Henrique Meirelles), melhor edição (Rezende), melhor roteiro adaptado (Braulio Mantovani) e melhor fotografia (Cesar Charlone).
Perdeu em todas as categorias para O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei — com exceção da última, que perdeu para Mestre dos Mares — O Lado Mais Distante do Mundo.
Linha de Passe (2006)
A atriz brasileira Sandra Corveloni recebeu o prêmio de melhor atriz no 61º Festival de Cannes por sua atuação no filme Linha de passe, dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas.
Naquele ano, outras atrizes vinham sendo destacadas pela imprensa como candidatas ao prêmio, como Angelina Jolie e Catherine Deneuve.
Linha de Passe foi o primeiro filme de Sandra Corveloni, então com 43 anos, uma atriz com carreira no teatro.
O filme conta a história de quatro irmãos que vivem na periferia de São Paulo, todos filhos de mãe solteira — o papel interpretado por Corveloni.
Tropa de Elite (2007)
Wagner Moura, José Padilha e Maria Ribeiro estiveram em Berlim quando Tropa de Elite ganhou Urso de Ouro
Outro sucesso de bilheteria e crítica, Tropa de Elite, de José Padilha, levou o Urso de Ouro de melhor filme — o maior prêmio do festival de Berlim de cinema, um dos maiores do mundo.
O filme estrelado por Wagner Moura fala sobre corrupção policial nas favelas do Rio de Janeiro.
O prêmio foi uma surpresa — até mesmo Padilha havia dito que tinha poucas esperanças de ganhar. O filme foi recebido com pouco entusiasmo no festival, e algumas críticas na imprensa foram bastante duras.
Tropa de Elite não ganhou nem sequer a indicação brasileira ao Oscar, que naquele ano ficou com O ano em que meus pais saíram de férias — que acabou não concorrendo.
Ao receber o prêmio, Padilha se emocionou e agradeceu ao presidente do júri, o diretor grego Costa-Gavras
Bacurau (2019)
Em 2019, o filme brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em empate com o drama francês Les Misérables.
Foi a primeira vez que o Brasil ganhou o Prêmio do Júri, que é o terceiro mais importante da competição oficial.
O filme conta a história de estranhos acontecimentos em uma cidade fictícia no sertão nordestino após a morte da matriarca Carmelita, com 94 anos.
Setor de turismo projeta 20% a mais de eventos este ano no Rio; expectativa é a confirmação de show de Lady Gaga

Após um réveillon de números astronômicos, o setor de turismo projeta um 2025 ainda mais fervilhante para o Rio, com recordes de visitantes, tanto para lazer como para eventos artísticos, de trabalho e de negócios. Serão pelo menos 36 congressos, 17 feiras, 16 competições esportivas, oito festivais, a reunião do Brics, Lady Gaga na Praia de Copacabana e outras 13 atrações musicais internacionais confirmadas pela Riotur nos primeiros cinco meses — entre elas, Sharika, Sting e Christina Aguilera. A lista só cresce.
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O presidente do Visit Rio (ex-Rio Convention Bureau), Carlos Werneck, estima um crescimento de 20% nos eventos na cidade em relação a 2024. A concessionária RIOgaleão prevê, para janeiro, a maior movimentação mensal de passageiros internacionais de todos os tempos. A Rodoviária do Rio, que conseguiu ultrapassar, no ano passado, os números de 2019 (antes da pandemia de Covid-19), espera alcançar mais 1,5% em 2025. No caso da rede hoteleira, que também bateu 2019, o crescimento previsto é entre 4% e 5% em relação à 2024. E o Píer Mauá projeta mais 5% de ocupação nos cruzeiros que chegarão na próxima temporada (outubro 2025/abril 2026) em relação à atual.
— O Rio tem se mostrado um lugar muito interessante de fazer eventos, porque, além do participante, tem atraído suas famílias. Para um congresso médico, em São Paulo, por exemplo, em geral vem só o profissional. O Rio tem o apelo da beleza natural, das praias, do sol. Creio que 2025 tende a ser o melhor ano na história do Rio em turismo — anima-se Carlos Werneck.
Pesquisa do Visit Rio contabiliza 459 eventos, em 2024, e projeta 551 para 2025. Do total previsto, 113 — que devem atrair 2,5 milhões de participantes e gerar receita de US$ 667 milhões (mais de R$ 4 bilhões) — estavam confirmados antes da virada do ano. Caso do 41° Mundial de Ginástica Rítmica (agosto), do Web Summit (abril) e do 13° Global Spine Congress (maio).
Ainda de fora dos números do Visit Rio, o encontro da cúpula do Brics — grupo de países emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, programado para julho no Rio, é outra aposta para colocar a cidade no foco internacional. O prefeito Eduardo Paes criou até um comitê para elaborar um calendário de eventos ao longo do ano relacionados à presidência brasileira do grupo.
Em 2024, a RIOGaleão já contabilizava um recorde histórico de 4,7 milhões de passageiros internacionais entrando e saindo do aeroporto. Para este mês, as projeções são ainda mais otimistas: o número de viajantes internacionais deve chegar a 596.309, 28% a mais que em janeiro do ano passado (465.839) e bem superior ao mesmo período de 2019 (491.764). Somando os usuários domésticos, a previsão é de 16,9% de crescimento em janeiro, comparado com o primeiro mês de 2024.
Para atender o futuro público, a concessionária anuncia a chegada em breve ao Galeão de bares temáticos — O Pasquim, numa referência ao antigo periódico carioca, e o Aero Sports Bar by Budweiser — e de novas lojas, como a da rede Havanna, a dos sorvetes Freddo e uma conjunta da Geneal, de cachorro-quente, e do Sorvete Itália. A empresa cita ainda a ampliação da malha aérea, desde outubro, e confirma o lançamento, este mês, da rota Rio-Rosário, com quatro voos semanais da Aerolíneas Argentinas.
Melhor verão
Tão otimista se mostra a Embratur. Destaca que, em 2024, o Rio recebeu 27% a mais turistas internacionais do que em 2023. Argentinos foram os que mais vieram. Em seguida, vêm chilenos, americanos e franceses. A agência cita ainda o aumento dos assentos internacionais oferecidos para o primeiro trimestre de 2025: 26% a mais do que os mesmos meses de 2019, considerado o melhor verão para a cidade em voos e assentos.
Tão otimista se mostra a Embratur. Destaca que, em 2024, o Rio recebeu 27% a mais turistas internacionais do que em 2023. Argentinos foram os que mais vieram. Em seguida, vêm chilenos, americanos e franceses. A agência cita ainda o aumento dos assentos internacionais oferecidos para o primeiro trimestre de 2025: 26% a mais do que os mesmos meses de 2019, considerado o melhor verão para a cidade em voos e assentos.
— A quantidade de voos que vão chegar ao Rio este ano, e a antecipação de compra de bilhetes aéreos, nos permite cravar que vamos viver a melhor temporada de verão de todos os tempos. Há uma série de fatores que se somam para chegarmos nesse resultado. O primeiro é a reconstrução da imagem do Brasil no exterior. Quando nosso país vai bem, aumenta o interesse em nos visitar, e o Rio é a principal porta de entrada de turismo do Brasil — afirma Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
No transporte por terra, a Rodoviária do Rio projeta um volume de 11.296.142 passageiros em 2025.
— No geral, houve uma recuperação ao longo dos últimos anos (a partir de 2022), impulsionada, em grande parte, pelo turismo interno e, agora, pela programação de eventos na cidade. Em 2025, por exemplo, teremos, além do carnaval, o show de Lady Gaga. Acreditamos que isso implicará em um impacto extremamente positivo no aumento do número de turistas chegando à cidade pelo terminal, a exemplo do que foi a vinda de Madonna ao Rio — diz Roberta Faria, diretora-geral da concessionária que administra a rodoviária.
Em relação à ocupação hoteleira, a média anual, que alcançou 64,5% em 2019, chegou a cerca de 70%, no ano passado. Os bons resultados do ano passado, atingindo 98,3% no réveillon, levam o presidente do HotéisRio, Alfredo Lopes, a projetar um 2025 ainda melhor:
— O prefeito já anunciou um grande show internacional, o Galeão foi revitalizado, o que atrai mais voos para o Rio, e o dólar está alto, o que retém os brasileiros no país e traz estrangeiros.
O Píer Mauá espera fechar a atual temporada, de outubro de 2024 a abril de 2025, recebendo 37 navios — 26 internacionais e 11 nacionais — e somando 323,8 mil turistas. Para 2025, o gerente de operações, Marcello Chagas, quer incentivar a vinda de navios mais navios temáticos, de fretamento, para fazer shows no terminal, exclusivos para os passageiros.
— Essa é uma operação nova. Tivemos os shows do Belo e o da Marisa Monte (no fim do ano passado), que foram um sucesso. Queremos receber mais navios como esses.
‘Planejamento contínuo’
O presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem no Rio de Janeiro (Abav-RJ), Marcelo Siciliano, engrossa o coro dos que apostam no aumento expressivo do fluxo de turistas este ano, impulsionado por eventos internacionais, estratégias de promoção turística em mercados-chave, novas rotas aéreas e melhoria da infraestrutura hoteleira, entre outras ações. Mas entende é preciso avançar para que as conquistas se consolidem.
— É essencial que o Rio invista na modernização de aeroportos, portos e vias de acesso, assim como na expansão do Galeão, com o aumento de voos diretos para destinos internacionais e mercados estratégicos, garantindo conexões mais eficientes. Outro aspecto importante é implementar políticas públicas que integrem forças de segurança e tecnologia, como monitoramento por câmeras, drones e maior presença policial em áreas turísticas. O Rio precisa de um planejamento contínuo e de investimentos estratégicos para competir no cenário internacional.
Confira as datas de shows:
Lady Gaga. A expectativa é que o megashow gratuito da estrela pop americana, na Praia de Copacabana, aconteça em 3 de maio. O anúncio oficial deve ser feito este mês pela prefeitura. Twenty One Pilots. A dupla americana, que traz a turnê “The Clancy World”, será a primeira atração internacional, no dia 22 de janeiro, na Farmasi Arena, na Barra. Christina Aguilera. Em 6 de de fevereiro, a cantora americana se apresenta com a “The X Tour”, na Farmasi Arena. Shakira. A colombiana estará com a turnê “Las Mujeres Ya No Llorán”, dia 11 de fevereiro, no Engenhão. Sting. O ex-The Police se apresenta na Farmasi, em 14 de fevereiro. “Punk is coming”. O festival de música dedicado ao punk rock vai reunir as bandas The Offspring, Sublime e Rise Against, no dia 6 de março, na Farmasi. Simply Red. No dia 12 de março, a Farmasi receberá a banda. L7 e Garbage. Os dois grupos vão desembarcar no Vivo Rio, no Parque do Flamengo, em 21 de março. Rüfüs du Sol. Conhecido por suas performances, o trio de música eletrônica se apresentará no Qualistage, na Barra, em 26 de março. Scorpions. A banda de rock estará no Qualistage, em 21 de abril. Simply Minds. A banda se apresenta no Qualistage, em 3 de maio. System of a Down. O quarteto armeno-americano estará no Engenhão em 8 de maio. Nile Rodgers & Chic. O grupo se apresenta no Vivo Rio dia 22 de maio. Norah Jones. Dia 27 de maio, no Vivo Rio.
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2025, despesas, calor e folia

2025, despesas, calor e folia (Foto: Priscila Costa/ Pixabay)
Culturalmente, para nós brasileiros, a chegada do verão é um “sintoma” evidente de alegria, roupas leves, convivência com os amigos e muita descontração! O sol, as praias e as férias escolares trazem um clima de festa e prolonga a brisa leve das confraternizações até a chegada do carnaval, afinal, esta é uma época de muita música, folia, lançamentos dos hit’s do momento, das coreografias do axé e claro, festividades que movimentam todo o país.
O que pega, é que por aqui, o começo do ano também traz os tradicionais desafios financeiros e estes, demandam juízo, planejamento, foco e decisão. Para as famílias em geral, é hora das despesas com material escolar, impostos com os infalíveis IPTU e o IPVA, e os custos das festas de fim de ano podem pesar no bolso das famílias, ainda que tardiamente, as faturas chegam!
Muitos brasileiros enfrentam essa época do ano com um misto de entusiasmo e uma boa dose de preocupação. A solução para lidar com esses desafios pode estar em um planejamento financeiro cuidadoso, aproveitando as celebrações de forma consciente e buscando alternativas que tragam alegria sem comprometer o tamanho do nosso bolso, do nosso orçamento.
Vocês já estão se preparando para aproveitarem o verão e o carnaval? Alguma dica para aproveitar essa época sem estourar o orçamento?
Como particularmente, eu sou bem precavido, meus impostos já estão com seus valores reservados, por isso, vou pular logo para o carnaval, que em 2025 acontecerá no finalzinho de fevereiro e o comecinho de março. Temos aí um tempinho razoável para nos organizar.
Folia no Brasil
Pesquisando um pouco sobre as possibilidades no Brasil, percebi logo, que de fato, teremos muita folia em todo o território nacional, mas com a mesma rotina cultural de sempre e neste caso, sem dúvida, o destino mais famoso e conhecido mundialmente, com desfiles de escolas de samba, blocos de rua e sempre muita alegria, é o carnaval do Rio de Janeiro.
Em Salvador na Bahia, a festa não será diferente, alegria e irreverência já estão garantidos desde já. Conhecido como uma das melhores festas, com blocos de rua que atraem milhares de pessoas, o carnaval da Bahia, na verdade, já começou. As grandes estrelas do Axé, já estão a todo vapor, apresentando o novo repertório, que certamente ecoará em todo o Brasil, garantindo o gingado em todas as regiões brasileiras.
Foto: Gustavo Romero/ Pixabay
Recife o berço do frevo e maracatu, junto com Olinda, garantirão seus belos desfiles e apresentações de quadrilhas e blocos de frevo. Por lá temos ainda o tradicional Galo da Madrugada, que também já está movimentando a capital a um tempo! A movimentação para sua montagem, já movimenta artistas, artesãos, voluntários, grupos familiares e oferecerão sem dúvidas, mais um espetáculo de cor, magia, tecnologia e inovação para o carnaval pernambucano.
Galgando seu espaço no calendário cultural da folia, São Paulo, a capital, segue firme com os desfiles de escolas de samba no Sambódromo, cada vez mais competentes e acirrados e blocos de rua em várias partes da cidade, fazendo a festa de milhares de foliões.
Em Minas Gerais, a folia também estará garantida com um calendário recheado, principalmente nas cidades históricas como Ouro Preto, que garante um dos mais tradicionais do Brasil, com desfiles de escolas de samba e blocos de rua em uma das mais de 30 cidades históricas, que promovem a festa com muita competência festiva e cultural.
Carnaval em Belo Horizonte
Belo Horizonte, a capital mineira, consolidou o seu lugar na elite do calendário festivo e cultural do Carnaval Brasileiro e promete ser ainda mais divertido que o de 2024.
Os organizadores estão trabalhando firme para garantirem uma programação extensa e variada. Pesquisando um pouco, já podemos anunciar, que o Carnaval em Belo Horizonte, acontecerá oficialmente, de 1 a 5 de março de 2025, mas claro, com as tradicionais festas de aquecimento nos dias 15, 16, 22 e 23 de fevereiro, em breve a programação estará disponível nos canais oficiais da cidade.
Sobre o carnaval de Belo Horizonte, vale a pena tecermos alguns comentários, já que nos últimos anos, a festa ganhou um público que ultrapassa os quatro milhões de foliões, vindos de toda parte do Brasil e também do exterior. A festa, como todo evento turístico bem-organizado, se ampara na produção cultural, para oferecer uma programação intensa, sequenciada, extremamente organizada e segura, dando vazão à geração de trabalho e renda para milhares de pessoas em toda a capital.
Vale dizer, que os números do carnaval belorizontino tem crescido a cada ano e surpreendem pela força na geração de negócios temporários, movimentando os segmentos de hospedagem, alimentação, economia informal, transportes, segurança e muito mais.
A festa é sempre muito bem distribuída e tem o seu sucesso garantido, por blocos de rua, que certamente estarão nas ruas promovendo os cortejos animados, coloridos e muito divertidos.
Por hora, ouso citar alguns nomes dos mais conhecidos como o Então Brilha, Baianas Ozadas, Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, Garota Eu Vou Pro Califórnia e muitos, mas muitos outros!!
Segundo a organização, serão mais de 418 cortejos de blocos de rua, desfiles das Escolas de Samba de Belo Horizonte e mais alguns eventos alternativos, que também acontecem na cidade.
Festival de Jazz & Blues em Guaramiranga, Ceará
Por falar em eventos alternativos, é inevitável falarmos da expectativa em torno do Festival Jazz & Blues, que acontecerá em Guaramiranga, no Ceará. Guaramiranga é uma das cidades localizadas na Serra do Baturité e fica a 105,5 km da capital Fortaleza. O evento já tradicional no calendário cultural cearense, oferece programação diversificada, oficinas, rodas de conversa e se não no período, o festival rola bem próximo ao carnaval, só que oferecendo Jazz e Blues de qualidade internacional.
Já conheci a cidade e a região e posso garantir, que a região serrana garante uma paisagem esplendorosa, com uma natureza exuberante, clima agradabilíssimo e com muitas atividades ao ar livre, como passeios de barco e caminhadas, que podem ser ótimas opções para quem busca uma experiência mais tranquila e relaxante durante o Carnaval.
Por fim, não se iluda, para curtir plenamente o verão e o carnaval, precisamos planejar tudo, com antecedência, portanto, escolha o seu destino, reserve hospedagem e compre passagens aéreas com antecedência para evitar os altos preços. No local, faça um roteiro diário para sua diversão, escolhendo os blocos e eventos mais atraentes para o seu gosto e esteja pronto, para aproveitar ao máximo.
Seja criativo, cuide de sua segurança, beba mais água sempre, lembre do protetor solar e tenha a melhor experiência momesca de sua vida!
Até a próxima.
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Por que contratar um Seguro Viagem é essencial para as férias

Por que contratar um Seguro Viagem é essencial para as férias (Em caso de doença ou acidente durante a viagem, o seguro pode cobrir despesas com consultas, tratamentos e, se necessário, hospitalização. (Foto: Divulgação))
A contratação de um Seguro Viagem é fundamental para quem busca curtir seus dias de descanso ou viagens de negócios sem preocupações. Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram um mercado de Seguro Viagem aquecido, com aumento nas contratações. Em 2023, o total de prêmios desta modalidade saltou 45% em comparação com 2019, totalizando R$849,6 milhões.
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O Seguro Viagem protege o viajante de diversas eventualidades, uma das principais vantagens deste seguro é a cobertura médica e odontológica. Em caso de doença ou acidente durante a viagem, o seguro pode cobrir despesas com consultas, tratamentos e, se necessário, hospitalização. Essa cobertura é importante em países onde o custo do atendimento médico é elevado. Vale ressaltar que quase todos os países da Europa exigem Seguro Viagem. É obrigatório para todos os países que fazem parte do Tratado de Schengen, não apenas aqueles que integram a União Europeia.
Para realizar uma cotação eficiente, Rogério Lemes – Diretor Executivo de Parcerias & de Varejo da MDS Brasil dá algumas dicas: “Compare ofertas de diferentes seguradoras para encontrar a melhor cobertura e preço para sua viagem; leia os detalhes das coberturas, verificando limites e exclusões, como condições pré-existentes ou atividades de alto risco; considere a duração da viagem e avalie a necessidade de coberturas adicionais para atividades específicas; pesquise a reputação da seguradora e pergunte sobre suporte e assistência 24 horas em caso de emergências”.
Além disso, se por algum motivo o viajante precisar cancelar ou interromper sua viagem, o seguro pode reembolsar as despesas não reembolsáveis, como passagens aéreas e reservas de hotéis. O seguro também oferece assistência, que está disponível para ajudar em diversas situações, como perda de documentos, orientação em caso de acidentes ou doenças, e até mesmo assistência jurídica. Em caso de extravio, roubo ou danos à bagagem, o Seguro Viagem oferece compensação, ajudando a cobrir o custo de itens perdidos ou danificados.
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Com o Seguro Viagem fornecido pela MDS Brasil, os clientes têm atendimento 24 horas, disponível em qualquer lugar do mundo, com uma equipe especializada e preparada para garantir suporte rápido e eficaz, independentemente do fuso horário ou localização, além de opções de cobertura diferenciadas:
Mala Protegida: Consiste no pagamento ao segurado de uma indenização em caso de roubo ou furto qualificado da sua mala, bolsa, mochila ou sacola. Os bens indenizáveis que estiverem dentro desses itens no momento da ocorrência por essa cobertura são: carteira, telefone celular, tablet, notebook, óculos de sol ou de prescrição, relógio, cosméticos e perfumes; documentos pessoais, com a indenização limitada ao custo de reposição; chaves, desde que sejam parte ou proporcionem o acesso a uma residência do Segurado, seu cônjuge ou companheira (o) ou ainda de seus pais ou sogros, sendo a indenização limitada ao custo de reposição.
Cobertura PET: Corresponde ao reembolso de despesas com animal de estimação (cão ou gato) durante a viagem segurada em decorrência de falecimento, acidente ou doença do animal, ou, ainda, no caso do adiamento do retorno do Segurado para seu domicílio em razão de um Acidente Pessoal ou Doença súbita do Segurado durante a Viagem Segurada, até o limite do capital segurado contratado.
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Compra Protegida: Representa o pagamento de uma indenização ao Segurado em caso de roubo, ou dano por acidente, ocorrido durante o período de viagem, do produto novo comprado pelo Segurado durante a viagem.
Ao fazer a cotação do Seguro Viagem, é importante considerar alguns fatores essenciais: o destino e a duração da viagem, as atividades planejadas e as condições de saúde do viajante. Esses elementos ajudam a definir a cobertura mais adequada para cada perfil de viagem.
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Caixas-pretas de aeronave que caiu no Cazaquistão chegam ao Brasil

As caixas-pretas da aeronave da Azerbaijan Airlines que caiu no Cazaquistão em 25 de dezembro chegaram ao Brasil na terça-feira (31/12). Ao todo, 38 pessoas morreram no acidente. A informação foi divulgada pela Força Aérea Brasileira (FAB). O Correio entrou em contato com a instituição para buscar mais detalhes sobre o processo, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Os gravadores de voo serão analisados em Brasília, no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A análise do material será feita no território brasileiro por ser a terra natal da empresa fabricante da aeronave, a Embraer.
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Trabalharão no material três pesquisadores brasileiros, bem como três do Azerbaijão e três da Rússia. Segundo a FAB, todos acompanharão o processo de degravação dos dados com o uso de tecnologias de animação em realidade virtual em três dimensões (3D). Dessa forma, será possível visualizar de maneira completa a trajetória da aeronave, velocidade, altitude, funcionamento de sistemas e da atuação dos comandos de voo.
Após a análise, os dados extraídos dos gravadores serão enviados para a Autoridade de Investigação de Acidentes Aeronáuticos do Cazaquistão.
O voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines caiu na quarta-feira (25/12) perto de Aktau, no Cazaquistão, no momento em que drones ucranianos atacavam o sul da Rússia.
De acordo com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, a Rússia teria atirado na aeronave e mentido sobre as causas da tragédia.
“Nosso avião foi derrubado por acidente”, disse o presidente à televisão estatal do país. Aliyev acrescentou que a aeronave sofreu algum tipo de bloqueio eletrônico e em seguida foi alvejada enquanto se aproximava do território russo.
De acordo com o presidente, nos três primeiros dias após o incidente, o Azerbaijão ouviu “apenas versões absurdas vindas da Rússia”. O país teria atribuído a queda a pássaros ou à explosão de cilindros de gás.
“Fomos testemunhas de tentativas claras de encobrir o assunto”, completou Aliyev, que tem laços estreitos com a Rússia e inclusive estudou em uma das principais universidades de Moscou. O presidente disse querer que os russos assumissem a culpa pelo abatimento da aeronave e punisse os responsáveis por tal ato.
Vladimir Putin, presidente russo, se desculpou no sábado (28/12) pelo “incidente trágico”, mas não assumiu nenhum tipo de culpa ou autoria pelo ataque ao avião. O líder disse apenas que uma investigação foi aberta.
Subprocurador envia representação sobre os gastos parlamentares ao TCU

Os 513 deputados federais e os milhares de servidores custaram à Câmara dos Deputados R$ 6,4 bilhões em 2024. O subprocurador Geral Lucas Rocha Furtado enviou ao Tribunal de Contas da União (TCU), nesta segunda-feira (30/12), uma representação questionando a disparidade entre os gastos dos deputados federais. Furtado usou como argumento os valores levantados pela VEJA e pelo portal de notícias PlatôBR.
Entre os gastos da Casa, as cotas parlamentares — despesas que incluem passagens aéreas e terrestres, hospedagens, aluguel de veículos, divulgação de atividades na mídia e manutenção de escritórios dos deputados — representam R$ 215 milhões para o governo, e as verbas de gabinete, que custeiam auxiliares em Brasília e nos estados onde o deputado foi eleito, saltaram de R$ 618,5 milhões para R$ 672,1 milhões, um crescimento de R$ 53 milhões em relação a 2023.
Entre os deputados que mais gastaram até dezembro estão Gabriel Mota (Republicanos-RR), com R$ 611.219,45, Átila Lins (PSD-AM), com R$ 578.421,70, Coronel Ulysses (União-AC), que gastou R$ 573.520,48, João Maia (PP-RN), com R$ 571.168,03 e Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), com R$ 567.854,88, que gastou quase o mesmo que Pompeo de Mattos (PDT-RS), com R$ 567.319,93.
Enquanto os deputados que menos utilizaram dos recursos de parlamentares, destaca-se Amom Mandel (Cidadania-AM), que gastou apenas R$ 15 mil da cota. Em seguida, o deputado Daniel Soranz (PSD-RJ), com o total de R$ 29 mil; Ricardo Guidi (PL-SC), R$ 40 mil; Fausto Santos Júnior (União-AM), R$ 44 mil; e Adriana Ventura (Novo-SP), R$ 44,2 mil.
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“Chama a atenção, em especial, o fato de alguns parlamentares terem despendido mais de R$ 500 mil em cotas parlamentares, enquanto outros, menos de R$ 50 mil. O que justificaria tal disparidade? Ora, em meu julgamento, tal volume de gastos com dinheiro público configura a prática de patrimonialismo, onde os políticos tratam o patrimônio público como se deles fosse, e não economizam nas despesas que deveriam estar adstritas ao exercício de seus mandatos. O fato é que gastam sem dó e mandam a conta para o povo”, escreveu Furtado em representação ao TCU.
*Estagiária sob a supervisão de Luciana Corrêa
Retrospectiva 2024: relembre os fatos que marcaram o ano na Paraíba

O ano de 2024 na Paraíba foi repleto de grandes fatos. O estado vivenciou uma série de acontecimentos que deixaram marcas na política, na cultura e na sociedade. Entre os destaques, as prisões do Mentor da Barbárie de Queimadas, após três anos foragido, e do empresário Antônio Ais; da Braiscompany; e as denúncias de estupro contra o pediatra Fernando Cunha Lima.
O estado também viu grandes operações policiais. Investigações de influência de criminosos na gestão pública, que chegaram a prender a prender a primeira-dama de João Pessoa e também uma vereadora.
O g1 reuniu os principais fatos do ano na Paraíba na Retrospectiva 2024. Relembre abaixo
Confira a retrospectiva de 2024 na Paraíba:
Gerente morre baleada em shopping por homem que diz ter sido rejeitado em vaga de emprego
Mayara Valéria Barros, de 37 anos, foi baleada e morta enquanto trabalhava como gerente de um restaurante no Mangabeira Shopping, em João Pessoa, no dia 12 de janeiro. Segundo a Polícia Militar, o crime foi praticado por Luiz Carlos Rodrigues dos Santos, que alegou ter se sentido menosprezado em uma entrevista para uma vaga de emprego pela gerente. Após cometer o ato, fez reféns no local, mas acabou se rendendo após negociação com a polícia. Mayara chegou a ser atendida na enfermaria do shopping, mas não resistiu.
Natural do Espírito Santo, Mayara morava em João Pessoa há seis anos, era casada, tinha dois filhos e trabalhava no restaurante há cerca de três meses. Após o crime, seu corpo foi velado apenas para amigos e familiares na capital paraibana. Em seguida, foi levado para Vitória, sua cidade natal, onde foi sepultado no Cemitério Municipal de Boa Vista, no dia 15 de janeiro.
Palácio da Redenção teve piso com suásticas gravadas por quase 60 anos
O Palácio da Redenção, sede oficial do governo da Paraíba, teve suásticas gravadas no piso por quase 60 anos, desde 1937, durante o governo de Argemiro de Figueiredo, até 1995, quando foram retiradas no mandato do então governador Antônio Mariz. Instaladas em um período em que o regime nazista de Hitler estava consolidado na Alemanha, as suásticas geraram polêmicas e críticas de historiadores, que apontam que o arquiteto responsável pela decoração tinha ligações com o fascismo italiano e que o próprio Argemiro de Figueiredo governou sob influências da ideologia nazifascista.
Antônio Mariz, incomodado com os mosaicos no caminho para o seu gabinete, determinou a remoção das peças e defendeu que “o Palácio da Redenção não poderia ser vitrine de nenhum pensamento ideológico”. Cerca de 90 metros de mosaicos foram retirados pela Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan). Os ladrilhos podem compor o acervo do futuro Museu de História da Paraíba, que será instalado no próprio palácio, embora ainda não haja uma data definida para a inauguração do museu.
Mentor da ‘Barbárie de Queimadas’ é preso após três anos foragido e volta à Paraíba
O mentor da “Barbárie de Queimadas”, Eduardo dos Santos Pereira, foi preso em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, após permanecer foragido por três anos. Ele foi localizado em uma casa alugada, onde estava sozinho no momento da prisão. Eduardo havia fugido da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, conhecido como PB1, em João Pessoa, no dia 17 de novembro de 2020. Em 5 de outubro deste ano, Eduardo voltou ao presídio PB1 para seguir cumprindo pena.
Condenado a 108 anos e dois meses de prisão, foi considerado culpado por uma série de crimes, incluindo dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores, porte ilegal de arma e cinco estupros, que resultaram em uma pena de 106 anos e 4 meses de reclusão. Além disso, ele foi condenado a mais 1 ano e 10 meses de detenção por lesão corporal contra um dos adolescentes envolvidos nos crimes.
O crime aconteceu em 2012, quando cinco mulheres foram brutalmente estupradas durante uma festa de aniversário, por homens que elas consideravam serem seus amigos. Entre elas estavam Izabella Pajuçara e Michelle Domingos, mortas de forma violenta porque, durante os estupros, identificaram os agressores. Além de Eduardo, outros seis homens foram considerados culpados e receberam sentenças, enquanto três adolescentes foram sentenciados a cumprir medidas socioeducativas.
Antônio Ais, sócio da Braiscompany, é preso na Argentina após um ano foragido
Antônio Inácio da Silva Neto, mais conhecido como Antônio Ais, e a esposa, Fabrícia Farias, foram presos na Argentina depois de passar mais de um ano foragidos da polícia. A prisão do casal foi confirmada pela Polícia Federal. Os dois eram sócios da empresa de criptoativos Braiscompany, que tinha sede na Paraíba.
O “casal Braiscompany” já foi condenado pela Justiça. Antônio Inácio da Silva Neto pegou uma pena de 88 anos e 7 meses de prisão, e Fabrícia Farias, 61 anos e 11 meses. Também foram condenados outros nove réus. O montante a ser reparado é de R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em danos coletivos. Entre os crimes citados na sentença do juiz da 4ª Vara Federal em Campina Grande, Vinícius Costa Vidor, estão operar instituição financeira sem autorização, gestão fraudulenta, apropriação e lavagem de capitais.
Estrutura de casa de shows desaba em João Pessoa
Um acidente de grandes proporções deixou mais de 60 pessoas feridas numa casa de shows localizada no bairro do Portal do Sol, em João Pessoa. Uma festa acontecia no local quando a estrutura de madeira e telha onde ficava o palco desabou. Houve muito desespero por parte de artistas e por parte do público, e muitas pessoas ficaram caídas, com ferimentos de todos os tipos.
O cantor Gustavo Sagaiz comemorava seu aniversário no estabelecimento no momento em que a estrutura desabou. A maioria das vítimas foram levadas para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Eram 23 homens e 23 mulheres com idade entre 17 e 46 anos, no Trauma. Os ferimentos eram de diferentes níveis, algumas pessoas tiveram fraturas no corpo.
Isabela Toscano Lira, de 42 anos, uma das vítimas do desabamento da estrutura da casa de eventos acabou morrendo.
Médicos operam perna errada de criança em Campina Grande
Uma menina de seis anos foi vítima de um erro médico no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, quando teve uma perna errada operada. A criança, que apresentava um quadro de celulite infecciosa na perna esquerda e precisava de uma cirurgia invasiva para colocação de pinos, havia sido levada para a unidade hospitalar após ser atendida inicialmente no Hospital Universitário de Campina Grande. Após a cirurgia, a mãe percebeu o erro e se desesperou ao notar que a perna direita havia sido operada em vez da esquerda. Diante da situação, a criança foi levada novamente ao centro cirúrgico para que a cirurgia correta fosse realizada ainda na mesma noite.
Pouco depois do incidente, o hospital emitiu uma nota de esclarecimento confirmando o afastamento de toda a equipe envolvida no procedimento e anunciou a abertura de uma sindicância para apurar o caso. O pai da criança registrou um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes da Polícia Civil, formalizando a denúncia sobre o ocorrido.
História da fazenda com reprodução sistemática de escravizados
A Zona Rural do município de Remígio, no Brejo da Paraíba, foi cenário de um dos episódios mais graves e brutais do período de escravidão no Brasil. Numa das propriedades da região, num território que na época ainda pertencia ao município de Areia, um comerciante português chamado Francisco Jorge Torres se especializou na reprodução sistemática e na comercialização de pessoas escravizadas.
Naquela época, o comerciante Francisco Jorge Torres separava as pessoas escravizadas que ele mantinha encarcerado em diferentes “funções”. Alguns homens eram tratados como “reprodutores” e algumas mulheres eram submetidas a serem engravidadas para gerar crianças que seriam vendidas como produto no futuro.
Candidato morre no TAF da PMPB
Um homem de 30 anos morreu após passar mal durante o teste de aptidão física (TAF), na prova de corrida, do concurso da Polícia Militar da Paraíba. Gustavo Silva concorria a uma vaga no Comando de Policiamento Regional I em Campina Grande. O candidato ficou internado por três dias e morreu por conta de um rabdomiólise, que é uma ruptura muscular que provoca lesões nos rins. A organização do concurso informou que antes da prova de corrida, o candidato apresentou atestado médico comprovando que ele tinha capacidade para passar pelo teste, e que esse era um dos requisitos do edital. O homem tinha dois filhos, sendo uma menina de cerca de 2 anos, e um menino de cerca de 7 anos.
Secretária, filha do prefeito de João Pessoa, é alvo de operação da PF
A então secretária executiva de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, que é filha do prefeito Cícero Lucena, foi um dos alvos da operação da Polícia Federal na Paraíba, com o objetivo de investigar a relação de um grupo criminoso e a gestão municipal. Segundo a Polícia Federal, um homem que está preso, e que tem posição de liderança na organização criminosa investigada, articulou a obtenção de vantagens em órgãos públicos, com a ocupação de cargos públicos, em troca de dar apoio para que agentes municipais conseguissem adentrar em comunidades controladas ou que sofrem influência do crime organizado.
PRF perde cargo por propina de R$ 30
O ex-inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Francisco Edilson Forte, teve a perda de sua condição de servidor público federal oficialmente registrada em seus cadastros funcionais, após ser condenado por ter recebido um suborno de R$ 30. Demitido em maio de 2022, ele teve a pena confirmada em março de 2023 e desde então não exerce mais suas funções na PRF.
Na decisão, foi confirmado que o “valor acrescido ilicitamente ao patrimônio” do réu foi de R$ 30, e ele foi condenado a devolver o valor recebido, pagar uma multa civil de R$ 90 (equivalente a três vezes o acréscimo patrimonial obtido), perder o cargo público e ter os direitos políticos suspensos por cinco anos. Além disso, o ex-servidor foi condenado ao pagamento de custos processuais e honorários fixados em R$ 2 mil, valor que, com atualizações, chegou a R$ 3.245,42 e foi judicialmente bloqueado.
Policial reproduz meme “amostradinho” e é afastado
Um policial civil da Paraíba gravou um vídeo reproduzindo o meme “amostradinho”, com explosivos apreendidos dentro de uma unidade policial em Campina Grande, durante uma operação, e após a repercussão do vídeo, ele foi afastado da delegacia. Nas imagens, ele aparece atrás da mesa onde estão exibidos os explosivos, vestido com uma máscara do vilão do filme ‘Pânico’. “Eu gosto assim… Amostradinho. Olha essa passagem aqui, essa passagem. Amostradinho”, diz escrevendo em um papel e reproduzindo falas do meme.
São João 2024 de Campina Grande e o médico gato que viralizou
O São João 2024 de Campina Grande comemorou os 160 anos da cidade com 33 dias de festa, ocorrendo de 29 de maio a 30 de junho. O evento trouxe como destaque a ampliação do Parque do Povo, que agora possui quase 40 mil metros quadrados e foi interligado ao Parque Evaldo Cruz. Grandes nomes da música, como Gusttavo Lima, Wesley Safadão e a dupla Henrique e Juliano, participaram do evento, que também teve artistas tradicionais da festa, como Elba Ramalho, Alceu Valença e Flávio José. Reconhecido oficialmente como a maior festa junina do Brasil pelo Instituto Ranking Brasil em 2022, o São João de Campina Grande impressiona pelos números e pelo impacto cultural e econômico.
Momentos inusitados também marcaram a edição deste ano, como o caso do “médico gato do PP”, apelido dado a Willgner Porto, médico de 26 anos formado pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Trabalhando pela primeira vez no posto médico do Parque do Povo, Wil ganhou destaque após uma foto sua viralizar nas redes sociais. O posto médico atendia casos de intoxicação silenciosa, crises de ansiedade e outros problemas, mas os profissionais notaram que algumas pessoas estavam indo várias vezes, alegando precisar de atendimento, quando na verdade queriam apenas ver o médico. A repercussão trouxe visibilidade para o trabalho de Wil e sua equipe durante a festa.
Morte de Biliu de Campina
Severino Xavier de Souza, de 75 anos, mais conhecido como Biliu de Campina, morreu em 8 de julho, no Hospital de Trauma de Campina Grande. Nascido em 1º de março de 1949, Biliu foi um compositor, cantor e advogado paraibano. Biliu de Campina estava internado no Hospital de Trauma de Campina Grande desde o último dia 24 de junho, em virtude de uma queda que provocou um sangramento na cabeça. A situação de Biliu se agravou e ele precisou ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por ter 75 anos e uma condição de comorbidades, como hipertensão e diabetes, ele apresentou dificuldades para respirar e ficou entubado na UTI.
A informação da morte de Biliu foi confirmada inicialmente pela produção do artista. Segundo a produção, a morte do artista foi provocada por uma parada cardiorrespiratória. O corpo do artista foi velado no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande, e seguiu em cortejo até o Cemitério do Monte Santo, onde foi enterrado. O corpo de Biliu foi enterrado em frente ao túmulo do também cantor e compositor Genival Lacerda, que morreu em janeiro de 2021, aos 89 anos, por complicações da Covid-19.
Adolescente morta a tiros por namorado de 56 anos
Uma adolescente de 15 anos foi assassinada a tiros em Monteiro, município do Cariri paraibano. Gilson Cruz, único suspeito do crime, foi preso ainda em flagrante em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco. De acordo com testemunhas, o homem mantinha um relacionamento com Maria Vitória dos Santos. Eles estariam bebendo dentro da casa de Gilson quando uma discussão foi iniciada. Foi nesse momento que o homem teria feito os disparos que matou a adolescente.
A mãe da adolescente, Maria Lúcia dos Santos Farias, informou à equipe da TV Paraíba, afiliada da TV Globo, que Maria Vitória conheceu o suspeito quando começou a trabalhar na padaria dele, há aproximadamente dois anos. Na ocasião, a jovem tinha apenas 13 anos. A adolescente havia relatado em mensagem de áudio que o namorado, Gilson Cruz, era violento e já tinha feito ameaças com uma arma de fogo: “Jogou a pistola na minha cara”.
Vicent Martella e Mike Estime em balada de João Pessoa
Os atores da série norte-americana “Todo Mundo Odeia o Chris”, Vincent Martella e Mike Estime, curtiram a noite em uma balada em João Pessoa. Eles estiveram na capital paraibana para participar do Imagineland 2024, evento de cultura pop. Publicações nas redes sociais mostraram os atores dançando e se divertindo na casa de eventos. A presença deles no lugar rendeu ainda boas fotos com fãs que não puderam conhecê-los no Imagineland.
O Imagineland 2024 aconteceu entre 26 e 28 de julho. A programação contou ainda com shows, painéis e filmes e campeonatos.
Idosa escreve TCC à mão
Aos 78 anos, Francisca Maria, uma sertaneja da zona rural de Uiraúna, alcançou o sonho de se formar em Direito com um diferencial que chama atenção: ela escreveu seu trabalho de conclusão de curso (TCC) à mão. Determinada, voltou aos estudos 45 anos após interrupção na faculdade, um sonho adiado desde 1979 por dificuldades financeiras. Com força de vontade, superou barreiras ainda maiores em sua nova jornada acadêmica, como viagens diárias de mais de 100 quilômetros entre Uiraúna e Cajazeiras, enfrentar madrugadas e esperas por assistir às aulas.
A rotina de dona Francisca era um exemplo de resiliência e organização: “Era um olho no tanque e outro nos livros”, conta ela, que estudava no quintal enquanto monitorava o enchimento do reservatório de água. Sua dedicação ao curso virou inspiração até mesmo para os familiares, que, inicialmente, foram contra sua decisão de voltar à faculdade. A escrita manual do TCC foi mais uma prova de sua persistência. “Toda semana ela trazia várias páginas de folhas escritas à mão, eu corrigia e ela pedia para alguém digitar e mandar para mim por e-mail”, relembra um professor.
Pediatra Fernando Cunha Lima é denunciado por estupro de pacientes
O pediatra Fernando Paredes Cunha Lima é acusado de uma série de estupros de vulneráveis. O pedido veio depois de denúncias vindas de diferentes vítimas, o que gerou forte indignação. A primeira denúncia formal de estupro de vulnerável contra o pediatra Fernando Cunha Lima aconteceu no dia 25 de julho e foi tornada pública no dia 6 de agosto. A mãe da criança, que estava no consultório, disse em depoimento que viu o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da criança.
Ela informou que na ocasião, imediatamente, retirou os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil. Com a repercussão do caso, uma sobrinha do suspeito revelou que foi abusada quando também tinha 9 anos, na década de 1990, assim como suas duas irmãs. A Polícia Civil tentou cumprir um mandado de prisão contra o pediatra no dia 5 de novembro, mas ele não foi encontrado em casa e, desde então, é considerado foragido. O médico responde judicialmente por estupro contra seis crianças. Ele nega os crimes.
Prisão da primeira-dama de João Pessoa e de vereadora em operação
Em setembro, três fases da operação Território Livre foram deflagradas em João Pessoa, com o objetivo de combater o aliciamento violento de eleitores. A operação foi realizada com o cumprimento de vários mandados de busca e apreensão, prisões e a expedição de um pedido de prisão preventiva contra um apenado. A vereadora Raíssa Lacerda (PSB), candidata à reeleição, foi presa e é suspeita de integrar um esquema que utiliza meios ilegais para coagir candidatos a votar nela. Em 21 de outubro, Raíssa Lacerda perdeu o mandato de vereadora, em uma decisão unânime, mas sem relação com os fatos da investigação. A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, também foi presa na mesma investigação.
Durante a primeira fase da operação, a Prefeitura de João Pessoa emitiu uma nota informando que nenhum imóvel ou repartição pública municipal foi alvo de busca e apreensão, e que nenhum servidor público municipal nomeado ou contratado estava entre os alvos da operação.
A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, e a sua secretária pessoal, Tereza Cristina Barbosa, foram presas na terceira fase da operação que tem como objetivo investigar os crimes de aliciamento violento de eleitores e organização criminosa no pleito municipal. O nome de Lauremília já tinha sido citado em documentos da Polícia Federal. Em transcrições da PF, atribuídas a outras pessoas investigadas, ela era apontada como alguém que decidiria sobre a indicação de cargos na prefeitura de João Pessoa.
Três dias depois, a Justiça mandou soltar Lauremília, mas com a aplicação de algumas medidas cautelares, dentre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Em 18 de novembro, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) decidiu retirar as tornozeleiras eletrônicas de Lauremília, mas manteve medidas cautelares, como a proibição de contato com outros investigados e de frequentar os bairros São José e Alto do Mateus.
Além disso, o vereador Dinho Dowsley (PSD) também foi um dos investigados pela Polícia Federal por suposta influência de um grupo criminoso nas eleições do município. Dinho, que chegou a usar tornozeleira eletrônica, teve o uso da medida revogada um pouco tempo depois pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB).
Mulher matou e degolou filho em João Pessoa
Uma mulher, identificada como Maria Rosália Gonçalves Mendes, de 26 anos, é suspeita de matar a facadas e depois degolar o filho de seis anos de idade, dentro do apartamento onde morava, no bairro de Mangabeira IV, em 20 de setembro. Segundo a Polícia Militar, a mulher reagiu à prisão, tentou atacar os agentes e precisou ser contida. Ela foi atingida por 14 tiros de arma de fogo. A suspeita de 26 anos foi socorrida e levada para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, mantida sob custódia, e ficou internada na UTI até 17 de outubro, quando morreu. Ela não recebeu nenhuma visita ao longo deste tempo.
Operação contra Vai de Bet, investigação sobre Gusttavo Lima e prisão de Deolane Bezerra
Uma investigação da Polícia Civil de Pernambuco mirou um suposto esquema de lavagem de dinheiro que levou à prisão a influenciadora e advogada Deolane Bezerra no dia 10 de setembro — ela foi solta em 24 de setembro. Segundo as investigações, a ação criminosa envolvia a contratação de influenciadores digitais por casas de apostas esportivas na internet, as “bets”. O casal André Rocha e Aislla, donos da casa de apostas paraibana Vai de Bet, e o cantor Gusttavo Lima também chegaram a ser alvos de mandados de prisão.
Em dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco arquivou as investigações sobre lavagem de dinheiro contra o cantor Gusttavo Lima e os sócios da empresa Vai de Bet. O Ministério Público entendeu que não há elementos suficientes para prosseguir com a análise do caso que apurava irregularidades na compra e venda de um avião do cantor.
Morte de Vladimir de Carvalho
Vladimir Carvalho, um dos mais importantes cineastas do Brasil, morreu em 24 de outubro, aos 89 anos, em Brasília, no Distrito Federal. Segundo amigos de Vladimir, ele estava internado há três semanas por causa de problemas renais e não resistiu. O cineasta paraibano é um dos grandes nomes do cinema nacional, sendo responsável por uma vasta obra cinematográfica e pela formação de milhares de profissionais da área. Vladimir Carvalho era natural da cidade de Itabaiana, no Agreste da Paraíba.
Ainda na infância, ele se mudou para a capital pernambucana Recife, e depois voltou para a Paraíba, onde morou na capital João Pessoa. Entre as principais obras de Vladimir Carvalho estão ‘O País de São Saruê’ (1967) e ‘Conterrâneos Velhos de Guerra’ (1991). Em 2007, o cineasta lançou o documentário ‘O Engenho de Zé Lins’ sobre o escritor José Lins do Rego.
Reeleição de Cícero Lucena, em João Pessoa, e Bruno Cunha Lima, em Campina Grande
Nas Eleições 2024 na Paraíba, Campina Grande e João Pessoa levaram a decisão para o segundo turno. Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito de João Pessoa para os próximos quatro anos. Cícero foi eleito com 63,91% dos votos válidos, derrotando Marcelo Queiroga (PL). Léo Bezerra (PSB) é o vice-prefeito na chapa eleita.
Já em Campina Grande, Bruno Cunha Lima (União) foi reeleito prefeito da cidade, no Agreste paraibano, para os próximos quatro anos. Bruno Cunha Lima foi eleito com 57,94% dos votos válidos, derrotando Jhony Bezerra (PSB). Alcindor Vilarim (Podemos) é o vice-prefeito na chapa eleita.
Mulher cai de carro em movimento e morre atropelada nos Bancários
Uma mulher de 24 anos, identificada como Amanda dos Santos Barbosa, morreu atropelada no bairro dos Bancários, em João Pessoa, depois de perder o equilíbrio e cair do carro em que estava ao lado de outras amigas. Ela chegou a ser socorrida e levada para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, mas morreu na unidade hospitalar. Amanda dos Santos Barbosa voltava de uma festa quando começou a fazer vídeos e fotos para colocar num perfil de rede social. Ela se deslocou parcialmente para fora do veículo e ficou sentada na janela da porta traseira.
Em certo momento, desequilibrou, caiu na avenida principal do bairro e foi atropelada acidentalmente pelo carro que vinha atrás. As amigas da vítima, que estavam no carro, foram levadas para a Central de Polícia Civil para esclarecimentos sobre o que teria acontecido. De acordo com a proprietária do veículo em que Amanda estava, no momento em que Amanda caiu do carro e foi atropelada, as pessoas que estavam dentro do veículo não escutaram pois o som estava alto. Notaram a queda de Amanda apenas segundos depois.
Baía da Traição decreta estado de emergência devido ao avanço do mar
O estado de calamidade pública em Baía da Traição, cidade do Litoral Norte da Paraíba, causado pela erosão costeira foi reconhecido pelo Governo Federal. O reconhecimento do estado de calamidade pública na cidade aconteceu após o município paraibano ter decretado estado de emergência em áreas da Praia do Forte, devido aos danos significativos causados pela erosão costeira. De acordo com representantes da Defesa Civil de Baía da Traição, a solução para impedir o avanço da erosão costeira é construir um semicírculo em concreto e realizar o alargamento da faixa de areia. Segundo o secretário de saúde de Baía da Traição, o investimento necessário para a realização dessas ações seria de cerca de R$ 86 milhões.
Mulher faz sinal em UPA e acompanhante é preso
Uma mulher fez um sinal para demonstrar ter sido vítima de violência doméstica ao ser atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bayeux, na Grande João Pessoa, e o acompanhante dela foi preso. A vítima havia sido levada pelo homem com quem se relacionava para receber atendimento na UPA apresentando hematomas e machucados no rosto, sob o suposto pretexto de que teria se machucado durante uma queda. Ao ser atendida, a mulher sinalizou ter sofrido violência doméstica. Durante o atendimento, ela foi levada pela profissional de saúde para um local separado do homem, momento no qual revelou ter sido agredida por ele e contou que aquela não havia sido a primeira situação de violência sofrida por ela dentro do relacionamento.
Arquiteta faz festa de dezcasamento
Após 17 anos de casamento, a arquiteta e multiartista Yane Diniz, de 34 anos, transformou o fim de seu relacionamento em um rito de renovação e reflexão sobre os papéis socialmente impostos às mulheres. Em vez de encarar os vídeos como um fracasso, ela decidiu celebrar o “dezcasamento”, uma festa que marcou os dez anos de seu matrimônio e simbolizou o recomeço de sua vida. “Fiz por mim”, afirmou Yane, que promoveu um encontro intimista com 15 amigos próximos, onde não faltaram votos de amor-próprio, feijoada preparada pela mãe e até um buquê de “dezcasamento”, que ninguém ousou pegar.
Para Yane, a festa foi uma oportunidade de ressignificar um símbolo tradicionalmente ligado ao aprisionamento. “Acho que a gente precisa inventar novos ritos pra esse velho mundo”, declarou. A arquiteta teve a oportunidade de afirmar seu empoderamento e questionar as expectativas sociais que recai sobre as mulheres, transformando um momento de dor em uma oportunidade de crescimento pessoal.
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