Avião da FAB deixa o Líbano rumo ao Brasil com nova leva de brasileiros
A aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou de Beirute, no Líbano, às 18h30 (horário local) — (12h30 no horário de Brasília) — desta segunda-feira (7/10), com 227 resgatados — incluindo 49 crianças (7 de colo) e 3 pets a bordo. Além de realizar o resgate de brasileiros na Operação Raízes do Cedro, o avião também transportou à capital libanesa doações do governo brasileiro, incluindo 20 mil seringas com agulhas e 4 mil agulhas individuais, destinadas a suprir necessidades de saúde locais.
O avião fará uma escala em Lisboa, em Portugal, para reabastecimento, e seguirá para a Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP). A previsão é que o próximo grupo de repatriados chegue ao Brasil amanhã (8), por volta das 10h. Segundo o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, comandante da Aeronáutica, a operação deve trazer cerca de 500 brasileiros de volta ao país a cada semana.
Atualmente, cerca de 20 mil brasileiros residem no Líbano, e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) reportou que aproximadamente 3 mil cidadãos manifestaram desejo de deixar o país devido à intensificação das operações militares israelenses.
O avião envolvido na missão de repatriação, denominado Raízes do Cedro, é um modelo KC-30. Na etapa inicial da operação, a aeronave decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na madrugada de quarta-feira passada (2) e chegou a Portugal na manhã do mesmo dia. Embora estivesse programado para seguir ao Líbano no mesmo dia, o voo foi postergado por questões de segurança, sendo reagendado para a manhã do último sábado (5).
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Brasil deve repatriar 240 brasileiros que estão no Líbano até o fim de semana
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira informou que o o governo espera fazer o primeiro de voo de repatriação de brasileiros que estão no Líbano até o final desta semana. Na noite desta segunda-feira (30/09) o Itamaraty emitiu nota informando que o presidente Lula determinou o resgate dos brasileiros que estão no Líbano.
A operação será coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, e executada pelo Ministério da Defesa através da Força Aérea Brasileira. A comunidade brasileira no Líbano é de cerca de 20 mil pessoas.
Segundo Mauro Vieira, a expectativa é que até o final da semana mais de 200 brasileiros sejam repatriados em uma viagem que sairá de Beirute. “Acredito que até o final de semana já tenhamos o primeiro voo realizado. Nesse primeiro voo devem ser 230 ou 240 no máximo, que é a capacidade do avião, mas haverá outros conforme a necessidade”, declarou Vieira em entrevista.
O ministro também afirmou que todos os brasileiros interessados em voltar ao Brasil já foram identificados através da embaixada do Brasil no Líbano e que “na medida do possível” todos serão resgatados, seguindo uma ordem de prioridade. “São todos os que manifestaram desejo, mas evidemente se dará prioridade. Às mulheres, pessoas de idade, mulheres grávidas, os que estejam doentes, crianças. Mas esse será o critério e vamos, na medida do possível, atender com rapidez a todos os brasileiros que se encontram lá” disse
O Líbano está sendo bombardeado por Israel desde a semana passada, em uma escala do conflito no Oriente Médio. Só na segunda-feira 95 pessoas morreram durante os bombardeios segundo o ministério da Saúde do Líbano. Israel realiza agora uma incursão terrestre para atacar o grupo Hezbollah. Em um aviso ao grupo rebelde, o primeiro-ministro de Israel afirmou que “Não há lugar no Oriente Médio que Israel não alcance”.
Nota do Itamaraty sobre repatriação de brasileiros no Líbano
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou a realização de voo de repatriação de brasileiros no Líbano. A operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo. O planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto. A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Brasil deve repatriar 240 brasileiros que estão no Líbano até o fim de semana
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira informou que o o governo espera fazer o primeiro de voo de repatriação de brasileiros que estão no Líbano até o final desta semana. Na noite desta segunda-feira (30/09) o Itamaraty emitiu nota informando que o presidente Lula determinou o resgate dos brasileiros que estão no Líbano.
A operação será coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, e executada pelo Ministério da Defesa através da Força Aérea Brasileira. A comunidade brasileira no Líbano é de cerca de 20 mil pessoas.
Segundo Mauro Vieira, a expectativa é que até o final da semana mais de 200 brasileiros sejam repatriados em uma viagem que sairá de Beirute. “Acredito que até o final de semana já tenhamos o primeiro voo realizado. Nesse primeiro voo devem ser 230 ou 240 no máximo, que é a capacidade do avião, mas haverá outros conforme a necessidade”, declarou Vieira em entrevista.
O ministro também afirmou que todos os brasileiros interessados em voltar ao Brasil já foram identificados através da embaixada do Brasil no Líbano e que “na medida do possível” todos serão resgatados, seguindo uma ordem de prioridade. “São todos os que manifestaram desejo, mas evidemente se dará prioridade. Às mulheres, pessoas de idade, mulheres grávidas, os que estejam doentes, crianças. Mas esse será o critério e vamos, na medida do possível, atender com rapidez a todos os brasileiros que se encontram lá” disse
O Líbano está sendo bombardeado por Israel desde a semana passada, em uma escala do conflito no Oriente Médio. Só na segunda-feira 95 pessoas morreram durante os bombardeios segundo o ministério da Saúde do Líbano. Israel realiza agora uma incursão terrestre para atacar o grupo Hezbollah. Em um aviso ao grupo rebelde, o primeiro-ministro de Israel afirmou que “Não há lugar no Oriente Médio que Israel não alcance”.
Nota do Itamaraty sobre repatriação de brasileiros no Líbano
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou a realização de voo de repatriação de brasileiros no Líbano. A operação, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, terá a data anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo. O planejamento inicial da Força Aérea Brasileira prevê a decolagem do aeroporto de Beirute, que se encontra aberto. A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Dirigível alugado pelo São Paulo cai sobre casas em Osasco
Um dirigível contratado pelo São Paulo Futebol Clube caiu no bairro de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, no início da tarde desta quarta-feira (25/9). Uma pessoa foi atendida com ferimentos leves.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP), o acidente ocorreu na Avenida Sarah Veloso. A Polícia Civil do estado foi acionada e quando chegou no local, ele já estava isolado pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Municipal. O Corpo de Bombeiros também foi chamado. O incidente será registrado na 8ª Delegacia de Polícia da cidade.
Ainda de acordo com a SSP-SP, a aeronave transportava duas pessoas — um piloto e um passageiro. “Os tripulantes sofreram lesões. O passageiro foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital São Luiz, enquanto o piloto recebeu atendimento no local devido a um corte na cabeça”, informou a secretaria.
Segundo informações da SSP-SP, o piloto relatou que o dirigível partiu de São Carlos pela manhã em direção a Carapicuíba, onde fez uma parada. Em seguida, houve uma nova decolagem, mas, durante o voo sobre Osasco, ocorreu uma perda de controle, levando à queda da aeronave.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), informou que investigará o caso. Conforme informado pelo órgão, investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV) foram mobilizados para a coleta de informações sobre o incidente relacionado à aeronave com matrícula PR-ZAD.
Em nota, o time afirmou que dirigível pertencia a uma empresa contratada pelo clube para realizar uma ação publicitária algumas horas antes do confronto contra o Botafogo, que faz parte das quartas de final da Conmebol Libertadores. Ele partiu de Carapicuíba e estava em um voo de teste quando aconteceu o incidente.
“O São Paulo FC lamenta o incidente ocorrido com o dirigível contratado por locação da Airship do Brasil Indústria e Serviços Aéreos SA. A empresa já havia prestado este mesmo serviço ao Clube por ocasião da final da Copa do Brasil, em 2023, sem nenhuma intercorrência.
O aparelho fazia um teste nesta manhã em preparação ao sobrevoo noturno, previamente autorizado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), que estava programado para a região do estádio.
O Clube informa que, felizmente, não houve feridos com gravidade e está prestando todo o suporte necessário aos tripulantes e demais envolvidos.”
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
A mulher que teve três pais: ‘Meu mundo caiu quando soube verdade sobre pai biológico’
A americana Eve Wiley tinha 16 anos quando descobriu, por acaso, que tinha sido concebida por sua mãe com o sêmen de um doador anônimo.
O homem que até então acreditava ser seu pai, Doug, tinha morrido de ataque cardíaco quando ela tinha sete anos.
Animada com a ideia de “voltar a ter um pai”, ela saiu em busca do doador, com quem acabou forjando uma afetuosa relação de pai e filha.
Mas quando o filho dela adoeceu por causa de uma condição genética, ela se viu obrigada a pesquisar a história da família e fazer testes de DNA – que acabaram levando a uma descoberta que a deixou profundamente revoltada, a ponto de se engajar pessoalmente em uma luta para altera a lei em seu Estado natal, o Texas.
Essa história é contada em um episódio da terceira temporada do podcast Que História!, da BBC News Brasil. Ele pode pode ser ouvido nas principais plataformas de podcast, como Spotify e Apple Podcasts, e no canal da BBC News Brasil no YouTube.
‘Havia um segredo na família…só não sabia que ese segredo era eu!’
Eve Wiley nasceu no Texas em 1987, filha de Doug, professor de ensino médio, e Margo, enfermeira, na pequena cidade rural de Center, no Texas.
“Minhas lembranças de Doug são por meio de fotos e vídeos caseiros. Era um homem bastante afetuoso. Ele nos adorava e passava muito tempo conosco. Então, tenho boas lembranças dele” contou Eve ao programa Outlook, da BBC.
Ela sentia falta de uma figura paterna em sua vida, e, um belo dia, descobriu que Doug não era seu pai biológico.
“Minha mãe era enfermeira na escola. Eu tinha o hábito de ler os e-mails dela para descobrir alguma fofoca. E descobri uma troca de mensagens dela com uma empresa chamada California Cryobank”, contou Eve.
“Na hora eu pensei que ela estava ajudando meu avô, que era criador de gado, com algum tipo de programa de reprodução. Cliquei num e-mail em que estava escrita minha data de aniversário. Achei estranho. Foi aí que descobri que o California Cryobank era um banco de esperma, e que eu fui gerada via inseminação artificial com o esperma de um doador anônimo.”
“Fiquei chocada, bem confusa. Sempre achei que havia segredos na nossa família, só não sabia que o segredo era eu! E digo isso porque Doug e minha mãe tiveram uma filha biológica 14 meses mais nova que eu, e ela não se parece nada comigo. Eu era uma criança loira, de olhos azuis e pele muito clara. Minha irmã mais nova tem essa linda tez morena, pele, cabelo castanho escuro, olhos castanhos escuros. Nossos interesses também eram diferentes, éramos polos opostos. E, então, eu meio que já desconfiava que havia algo ali, mas não sabia o que.”
Eve confrontou a mãe com a descoberta. Margo disse que ela e o marido achavam simplesmente que Eve não precisava saber da verdade, porque eles a viam como filha biológica e ponto.
Mas que ela, por ser enfermeira, começou a mudar de opinião. Margo tinha percebido o quanto o conhecimento sobre o DNA de uma pessoa era importante para o conhecimento sobre a saúde dessa pessoa. A irmã mais nova de Eve, por exemplo, tinha que fazer electrocardiograma todo ano por causa da doença cardíaca do pai.
Eve passou a se animar com a chance de voltar a ter um pai, e resolveu ir atrás do doador anônimo.
“Nos registros médicos da clínica de fertilidade, o doador era identificado como doador 106. Escrevi então, com muito cuidado, uma carta, e pedi que o California Cryobank passasse a carta para ele assim que houvesse uma atualização dos registros médicos desse doador. Um ano depois houve um contato e eles passaram a carta para ele. Pouco depois ele me respondeu. Começamos a nos comunicar por e-mail e depois pelo telefone. Eu estava na faculdade em Austin, no Texas, nessa época. E um dia, ele pegou um avião e veio me encontrar.”
E assim, Steve Scholl, entrou na vida de Eve.
“Começamos esse lindo relacionamento entre pai e filha. Ele é afetuoso, gentil e amigável e estava genuinamente interessado em mim. Foi maravilhoso. Parecia uma história de conto de fadas, deu tudo tão certo. Não era como outras histórias horríveis que eu ouvi. Eu tive sorte. Eu tinha um pai biológico que realmente queria me conhecer.”
Steve Scholl vivia num outro Estado e tinha sua própria família. Era casado e tinha filhos jovens. A esposa de Steve no começo não gostou da ideia de uma estranha bater na porta de casa da família dizendo ser filha de seu marido. Mas com o passar do tempo, ela aceitou a situação. E ambos, ela e Steve, foram ao casamento de Eve. Aliás, foi Steve que conduziu o casamento da filha.
“Steve tinha acabado de ser ordenado para realizar o casamento de um de seus amigos”, contou Eve. “Então pareceu muito apropriado naquele momento que ele me casasse. Foi um momento muito doce para, sabe, juntar nossas histórias. E todo mundo chorou.”
Um ano depois de se casar, Eve teve um filho, Hutton, que começou, cedo, a ter problemas de saúde, e os médicos não conseguiam identificar a causa desses problemas.
Quando tinha três anos, foi feito um perfil genético do garoto e descobriu-se que ele sofria de doença celíaca, uma doença autoimune causada normalmente pelo consumo de glúten. O distúrbio é hereditário e seu gene foi detectado na mãe do menino, Eve.
“Me disseram que a doença não tinha se desenvolvido no meu caso, mas que o distúrbio poderia aparecer a qualquer momento. O que foi estranho é que ninguém na minha família ou na família de Steve apresentava qualquer tipo de doença autoimune.”
Eve também fez o perfil genético de saúde e ancestralidade em uma empresa bastante popular nos Estados Unidos, que faz uma espécie de árvore genealógica do cliente a partir de seu DNA – e identifica uma série de parentes biológicos e seus graus de parentesco.
Os resultados deixaram Eve perplexa.
“Eu tinha um monte de parentes próximos. Vários primos de primeiro grau, a maioria deles bem mais velhos do que eu. Isso foi bizarro, porque minha mãe tem dois irmãos e eles não têm nenhum filho biológico. E pelo que sabia de Steve, ele também tinha dois irmãos e eles não tinham filhos biológicos. De onde vieram então esses primos e meio-irmãos?”
“Falei com esse primeiro meio-irmão. Ele é de Nacogdoches, cidade que fica a 50 quilômetros da minha cidade natal. E na conversa, ele me diz que conhece nosso pai biológico. Que seria o Dr. Kim McMorries, o médico de minha mãe e também da mãe dele. E eu pensei, ah esse meio-irmão não entendeu como funciona a inseminação artificial. Não entendeu que McMorries era o médico que fez a inseminação na clinica de fertilidade e que o pai biológico era um doador anônimo.”
“O terceiro cara que eu contactei era, segundo o site de ancestralidade, um primo de primeiro grau. E que se ele tivesse um tio, esse tio teria de ser meu pai biológico. Ele disse: Meu pai só tem um irmão. E ele é de Nacogdoches, perto de sua região, onde você cresceu. E o nome dele é Kim McMorries.”
‘Minha mãe ficou em estado de choque, tremendo…’
“Meu mundo caiu. Os resultados de DNA só significavam uma coisa: que o médico que fez o tratamento de fertilidade da minha mãe usou seu próprio esperma para fazer a inseminação – em vez de usar o esperma do doador que meus pais selecionaram.”
“Ao fim da ligação com meu agora primo, subi para contar para minha mãe, que estava de férias conosco. ‘Steve não é meu pai’, eu disse. ‘É Kim McMorries, o médico’. Eles estavam assistindo a um filme e ela disse: O quê? E eu comecei a contar. Ela ficou em estado de choque, tremendo, a ponto de meu marido perguntar se não deveríamos chamar uma ambulância.”
Eve esperou dois meses para contar a Steve Scholl, o homem que por 14 anos ela acreditou ser seu pai. Ela esperou Steve receber os resultados de teste de DNA que ele tinha feito na mesma empresa em que Eve tinha feito o seu teste.
“Liguei para ele e foi devastador. Nós dois apenas choramos ao telefone. E no final da conversa, ele disse: ‘Isso muda algumas coisas, mas não muda tudo. Eu não vou embora. Você ainda é minha filha. E vamos superar isso juntos’.
Eve também ficou chocada com outra descoberta: de que o que o médico fez, inseminar sua paciente com seu esperma sem o consentimento desta não era crime no Texas. Mas ela resolveu confrontar Kim McMorries, o médico.
“Escrevi uma carta para ele, apenas contando o que descobri e perguntando como isso pode ter acontecido. Ele respondeu primeiro dizendo que não lembrava do caso, que não tinha mais os registros da fertilização de minha mãe – já que era obrigado por lei a guardá-los por apenas sete anos. E disse que muitas vezes, os espermatozoides enviados pelo California Cryobank não eram bons, e que ele então usava amostras do próprio esperma, que tinha recolhido havia 13 ou 14 anos, nos tempos em que era doador.”
“Ele defendeu isso dizendo que o mais importante era conseguir a fecundação. Que ele estava fazendo o que minha mãe queria, que era engravidar. Mas a questão é que ele podia ter sido transparente. Ele poderia ter dito ‘o esperma do doador não está funcionando, posso usar o meu’? E a razão pela qual ele não fez isso é porque ela teria dito não.”
“Ele disse que usou frascos de esperma de anos anteriores. Mas em uma anotação de registros médicos de uma meia-irmã minha, que era alguns meses mais velha que eu, o próprio Dr. McMorries diz que usou uma amostra fresca. Ou seja, nós acreditamos firmemente que ele colheu a amostra dele na própria clínica e em seguida a depositou na minha mãe.”
“Essa conduta introduz graves conflitos de interesse no relacionamento médico-paciente. Ao fazer a inseminação ilícita ele está explorando o fato de minha mãe não saber nada do que estava acontecendo. E meus pais tinham escolhido um doador que se parecesse com meu pai, queriam que o filho ou filha se parecesse com ele. O médico impediu isso. Ele violou a obrigação, o dever de divulgar todas as informações médicas relevantes. Ele roubou dos meus pais a autonomia de tomada de decisão.”
Na troca de cartas, o médico acabou pedindo desculpas pela dor que tinha causado a Eve e sua família. Ele nunca foi punido ou teve sua licença ameaçada, justamente porque o que tinha feito não era visto como crime no Estado, o Texas.
Mas Eve Wiley resolveu ir a público com sua história e lançou uma campanha para que a legislação do Estado passasse a proibir que médicos usassem seu esperma para inseminar uma paciente sem o consentimento expresso dela.
“Eu não tinha a menor ideia de como fazer isso. Mas em Austin, capital do Estado, conheci um lobista que me ajudou e explicou tudo. Eu ia com ele para a Assembleia, falar com deputados. Durante meses, eu ia lá, uma vez por semana, e passava o dia contando minha história. Muitos ficavam emocionados. Muitos deles, os homens mais velhos, não entendiam realmente como a história funcionava. Eu tinha que explicar o básico.”
A campanha deu certo. A lei foi mudada no Texas, na Flórida e no Colorado, onde a inseminação com sêmen de um doador sem consentimento passa a ser vista como agressão sexual.
Casos como o de Eve estão longe de ser os únicos. Um médico especialista em fertilidade na cidade de Indianápolis, Donald Cline, inseminou pelo menos três dúzias de mulheres com seu esperma nos anos 1970 e 1980 – e teve mais de 60 filhos.
O médico holandês Jan Karbaat teve pelo menos 56 filhos com mulheres tratadas em sua clínica nos arredores de Rotterdã.
A própria Eve diz ter pelo menos 13 meio-irmãos e irmãs filhos do médico. E o pai biológico de todos eles, longe de ser unanimemente condenado por sua conduta, é visto por muitas pessoas que acompanharam a história de Eve Wiley como uma espécie de herói.
“Recebi muitas mensagens de ódio através do Facebook e Instagram. Foi muito difícil. Muita gente pensa que eu estava arruinando um homem bom, que ele estava fazendo a obra do Senhor. Acho que ouvi isso umas 100 vezes. Que eu era uma pirralha mal agradecida. Ou pessoas dizendo ‘você é bonita e inteligente e deveria estar grata por estar viva’. Que ‘se ele não tivesse feito isso, eu não estaria aqui’.”
Eve Wiley diz “reconhecer e honrar” sua identidade genética, mas que sua descoberta a aproximou ainda mais de Steve.
“Sempre houve uma consistência na nossa relação e a gente continua mantendo ela. Hoje damos risada do que aconteceu, mas sem dúvida que tivemos que conversar, a situação era estranha. Mas todas as decisões que tomamos depois disso foram decisões de uma família.”
Formada em psicologia e neurociência comportamental, com mestrado em ciências de aconselhamento parental, Eve Wiley hoje mora em Dallas, onde trabalha como terapeuta especializada em ajudar pais a lidar com comportamentos como ansiedade, depressão e dificuldades de aprendizado em crianças.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Ar seco, poeira e fumaça favorecem algumas doenças; confira os cuidados
Com ausência das chuvas, a poeira e a fumaça no ar abrem as portas para o aparecimento de inúmeras enfermidades. Segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), doenças respiratórias, desidratação e doenças diarreicas — provenientes do aumento da circulação de vírus, como o rotavírus — estão entre os casos mais frequentes nos atendimentos da rede pública de saúde.
Jennifer Emerick, médica especialista em clínica médica, informou que as doenças podem atingir diferentes áreas do corpo humano. No caso do sistema respiratório, o ar seco e a fumaça irritam as vias aéreas, aumentando o risco de crises asmáticas. A inflamação dos brônquios é exacerbada pela poluição e a presença de partículas suspensas no ar, causando bronquiolite. A poeira e as partículas provenientes das queimadas desencadeiam alergias, provocando crises de espirros, coriza e congestão nasal — a famosa rinite alérgica. A baixa umidade e a poluição contribuem para a inflamação dos seios nasais, levando a infecções e aumento das crises de sinusite.
Nos olhos, é comum o aparecimento de conjuntivite alérgica, pela exposição prolongada à poeira e à fumaça, que irrita os olhos, causando inflamação e desconforto. Na pele, pode haver desidratação e o aparecimento de doenças, como ressecamento, lábios rachados e irritações cutâneas.
“Quando a seca e a fumaça estão presentes, algumas medidas podem ajudar a proteger a saúde e minimizar os impactos das doenças, como evitar atividades físicas ao ar livre, pois a respiração intensa aumenta a inalação de partículas poluentes, e usar máscaras de proteção, como as do tipo N95, que ajudam a filtrar partículas finas e irritantes presentes no ar. Também é importante evitar a utilização de produtos de limpeza com odores fortes, velas e incensos, que podem piorar a qualidade do ar e aumentar a irritação nas vias aéreas”, apontou a especialista. Para os olhos, o uso de colírios lubrificantes ajudam a proteger contra o ressecamento e os óculos de sol também são recomendados pela especialista.
Antônia contou que os filhos, Miguel e Ayla, tem apresentado alergias. No HMIB, a médica informou que a doença de pele tem se manifestado por causa do clima
No Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), a equipe de reportagem encontrou Antônia Teixeira, 42 anos, que levou os dois filhos para serem atendidos. Miguel, de oito anos, e Ayla, de cinco, estavam com alergias causadas pelo calor. “A gente veio domingo, pois o Miguel estava com muita coceira e vermelhidão no rosto, no pescoço e nos olhos. A médica disse que era por conta do clima e passou um anti-inflamatório. Mas não melhorou, então voltamos”, disse. “A Ayla está com demartite no pescoço por conta do calor e do suor”, completou.
Já a vendedora Amanda Soares, 30, procurou atendimento no hospital para o filho, Bento, de quatro meses. O menino nasceu prematuramente e, por isso, sofre de desconfortos respiratórios. Com a seca e a presença de fumaça e poeira, a mãe conta que ele tem sofrido mais.
A especialista alerta que crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas fazem parte do grupo vulnerável. “Essas pessoas devem receber atenção especial, sendo necessário, muitas vezes, limitar a exposição externa e aumentar a hidratação”, ensinou a médica.
A SES-DF orienta que, nesse período, a população beba bastante líquido, mantenha portas e janelas fechadas, e use máscara quando estiver próxima aos locais de queimadas. Quando os sintomas forem pertinentes, a ajuda médica deve ser buscada. Em caso de sintomas relacionados a problemas respiratórios, orientamos que procure uma de nossas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
Depois de quatro dias, a qualidade do ar em Brasília passou de insalubre e moderada para boa na manhã de ontem. Segundo a plataforma internacional IQAir, a concentração de partículas do tipo PM 2,5, atualmente, atende às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) pontua que as partículas do tipo PM2,5 são um tipo de poluente atmosférico com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros. Elas podem ser inaladas e penetrar na região torácica do sistema respiratório — podendo causar problemas de saúde. Para a OMS, o número de partículas que representa “nível seguro” de PM 2,5 é cinco microgramas por metro cúbico.
Na terça-feira, o DF registrou concentração de poluentes 11,1 vezes maior do que o valor anual recomendado pela OMS. Já o índice de qualidade do ar na capital era insalubre para grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. O céu da capital estava encoberto de fumaça por causa do incêndio que atingiu o Parque Nacional no último domingo. Na quarta-feira, o índice foi considerado moderado, mas a concentração de PM 2,5 ainda continuava acima do recomendado.
(Artigo)
Por Benny Schvarsberg, professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB
Brasília foi concebida como cidade-parque, daí os generosos espaços verdes livres e públicos que compõem, sobretudo, a sua escala bucólica, mas também as escalas residencial e monumental da cidade. Essa concepção do projeto original vencedor do concurso de 1957, garantida pela legislação de preservação patrimonial, sempre foi celebrada e reconhecida pelos moradores e visitantes como um urbanismo ambientalmente agradável, mesmo nos sazonais períodos de seca.
Os incêndios recentes colocaram a capital no noticiário nacional, ao lado de São Paulo e outras cidades, como um país em chamas. Eles podem ser vistos como fruto de multifatores como a crise dos extremos climáticos do planeta, aqui percebidos numa das secas mais prolongadas da história de Brasília (mais de 140 dias), ao qual se associam intencionalidades excusas ambientalmente criminosas, e a negligência do poder público em antecipar e planejar ações preventivas mitigadoras. Um aspecto chama atenção: os focos mais graves não se dão, felizmente, por enquanto, nos parques urbanos centrais, nas superquadras residenciais, bordas do lago ou eixos monumental e rodoviário; eles ocorrem em áreas menos adensadas de população e atividades, portanto de menor visibilidade e acesso cotidiano da população, o que não os torna menos impactantes, vide os efeitos prolongados na qualidade do ar da cidade chegando a suspender atividades escolares e afetando a saúde da população.
É um alerta de que, além de enfrentar aqueles focos e suas consequências, outras medidas e campanhas, urgentes e preventivas, devem ser tomadas de forma planejada em todo o Distrito Federal pelo poder público envolvendo toda a população. Sem alarmismo, os fatos demonstram que o DF está sob grave risco ambiental.
Além de ações imediatas, cabe também um planejamento de medidas territoriais de médio e longo prazos, pois tudo indica que a crise e os extremos climáticos não são passageiros. Uma delas, de cunho urbanístico e ambiental integrado, é elaborar um plano que reveja e redesenhe o uso e a ocupação do solo nas áreas lindeiras ao Parque Nacional e à Flona, além de outras áreas semelhantes. A tragédia das enchentes do Sul deu uma triste, mas clara lição, de que o Poder público e a sociedade civil não podem ser omissos, muito menos coniventes, diante de tragédias reiteradamente anunciadas por técnicos e cientistas.
Brasília foi concebida como cidade-parque, daí os generosos espaços verdes livres e públicos que compõem, sobretudo, a sua escala bucólica, mas também as escalas residencial e monumental da cidade. Essa concepção do projeto original vencedor do concurso de 1957, garantida pela legislação de preservação patrimonial, sempre foi celebrada e reconhecida pelos moradores e visitantes como um urbanismo ambientalmente agradável, mesmo nos sazonais períodos de seca.
Os incêndios recentes colocaram a capital no noticiário nacional, ao lado de São Paulo e outras cidades, como um país em chamas. Eles podem ser vistos como fruto de multifatores como a crise dos extremos climáticos do planeta, aqui percebidos numa das secas mais prolongadas da história de Brasília (mais de 140 dias), ao qual se associam intencionalidades excusas ambientalmente criminosas, e a negligência do poder público em antecipar e planejar ações preventivas mitigadoras. Um aspecto chama atenção: os focos mais graves não se dão, felizmente, por enquanto, nos parques urbanos centrais, nas superquadras residenciais, bordas do lago ou eixos monumental e rodoviário; eles ocorrem em áreas menos adensadas de população e atividades, portanto de menor visibilidade e acesso cotidiano da população, o que não os torna menos impactantes, vide os efeitos prolongados na qualidade do ar da cidade chegando a suspender atividades escolares e afetando a saúde da população.
É um alerta de que, além de enfrentar aqueles focos e suas consequências, outras medidas e campanhas, urgentes e preventivas, devem ser tomadas de forma planejada em todo o Distrito Federal pelo poder público envolvendo toda a população. Sem alarmismo, os fatos demonstram que o DF está sob grave risco ambiental.
Além de ações imediatas, cabe também um planejamento de medidas territoriais de médio e longo prazos, pois tudo indica que a crise e os extremos climáticos não são passageiros. Uma delas, de cunho urbanístico e ambiental integrado, é elaborar um plano que reveja e redesenhe o uso e a ocupação do solo nas áreas lindeiras ao Parque Nacional e à Flona, além de outras áreas semelhantes. A tragédia das enchentes do Sul deu uma triste, mas clara lição, de que o Poder público e a sociedade civil não podem ser omissos, muito menos coniventes, diante de tragédias reiteradamente anunciadas por técnicos e cientistas.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
SP tem 15 mil agentes em campo contra incêndios que já duram um mês
Embora sob o alívio temporário de uma frente fria, São Paulo completa um mês com sua estrutura de combate a incêndios florestais posta mais uma vez à prova. Com recordes nos pontos de fogo registrados por satélite, o estado tem adotado um modelo de força-tarefa no uso de efetivo e equipamentos.
Segundo a Defesa Civil de São Paulo, que coordena o gabinete de crise do governo estadual para lidar com os incêndios, há 15,1 mil agentes em campo envolvidos nos combates. Deste —a maior parte, 10 mil, composta por brigadistas voluntários, de empresas agrícolas e do DER (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo).
A outra porção desse efetivo é composta por 2.500 agentes de Defesa Civil, 2.200 bombeiros militares e 400 brigadistas da Fundação Florestal de SP.
Já os equipamentos se dividem em 2.500 veículos terrestres, como viaturas dos bombeiros, 29 helicópteros da Polícia Militar —as aeronaves disponíveis que não estejam em uso para ações de segurança— e oito aviões.
Na primeira quinzena de setembro, segundo o chefe da Defesa Civil de São Paulo, coronel Henguel Ricardo Pereira, foram 520 horas de voo, 2,4 milhões de litros de água usados para apagar as chamas e 20 aeronaves utilizadas, com 63 cidades assistidas no total.
A novidade desta temporada, segundo Henguel, foi a integração de diferentes setores no gabinete de crise. “Nas usinas, o pessoal já estava trabalhando para combater no seu terreno. Chamamos para o gabinete de crise pelo seguinte: se eu [brigadista] apaguei o fogo na minha área e um município do lado ainda tem fogo, realocamos esse recurso.”
Ele também citou a disponibilização, pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), de 13,5 mil vagas de Dejem (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar), para pagar o trabalho dos bombeiros na folga.
O gabinete chegou a operar com oito aviões e 12 helicópteros ao mesmo tempo nos combates a incêndio. No caso dos helicópteros, das 29 unidades da Polícia MIlitar que estão à disposição, podem ser usadas aquelas que não estejam em ações policiais.
Se havia vento forte que impedia o voo em uma região, as aeronaves eram enviadas a outros locais. “Toda a estratégia foi orientada com meteorologistas e analistas do GGE [Centro de Gerenciamento de Emergências]”, afirma o coronel.
Ele avalia que a operação tem conseguido frear o avanço do fogo. “Nunca vimos uma operação tão grande sendo executada para combate dentro do estado.”
Nesta terça (17), o governo Tarcísio divulgou ter prendido 23 pessoas por suspeita de envolvimento em ações de início intencional de fogo desde junho —nove estavam soltas até a última sexta (13). A gestão também informou ter aplicado mais de R$ 25 milhões em multas para crimes relacionados a queimadas criminosas desde janeiro.
Mas depois da frente fria, a temperatura volta a subir, e o estado tem alertas de emergência para incêndio com ápice entre a próxima sexta-feira (20) e o domingo (22). Segundo o coronel, a Defesa Civil avalia a importação de retardantes químicos de fogo, que diminuem a velocidade de propagação das chamas, para uso ainda nesta temporada.
O cenário atípico de seca e incêndios no Brasil também foi apontado, na tarde desta terça-feira (17), do presidente Lula (PT). Em reunião para discutir um pacote de medidas contra as queimadas e incêndios florestais, ele afirmou que o país não estava preparado para lidar com a crise do fogo.
Para o diretor de defesa civil municipal de São Carlos, Pedro Caballero, a estrutura de São Paulo é razoável, mas o estado deve passar a investir de forma permanente em equipamento e maquinário.
“Países com inverno rígido mantêm o equipamento de neve parado quatro meses por ano, mas quando a época chegar, ele vai funcionar. Tem que ser a mesma coisa aqui, porque temos enchente e seca.”
O estado de SP, é claro, está longe de ter 44 mil bombeiros de carreira como a Califórnia, nos EUA, mas Caballero afirma que a cultura de proteção contra incêndios, mais do que centenária entre os norte-americanos, ainda é muito recente no Brasil e foi forçada por desastres como o dos edifícios Andraus, em 1972, e Joelma, dois anos depois, ambos em São Paulo. Fundamental para aumentar a prevenção e a resposta, essa cultura, diz ele, ainda é incipiente no Brasil.
Já o capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros de SP, afirma que, apesar da preparação sazonal para a estiagem, os focos de incêndio nesta temporada se sobrepuseram à capacidade institucional da corporação de atender ocorrências. “Isso implicou novas manobras. O efetivo que trabalha em atividades administrativas passou também a atender ocorrências.”
Ele também cita que a inovação na criação de um gabinete de crise ajuda a organizar as diferentes demandas, embora destaque que, segundo o sistema de registros usado pela corporação, agosto deste ano, que teve 6.791 ocorrências, ficou abaixo do mesmo mês em 2021, que somou 8.079 registros.
Atentados do 11 de Setembro: a tragédia que mudou os rumos do século 21
Poucos acontecimentos ganham lugar na história com o nome de sua data.
Sem necessidade de dizer o que ocorreu naquele dia, o marco no calendário sugere uma nova realidade — por isso, muitos acontecimentos conhecidos dessa forma são marcos nacionais, como “o 4 de Julho” (independência dos EUA), “o 14 de Julho” (queda da Bastilha na França) ou, no Brasil, “o 7 de Setembro”.
No século 21, um acontecimento é universalmente conhecido por sua data: o 11 de Setembro.
O nome refere-se ao dia 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos sofreram o maior ataque a seu território desde o bombardeio japonês à base de Pearl Harbor (no Havaí, em 1941).
Na manhã daquela terça-feira de setembro, no primeiro ano do século 21, quatro aviões comerciais americanos foram sequestrados na costa leste do país.
Dois deles foram lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center (WTC), na ilha de Manhattan, em Nova York, um chocou-se com o Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos EUA, em Washington D.C.), e outro caiu numa área desabitada no Estado da Pensilvânia.
Ao todo, 2.977 pessoas foram mortas nos ataques, além dos 19 sequestradores dos aviões.
O 11 de Setembro é considerado o ataque com o maior número de mortos da história. Além disso, foi uma tragédia que mudou, em vários aspectos, os rumos do mundo.
Os ataques
Às 08h46, horário local, o primeiro avião — um Boeing 767 fazendo o voo 11, de Boston em direção a Los Angeles — atingiu a torre Norte do World Trade Center.
O complexo empresarial era então composto por sete construções, incluindo duas torres de 417 e 415 metros, os edifícios mais altos do mundo na época de sua inauguração, em 1973.
O incidente rapidamente ocupou as transmissões ao vivo de canais de TV mundo afora, que reproduziam imagens vindas de Nova York mostrando uma densa e escura fumaça saindo das laterais da torre Norte.
Apresentadores de TV e repórteres conversavam com testemunhas e especulavam sobre que tipo de aeronave teria se chocado com um dos prédios do World Trade Center. Àquela altura, a maioria acreditava que se tratava de um acidente.
Durante a transmissão, às 09h03, 17 minutos depois do primeiro ataque, um segundo Boeing 767 — o voo 175, que também saíra de Boston com destino a Los Angeles — chocou-se contra a torre Sul, numa cena vista ao vivo por milhões de pessoas ao redor do mundo.
Pentágono, em Washington, também foi atingido por um dos aviões sequestrados
As suspeitas de um ataque se confirmaram e o caos aumentou em Nova York com a população tentando deixar a todo custo a área do centro financeiro de Manhattan.
Às 09h37, o terceiro avião, um Boeing 757 fazendo o voo 77, de Washington a Los Angeles, atingiu uma das laterais do Pentágono.
Sobre o quarto avião, um Boeing 757 que saíra de Newark (Nova Jersey) com destino a San Francisco no voo 93 e caiu na Pensilvânia às 10h03, as investigações inicialmente sugeriam que ele provavelmente se dirigia para a Casa Branca, residência oficial do presidente americano, em Washington D.C.
Posteriores relatos fornecidos por integrantes do grupo islamista radical Al-Qaeda, no entanto, indicaram que o alvo seria o Capitólio, a sede do Congresso, também em Washington.
A aeronave chocou-se com o solo depois que passageiros lutaram com os sequestradores dentro da cabine.
Colapso
Em Nova York, a torre Sul do WTC, atingida pelo segundo avião, desabou às 09h59, causando pânico generalizado em Manhattan, onde pessoas corriam na tentativa de fugir da fumaça que tomava as ruas.
Cerca de meia hora depois, às 10h28, desabou a torre Norte, a primeira a ser atacada.
Ambas foram destruídas pelo fogo provocado pelos combustíveis das aeronaves, que estavam com seus tanques cheios, tendo sido sequestradas logo depois da decolagem.
No final da tarde, outro prédio do complexo World Trade Center, o 7 WTC, desabou, depois de sua estrutura ter sido abalada pelo impacto da queda das torres gêmeas.
Envolvidos em tentativas de resgates daqueles que estavam nas torres, 345 integrantes do Corpo de Bombeiros de Nova York morreram com a queda dos edifícios.
As vítimas
Entre as vítimas, havia centenas de estrangeiros, número que nunca foi determinado com precisão, já que muitos tinham dupla nacionalidade — eram tanto americanos como cidadãos de outros países.
Em cerimônias oficiais, como a que lembrou o quinto aniversário do 11 de Setembro, em 2006, foi feita referência a “mais de 90 nacionalidades” representadas entre os 2.977 mortos.
Três deles eram brasileiros: Anne Marie Sallerin Ferreira, de 29 anos, Sandra Fajardo Smith, de 37, e Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, de 30.
Vários brasileiros que trabalhavam nas torres gêmeas sobreviveram.
Um deles, André Kamikawa, estava no 25º andar da Torre Norte, a primeira a ser atingida.
Em entrevista à BBC News Brasil, dias após os ataques, Kamikawa falou sobre os momentos após o impacto.
“Ouvimos um estrondo e sentimos um tremor, um movimento muito forte do prédio indo para trás e depois voltando.”
Pela janela, ele viu destroços caindo. Em seguida, juntamente com colegas, dirigiu-se às escadas, por onde saiu da torre.
Outro brasileiro, Larry Pinto de Faria Júnior, trabalhava no mesmo andar que Kamikawa e também deixou o edifício pelas escadas.
Em 2011, dez anos depois dos ataques, ele disse à BBC News Brasil que sentiu realmente medo depois que a torre Sul, a primeira a ser destruída, desabou, próximo a onde ele estava.
“Caiu do meu lado. Aí começou aquela poeira, todo mundo começou a correr. Corri como um louco.”
Pessoas correram pelas ruas de Nova York após ataques
Além dos mortos nos atentados, o 11 de Setembro faria centenas de milhares de outras vítimas.
Os esforços de ajuda e resgate em Nova York contaram com a participação de cerca de 80 mil pessoas, entre bombeiros, policiais, profissionais de saúde e outros.
Todos eles e outras milhares de pessoas presentes nas imediações foram atingidas pela fumaça tóxica gerada pelos atentados — particularmente pelo desabamento das duas torres gêmeas do WTC.
Os ataques e as horas seguintes expuseram os presentes a diversos materiais tóxicos e até mesmo cancerígenos, como chumbo e amianto.
Anos depois, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estimou que cerca de 400 mil pessoas haviam sido feridas ou expostas a materiais tóxicos no 11 de Setembro.
Até o final de 2018, mais de 2 mil pessoas morreram de doenças associadas à exposição a materiais perigosos naquele dia, particularmente de câncer.
Até 2019, 241 integrantes do departamento de polícia de Nova York, o NYPD, haviam morrido de doenças relacionadas a seu trabalho durante o 11 de Setembro.
O número é dez vezes maior do que o total de policiais da cidade mortos naquele dia, quando 23 perderam suas vidas.
Fora dos locais atingidos pelos atentados, o restante do dia 11 de setembro de 2001 foi marcado também pelo caos no transporte aéreo americano.
Cinco minutos depois do ataque ao Pentágono, às 09h42, a FAA (Federal Aviation Administration, agência de aviação federal do país) ordenou que todos os aviões comerciais nos Estados Unidos aterrissassem imediatamente, na pista mais próxima — medida também adotada pelo Canadá. Mais de 4 mil aeronaves aterrissaram.
Os voos comerciais permaneceram suspensos no país por três dias. Os ataques também praticamente paralisaram a vida dos americanos, com monumentos, atrações turísticas e sistemas de transportes fechados, e o país em alerta máximo.
Quando os voos foram retomados, a preocupação com a segurança foi extrema e acabou provocando a introdução de normas extras de segurança que até então não existiam e muitas estão mantidas até hoje, em aeroportos do mundo todo.
Entre elas, estão a proibição de entrada com líquidos na bagagem de mão — podem conter algum tipo de explosivo — e a necessidade de passageiros separarem objetos pessoais, como cintos e sapatos, na passagem por equipamentos de raio-X no aeroporto, antes do embarque.
Investigações
As investigações sobre os atentados começaram imediatamente. Uma mala pertencente ao egípcio Mohamed Atta que havia ficado no aeroporto de Boston continha dados do egípcio e de seus companheiros e serviu de ponto de partida na identificação dos autores.
O FBI (Federal Bureau of Investigation, a Polícia Federal americana) rapidamente apontou 19 sequestradores, que estavam distribuídos em grupos de cinco em cada avião, com exceção do voo 93, tomado por quatro militantes.
Atta, identificado como o líder operacional dos atentados, pilotou o primeiro Boeing a atingir o World Trade Center.
Dos outros 18 sequestradores, 15 eram sauditas, dois eram dos Emirados Árabes Unidos, e um do Líbano.
As informações sobre os envolvidos obtidas pela polícia americana mostraram também quem, além dos 19 sequestradores, era o grande responsável pelos ataques.
As autoridades apontaram como idealizador da operação o saudita Osama bin Laden, líder do grupo islamista Al-Qaeda.
Na época baseado no Afeganistão, sob a proteção do então regime do Talebã, Bin Laden já era o mais perigoso e conhecido militante islamista do mundo.
Ele estava na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI como responsável pelos atentados a bomba contra as embaixadas americanas em Nairóbi (Quênia) e Dar es Salaam (Tanzânia), em 1998, que deixaram mais de 200 mortos.
O saudita Osama bin Laden foi apontado como principai suspeito de ordenar os ataques
Antes mesmo dos atentados de 1998 na África, Bin Laden já havia publicamente defendido ataques contra alvos americanos. Em duas fatwas — mensagem proferida por alguma liderança religiosa pedindo que os muçulmanos sigam seu conteúdo —, o saudita havia conclamado fiéis a participar de seu movimento contra a maior potência mundial.
Em reportagem em 23 de agosto de 2016, a revista The Atlantic lembrou que, exatamente 20 anos antes, Bin Laden havia publicado sua primeira fatwa e que a data mostrava que a guerra entre Al-Qaeda e os Estados Unidos já durava duas décadas.
A fatwa, disse a revista, foi produzida meses depois de o saudita se instalar no Afeganistão, após a capital do país ter sido tomada pelo movimento islamista Talebã.
“Foi a primeira convocação pública de Bin Laden por uma ‘jihad’ global contra os Estados Unidos”, escreveu a The Atlantic.
Como lembrou a revista, no documento de 30 páginas, intitulado Declaração de Guerra Contra os Americanos Ocupando a Terra dos Dois Lugares Sagrados, Bin Laden escreveu: “O povo do Islã sofreu com a agressão, a iniquidade e a injustiça impostas sobre eles pela aliança judaico-cristã e seus colaboradores”.
O principal motivo apresentado por Bin Laden para sua revolta era a presença de tropas americanas na Arábia Saudita, onde estão as cidades de Meca e Medina, sagradas para os muçulmanos.
Tal presença começou em 1990, quando os sauditas permitiram a entrada dos americanos para lançar a guerra que expulsou as forças iraquianas de Saddam Hussein do Kuwait, e continuava em 1996.
Dois anos depois, em fevereiro de 1998, Osama bin Laden publicou uma nova fatwa, desta vez assinada em conjunto com outros quatro líderes associados à Al-Qaeda — entre eles Ayman al-Zawahiri, o egípcio que no futuro substituiria Bin Laden no comando da organização.
O documento, Declaração da Frente Mundial Islâmica por uma Jihad contra os Judeus e os Cruzados, reforçou o chamado por uma guerra global contra os Estados Unidos e seus aliados, visando alvos tanto militares como civis.
Ambos documentos foram publicados pelo jornal Al-Quds Al-Arabi, baseado em Londres, e enviados por fax para muçulmanos ao redor do mundo.
Os atentados de setembro de 2001 foram uma continuação da guerra conclamada por Bin Laden e a Al-Qaeda nos anos 1990, iniciada com os atentados no Quênia e na Tanzânia.
Foram também uma forma de atingir os Estados Unidos diretamente e em alvos estratégicos, tanto no campo econômico como político.
As torres gêmeas do World Trade Center simbolizavam a força do capitalismo americano, enquanto o Pentágono e o Capitólio representam, respectivamente, o poder militar e o poder político da maior potência do planeta.
Ao comentar os ataques de 11 de setembro, em sua Carta para a América, de novembro de 2002, Osama bin Laden voltou a acusar “as agressões cometidas contra muçulmanos em diversos países pela cruzada da aliança sionista e de seus colaboradores”.
O líder da Al-Qaeda incluía ainda as “atrocidades cometidas pela Rússia na Chechênia, a presença de tropas americanas na Arábia Saudita e o apoio dado pelos Estados Unidos a Israel” entre os motivos que o levaram a executar os atendados.
Impacto imediato
Nos dias que se seguiram aos ataques, por todo o mundo ficou a sensação de que o 11 de Setembro era um acontecimento com potencial de mudar o mundo.
Algumas mudanças foram práticas e quase imediatas. Outras, ainda imprevisíveis, apontavam para uma grande mudança no papel dos Estados Unidos como grande potência — uns dizendo que seu poder iria aumentar, outros acreditando que poderia diminuir.
A popularidade do presidente George W. Bush aumentou depois dos atentados
Politicamente, o então presidente americano, o republicano George W. Bush, viu seu índice de aprovação interna atingir 90%, com praticamente todo o país oferecendo seu apoio a futuras medidas de reação aos atentados.
Com isso, Bush conseguiu reunir com facilidade apoio político para as duas guerras que marcariam o seu governo: as invasões e ocupações do Afeganistão, ainda em 2001, e do Iraque, dois anos mais tarde.
O trauma sofrido pelos Estados Unidos no 11 de Setembro permitiu que esse apoio viesse inclusive dos políticos da oposição, representada pelo Partido Democrata.
As consequências na vida prática dos americanos envolveram especialmente o cuidado com a segurança e o impacto na privacidade do cidadão.
Pouco mais de um mês depois dos atentados, em 26 de outubro de 2001, o presidente Bush assinou o Patriot Act (Lei Patriótica), que facilitou operações de vigilância das autoridades, permitindo o monitoramento de comunicações via telefone e internet.
A nova lei também facilitou a troca de informações entre órgãos de segurança como o FBI e a CIA, após a identificação de falhas de comunicação que permitiram que os sequestradores concluíssem a realização dos atentados.
Outra significativa medida interna foi a criação, em novembro de 2002, do Department of Homeland Security (Departamento de Segurança Interna).
O novo departamento passou a reunir vários órgãos de áreas diversas, como segurança, transporte, agricultura e justiça.
Reações internacionais
A comunidade internacional também ofereceu apoio imediato ao governo americano.
Um dia depois dos ataques, em 12 de setembro, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou por unanimidade a resolução 1368.
Ela condenou os atentados do dia anterior, reafirmou o compromisso da comunidade internacional de combate ao terrorismo e confirmou o direito de defesa contra ataques dessa natureza, com base na lei internacional.
Para o restante do mundo, o mais importante acontecimento resultante do 11 de Setembro foi a invasão do Afeganistão, por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.
O conflito foi a ação mais visível do que o governo americano passou a chamar de “Guerra ao Terrorismo” — um estado de guerra contra grupos ou indivíduos, principalmente organizações islâmicas extremistas, por trás de ataques contra a população civil.
O misterioso Mulá Omar comandava o Talebã em 2001
O Afeganistão era governado pelo movimento islamista sunita Talebã, que havia tomado o poder na capital Cabul em 1996, e servia de base para Osama bin Laden e a Al-Qaeda.
Apesar disso, o Talebã, liderado pelo misterioso Mulá Omar, condenou oficialmente os atentados contra os Estados Unidos, numa declaração oficial divulgada em 12 de setembro de 2001.
O governo americano afirmava ter reunido evidências de que os atentados haviam sido planejados por Osama bin Laden e a Al-Qaeda.
Em 17 de setembro, George W. Bush disse em entrevista coletiva buscar a captura de Bin Laden. “Eu quero justiça. Existe um velho cartaz, no Oeste, que diz: ‘Procurado — Vivo ou Morto'”.
O presidente dos Estados Unidos então exigiu que o governo do Talebã entregasse Osama bin Laden e os integrantes da Al-Qaeda no Afeganistão às autoridades americanas, fechasse todas as bases de treinamento do grupo e desse aos Estados Unidos acesso a esses campos para verificar que estavam mesmo inativos.
O Talebã alegou precisar cumprir leis locais e costumes da cultura pashto de hospitalidade, que proibiam a expulsão do país de um convidado das lideranças locais.
Assim, recusou-se a cumprir as exigências americanas. Essa posição levou à operação militar internacional iniciada em 7 de outubro de 2001 — e batizada pelos Estados Unidos de “Operação Liberdade Duradoura”.
A coalizão, liderada pelos americanos, contou desde o início com a participação do Reino Unido e acabou reunindo mais de 20 países em combates no Afeganistão.
A maioria dos países era integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança ocidental que esteve diretamente envolvida na operação.
Também participou da guerra contra o Talebã a Aliança do Norte, um grupo afegão que já combatia o regime islâmico antes do 11 de Setembro, ainda como parte da longa guerra civil afegã, a partir do norte do país.
A guerra, além de servir de retaliação contra os atentados e tentativa de prender Bin Laden e outros líderes da Al-Qaeda, foi popular no Ocidente por buscar o fim do regime do Talebã.
Conhecido por seu radicalismo islâmico sunita, adotando uma versão extremista do Alcorão, o regime ficou famoso por proibir meninas de ir à escola e forçar mulheres a cobrirem todo o corpo, cabeça e o rosto.
A intolerância histórica e religiosa do Talebã — que em 2001 destruiu duas enormes estátuas de Buda do século 6 na província de Bamyan, no Afeganistão — também prejudicou a imagem internacional do grupo.
Os EUA e seus aliados invadiram o Afeganistão em outubro de 2001
A derrubada do regime do Talebã em Cabul foi rápida. Em novembro de 2001, forças da Aliança do Norte e dos Estados Unidos tomaram a capital do Afeganistão.
Os líderes do Talebã fugiram para a região da cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão, ou cruzaram a fronteira com o Paquistão.
O objetivo simbólico mais importante da operação, a captura de Osama bin Laden, não foi imediatamente alcançado. Os Estados Unidos tampouco conseguiram capturar o líder do Talebã, Mohammed Omar, conhecido como Mulá Omar.
Apesar da mudança de poder em Cabul, a guerra contra o Talebã no Afeganistão estendeu-se por anos e só veio a terminar ao final de agosto de 2021 com a saída dos militares americanos e tropas estrangeiras do Afeganistão.
Rapidamente após a retirada que ficou marcada por cenas de caos em Cabul, o Talebã retomou o poder no país. Milhares de afegãos desesperados correram para o aeroporto e fronteiras em uma tentativa frenética de fugir.
A presença dos EUA no Afeganistão pode ser marcada por diferentes fases e contabilizada por um alto custo, tanto financeiro como em vidas humanas.
O custo financeiro, para os Estados Unidos, seus aliados e para a região, atingiu trilhões de dólares.
Até meados de 2021, mais de 3.500 soldados de países que formaram a coalizão contra o Taliban haviam sido mortos no conflito. Os Estados Unidos haviam perdido 2.353 combatentes, e o Reino Unido, 456.
Mais de 40 mil membros da força do governo afegão morreram.
Estimativas indicam que pelo menos 40 mil civis foram mortos na guerra no Afeganistão desde 2001, e cerca de 25 mil no Paquistão — o país vizinho foi diretamente afetado pela operação militar contra o Talebã.
Segundo a ONU, entre 2009 e 2019 cerca de 3 mil civis foram mortos por ano, em média.
No final de 2020, negociações de paz envolvendo o governo afegão, o Talebã e os Estados Unidos continuavam em meio a fortes combates na província de Helmand, no sul do país. Em abril de 2020, representantes do governo do então presidente Donald Trump assinaram em Doha, no Catar, um acordo com lideranças talebãs que previa a retirada das tropas americanas.
Morte de Bin Laden
Aos poucos, os Estados Unidos e seus aliados conseguiram capturar ou matar os principais acusados de planejar e comandar os atentados do 11 do Setembro. Com a ajuda do serviço de inteligência paquistanês, os americanos prenderam no Paquistão, em 2003, o paquistanês Khalid Sheikh Mohammed, acusado de ser o arquiteto dos ataques.
Khalid Sheikh Mohammed, acusado de ser o arquiteto dos atentados
Outros quatro acusados de ajudar os sequestradores na logística da operação — os iemenitas Walid bin Attash e Bamzi bin al-Shibh, o paquistanês Ammar al-Balushi e o saudita Mustafa al-Hawsawi — também foram presos no Paquistão, entre 2002 e 2003. Os cinco foram levados para a base americana de Guantánamo, na ilha de Cuba, onde o governo Bush montou uma prisão para acusados de terrorismo capturados ao redor do mundo.
O presídio foi motivo de grande polêmica, nos Estados Unidos e no exterior, por deixar seus detidos num limbo legal, sem o status de prisioneiros de guerra ou de criminosos comuns.
O presidente Barack Obama (2009-2016) chegou a anunciar um plano para fechar a prisão em Guantánamo, mas não encontrou um outro destino para mais de 40 prisioneiros.
No final de 2020, com o presídio ainda em operação, a previsão era de que os cinco acusados de envolvimento direto nos ataques do 11 de Setembro fossem julgados por um tribunal militar em 2021. Todos poderiam ser condenados à morte.
Em 2024, os julgamentos ainda não haviam ocorrido.
Osama bin Laden conseguiu frustrar as forças e os serviços de inteligência dos Estados Unidos e de seus aliados por muitos anos.
Apenas em maio de 2011, quatro meses antes do décimo aniversário do 11 de Setembro, o líder da al-Qaeda foi finalmente encontrado.
Bin Laden estava numa área de alto padrão na cidade de Abbottabad, no Paquistão, a 120 quilômetros da capital, Islamabad.
Ele se encontrava num prédio fortemente protegido, onde provavelmente havia vivido os cinco anos anteriores e que possivelmente fora construído especialmente para abrigá-lo. A casa ficava a cerca de um quilômetro de uma academia militar paquistanesa.
O chefe da Al-Qaeda, Osama bin Laden, foi morto em 2011
Forças especiais da Marinha dos Estados Unidos, conhecidas como SEALs, realizaram uma operação militar contra a instalação, depois de partir em helicópteros saídos do Afeganistão.
O ataque ocorreu pouco depois da 1h da manhã do dia 2 de maio, e Bin Laden foi morto no local. Ele tinha 54 anos. Seu corpo foi levado pelas forças americanas para identificação e, segundo autoridades dos Estados Unidos, lançado ao mar menos de 24 horas depois de sua morte — como manda a tradição muçulmana.
A morte de Osama bin Laden foi anunciada pelo presidente Barack Obama horas depois, às 23h30 do dia 1º, pelo horário de Washington.
Após a morte do líder da al-Qaeda, continuava desconhecido o paradeiro do chefe do Talebã na época do início da guerra no Afeganistão, o Mulá Omar.
Em julho de 2015, o governo afegão informou ter descoberto que Omar havia morrido em 2013, após enfrentar problemas de saúde — segundo relatos, ele teria morrido de tuberculose. O Talebã confirmou que havia mantido a morte de Omar em segredo por dois anos.
Novo World Trade Center
A área onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center, na ilha de Manhattan, em Nova York, chamada desde o 11 de Setembro de “Ground Zero” (Marco Zero), passou por um complexo trabalho de limpeza e retirada de escombros ao longo de 2001.
Logo começaram conversas sobre como recuperar a área e que tipo de construção deveria ser erguida no local. Ficou decidido que uma única torre substituiria as antigas torres gêmeas no horizonte da cidade, e o projeto final ficou a cargo do arquiteto David Childs.
One World Trade Center é o edifício mais alto dos EUA
Depois do lançamento da pedra fundamental em 2004, a construção foi iniciada em 2006.
O novo prédio, chamado oficialmente de One World Trade Center, mas apelidado de “Torre da Liberdade”, foi concluído em 2013, a um custo de quase US$ 4 bilhões.
Marcado por seu formato geométrico, em que as laterais são formadas por oito triângulos isósceles — quatro com suas bases no solo e outros quatro com as bases no topo —, o edifício é o mais alto dos Estados Unidos e de todo o hemisfério ocidental, com 541 metros de altura.
A torre começou a ser utilizada comercialmente em 2014, e a abertura do seu topo para visitação pública ocorreu em 2015.
Um memorial em homenagem às vítimas dos atentados e um museu também ocupam o local.
Com o novo One World Trade Center, Nova York e os Estados Unidos viraram a página de um dos mais trágicos acontecimentos de sua história, sem esquecer das milhares de vítimas e das enormes transformações causadas pelo 11 de Setembro.
Este artigo é parte da série “21 Histórias que Marcaram o Século 21”, da BBC News Brasil. A reportagem foi originalmente publicado em 10 de setembro de 2021 e republicada em 16 de setembro de 2024.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Festa da aviação reúne 60 mil na Base Aérea de Brasília
A edição deste ano do tradicional evento “Portões Abertos” da Base Aérea de Brasília (BABR) atraiu 60 mil pessoas entre adultos e crianças apaixonados por aviação. O público pode conferir de perto as aeronaves utilizadas no Brasil nas missões da Força Aérea Brasileira (FAB), assistir a esquadrilha da fumaça e apresentação musical.
Nos hangares da base, 60 aeronaves civis e militares chamaram atenção do público que passava pelo local. Houve, ainda, programação infantil, exposição de viaturas militares, venda de souvenirs e apresentação da Orquestra Sinfônica da FAB e dos Cães de Guerra. Segundo o coronel aviador Miguel Ângelo, comandante da BABR, o evento visa aproximar a sociedade brasiliense da estrutura da base e dos equipamentos empenhados nas missões. “É um dia bonito, com uma festa bacana, que os brasilienses fazem questão, todos os anos, de participar.”
” aria-label=”Botão para direita” style=”color: black;”>
As atrações mais apreciadas foram a esquadrilha da fumaça e o KC-390 Millennium, maior cargueiro multimissão da FAB. A aeronave foi aberta para visitação interna. Quem foi pela manhã acessou, inclusive, a cabine de comando. Desde 2019, o KC-390 atua em grandes missões. O capitão Maia, que pilota a aeronave desde 2021, listou alguns dos grandes feitos do Millennium. “Ele apoiou a retirada de infectados pela covid-19 na China; no transporte de oxigênio para Manaus; atuou na repatriação de brasileiros que estavam na Ucrânia e na Rússia, durante o conflito iniciado em 2022. Também voou na missão do Rio Grande do Sul, durante as enchentes que ocorreram no início deste ano, e, atualmente, atua no combate aos incêndios no Pantanal”, detalha.
O Correio esteve na aeronave e conferiu de perto o brilho nos olhos daqueles que a visitavam. Nem mesmo o calor de 32°C foi capaz de desanimar quem enfrentava a fila quilométrica para entrar no avião. Rafael Cardoso, 27 anos, fez questão de levar o filho, Davi Cardoso, 4, para se divertir. Eles saíram de Planaltina, de ônibus, para prestigiar o evento. “Eu soube da visita no ano passado, mas infelizmente não consegui trazer o Davi. Conseguimos vir este ano e ele está encantado, ele é apaixonado por aviação. Agora estamos ansiosos para ver a esquadrilha da fumaça”, disse. A animação de Davi, que explorava cada canto da aeronave, era resultado da felicidade que o pequeno estava sentindo.
Outras instituições também participaram do evento. O Departamento de Trânsito do DF (Dentran-DF) promoveu ações educativas para as crianças por meio de um teatro infantil. “Nós montamos um hangar inteiramente dedicado às crianças, com brinquedoteca e alimentação. O Detran sempre participa e hoje (ontem), por meio do teatro, ensina regras de trânsito e traz conhecimento para além da aviação”, explicou o comandante Ângelo.
Moradora de Samambaia, Laís Cristina Campos, 30 anos, e seu marido Thiago Costa, 31, levaram os filhos, Gael, 1, e Júlia Vitória, 10 meses, para curtir a programação. Para ela, o passeio é importante porque aproxima a sociedade de um trabalho relevante que acontece diariamente. “As crianças amam porque podem ver de muito perto”, disse, enquanto esperava na fila para tirar foto na réplica em tamanho real do caça F-39 Gripen. Agora, os pais declararam que o passeio em família virou tradição.
Para Isadora Ketlyn Moreira, 15 anos, o passeio foi ainda mais especial. Ela, que mora em Planaltina e estuda em um colégio militar com a irmã mais velha, Yasmin Daiany Moreira, 16, sonha em integrar a FAB. A mãe delas, Vanessa Moreira, 37, contou que viram o anúncio do evento e imediatamente se programaram para a visita. “Eu acho muito importante porque as duas estudam em escola militar e são apaixonadas. Com o passeio, elas podem aprender de perto.” Isadora disse que, dentro do KC-390, ficou emocionada. “Quero ficar aqui, se eu pudesse iria com eles”, brincou a adolescente.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Receba notícias no WhatsApp
Receba notícias no Telegram
Sucata no RiR: principal matéria-prima do Palco Mundo vem da reciclagem de geladeiras e carros
Os artistas não brincam quando falam que pretendem “agitar” e “balançar as estruturas” nos festivais de música. Para que a intenção fique apenas no sentido figurado, a produção e a fiscalização desses eventos costumam ser rigorosos com os materiais utilizados. E um deles, em particular, surpreende: o aço usado no Rock in Rio.
Pedro Torres, diretor global de comunicação e relações institucionais da Gerdau, afirma que as 200 toneladas de aço que irão sustentar o palco prinicpal do festival são produzidos a partir de reciclagem de sucata metálica. O reaproveitamento, aliás, está em todo o processo, já que o volume é o mesmo que deu vida ao Palco Mundo do RiR de 2022.
O executivo garante que, como o aço é um material “100%” e “infinitamente” reciclável, não perde qualidade ou características, independentemente de quantas vezes passe pelo processo de reciclagem.
“Mais de 70% do aço produzido nas unidades da companhia é derivado de sucata, e cada tonelada produzida dessa forma contribui para a redução de 1,5 tonelada de emissões de gases de efeito estufa”, detalha.
O aço reciclado é proveniente de uma variedade de produtos, entre os quais se destacam geladeiras, fogões, carros e caminhões, entre outros. Para que essa transformação ocorra, a sucata é derretida em fornos nas unidades da empresa e transformada em produtos de aço. São essas 200 toneladas de aço que fazem parte da cenografia do Palco Mundo.
O processo de reciclagem continua
A reciclagem do aço não para no Palco Mundo. Os 86 módulos, de 550 kg cada, que compõem a estrutura podem ser transformados em novos produtos depois do festival. Além do uso em grandes obras, o aço do Palco Mundo vira sucata e, após um novo tratamento de reclicagem, é reinserido no processo produtivo como vergalhões, pregos, treliças, arames, barras e bobinas.
“Essses itens são utilizados em indústrias de diversos setores, como construção civil e infraestrutura, eletrodomésticos, aviação, energia solar e eólica, semicondutores, entre outros”, lista Pedro Torres.
Segundo o executivo, a reciclagem da sucata metálica carrega uma série de vantagens para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. A principal delas é a redução de 1,5 tonelada de emissões de gases de efeito estufa por tonelada de aço. Torres cita dados da World Steel Association (Worldsteel), conforme os quais a média global do setor é de quase 2 toneladas de carbono por tonelada de aço.
Além do impacto ambiental, Torres acrescenta que a adoção da economia circular, em que há transformação e reaproveitamento de materiais já utilizados, beneficia 1 milhão de pessoas no Brasil por meio da geração de renda e empregos.
Rock in Rio
A edição de 2024 marca os 40 anos do Rock in Rio, e será realizada nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro. Serão mais de 500 horas de música nos diferentes palcos, entre eles Palco Mundo, Palco Sunset, Espaço Favela e Global Village.
Uma das novidades da edição é a opção de comprar bebidas e comidas de forma antecipada via aplicativo oficial do evento, disponível nos sistemas operacionais iOS e Android. Os fãs também poderão alugar um armário para deixar os seus pertences durante o show.