Rio 460 anos: a cidade vista pelas lentes de Custódio Coimbra, um carioca talentoso e apaixonado

Ao procurar na internet o significado de vanguardista, o nome de Custodio Coimbra deveria aparecer na buscas. É dele, por exemplo, a primeira foto de uma Lua colada ao Cristo Redentor. A imagem foi publicada em 1997, às vésperas da visita do Papa João Paulo II ao Rio. Fotógrafo há 47 anos, 36 deles no GLOBO, ele é incansável na procura da imagem perfeita e, como poucos, permitiu-se ser transformado pelo Rio.
— No início, minha busca pela foto perfeita era chegar a uma distância de uma pessoa em que eu pudesse captar sua energia. Mas, ao longo do tempo, percebi a paisagem começando a crescer no meu trabalho. E, felizmente, moro no Rio — explica ele.
Envolvido pela cidade, ele enumera pontos do que enxerga ser o diferencial do Rio em relação a outros lugares: o mar, a floresta e a pedra, das rochas que moldam o morro ao concreto moldado pelo homem. Capaz de capturar momentos únicos, ele traduz a energia que sente da cidade.
— Em comparação ao ser humano, é aquela tensão olhando o lance de um jogo de futebol. Vai acompanhando os passes e, de repente, pum! É gol! Ou não, um grito de dor da bola pra fora— acrescenta.
Conseguir capturar toda essa mistura do Rio é uma das virtudes de Custodio. Ele conta que não é necessário desassociar o belo do fotojornalismo. Um exemplo disso é uma foto de junho do ano passado: em meio a dias de intenso calor, ele observou que o engarrafamento na praia de Copacabana às 7h não estava na Avenida Atlântica, mas no mar.
Eram dezenas de pranchas de stand up paddle com praticantes que se equilibravam em meio às ondas. No centro, algumas estão amontoadas e passam a impressão de que um guarda e um sinal de trânsito marítimo no local não seriam má ideia.
— O belo é uma questão pessoal. Além disso, uma foto jornalistica pode ser vendida numa galeria. Minha energia de fazer esse registro segue todos os padrões que uso para capturar a beleza. O cerne é procurar a emoção — afirma.
Modesto, diz não saber eleger “a foto” de sua carreira. Não à toa, o Instituto Moreira Salles tem em seu acervo 410 imagens feitas por Custodio ao longo das últimas décadas.
E não importa quantas fotos tenha feito, ele diz que nenhuma é igual a outra. Por isso, o Rio, que vive constantes transformações, o surpreende a cada vez que a câmera captura uma imagem.
— A cidade não é apenas a bela geografia. Ao entrar numa rua antiga, por exemplo, é perceber um detalhe que ainda não tinha visto. A arquitetura também está muito presente na minha fotografia — conta.
Se por suas lentes Custodio ajuda a construir a história do Rio, é por elas que ele viaja no tempo. Num ensaio sobre os fortes que protegem a Baía de Guanabara, por exemplo, o fotógrafo se transporta para capturar a essência do lugar:
— Busco qual é aquela história, motivo de sua construção, seu uso. Tento me aprofundar no conhecimento da cidade.
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