Dono foragido, clientes fiéis e Interpol: proprietário de agência de viagens teria planejado golpes para fugir, diz delegado

A Polícia Civil de Santa Catariana está em busca de Sidnei Gervasi, dono de uma agência de viagens e suspeito de praticar uma série de golpes em clientes em Itapema, no ano passado. De acordo com o delegado responsável pela investigação, Ícaro Malvasi, em conversa com O GLOBO, o estelionatário teria planejado roubar o dinheiro dos consumidores, para que pudesse fugir do país.

Ao menos 23 pessoas, que realizaram a denúncia na polícia, foram vítimas de diversos golpes aplicados pela agência de turismo. A Justiça emitiu nesta semana um mandado de prisão preventiva contra o homem, que é considerado foragido. Um pedido de bloqueio das contas física e jurídica de Gervasi também foi deferido.

— Descobrimos que ele fugiu para os Estados Unidos pelo aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Emiti um pedido para que Gervasi seja incluído na lista de procurados pela Interpol. Aguardo liberação para poder comunicar a Polícia Federal e permitir que o FBI nos ajude nas buscas — afirmou o delegado ao GLOBO.

Segundo as investigações, o homem era responsável por aplicar uma variedade de golpes, envolvendo cruzeiros, passagens aéreas e até câmbio ilegal. Em muitos dos casos relatas à polícia, às vésperas de embarcar, os clientes descobriam que os bilhetes da viagem, fossem eles de avião ou navio, haviam sido cancelados. Foi constatado que ele também vendia dólares sem autorização do Banco Central e, em alguns casos, vítimas relataram não ter recebido o dinheiro prometido.

Sidnei apesentava os tickets reais aos clientes, no entanto, com base no Código de Defesa do Consumidor, ele fazia o cancelamento através do direito de arrependimento da compra e ficava com o dinheiro dos consumidores. A Polícia Civil acredita que o número de vítimas possa chegar a 50.

— Muitas pessoas que vieram à delegacia para comunicar o crime conheciam outras que passaram pela mesma situação, mas preferiram não registrar o Boletim de Ocorrência. Por isso, estipulamos que o número de prejudicados seja bem maior — explicou Malvasi.

Ainda segundo a polícia, os prejuízos são estimados em R$ 300 mil. As vítimas compraram pacotes para Dubai, Orlando, Miami, Europa, Nova York, México, entre outros países. Em um dos casos, o cliente comprou um passeio de cruzeiro e chegou a receber um voucher, porém pouco antes da viagem descobriu que a reserva não tinha sido concluída. Houve ainda quem comprou passagens para as paradisíacas Ilhas Maldivas e às vésperas do voo soube que os assentos não tinham sido comprados.

Com 10 anos no mercado de turismo, o empresário passava credibilidade e começou a aplicar os golpes em abril do ano passado, quando a empresa começou a quebrar. Segundo as investigações, após aplicar diversos golpes, Gervasi fechou a agência de turismo sem prévia comunicação e fugiu. De acordo com o delegado, a empresa teria começado a falir durante a pandemia e, diante de um cenário ruim no último, ele teria começado a aplicar os golpes, já planejando fugir do Brasil com o dinheiro roubado.

— Ele não tinha histórico de crimes e já estava atuando há muito tempo. Inclusive, muitas das vítimas eram clientes antigos da agência, que já haviam viajado por meio da empresa. As vendas falsas foram fechadas por Whatsapp, esse era o nível de confiança que os consumidores tinham nele. Vendo a empresa mal, ele resolveu enganar e montar um plano para fugir — relatou o delegado.


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